Desde os primórdios eu já sabia, que no meu sangue só havia concentrações de você.
Nunca imaginei que um dia pudesse falar e pensar isso, muito menos de um jeito tão alto assim, mas hoje eu sei que não era simplesmente sentir o Bruno no meu sangue, navegando nas minhas veias, formando as células do meu corpo mais concentradas e combatentes, não era ilusão ou querer, o tempo todo era um laço sanguíneo, gritando no meu corpo que é você, você é o meu meio-irmão, a minha maior ligação, e sempre foi você.
- O que houve? - digo, ao abrir os olhos devagarmente, estranhando tudo ao meu redor.
- Só um susto, já vai passar. - a minha mãe diz. A reconheço pela a voz, diante que a minha visão está embaraçosa. Me sinto fraco.
- Isso é um hospital? - pergunto.
- Sim filho. Mas a mamãe está aqui, e não vai sair do seu lado. - ela diz, e eu volto a dormir, mediante a sentir-me fraco.
Bruno
- Eu ainda não acredito que eu e o Lucas somos irmãos. Como puderam fazer isso? - eu me revolto com os meus pais.
- Amor é o nome. Por amor. - o meu pai rebate, e simbolicamente qualquer argumento meu ali cai por terra.
- Acha que um líquido irá criar grades ou muros entre vocês? - o meu pai segue refutando.
- Isso não foi problema para eu e a sua mãe, nem para os pais do Lucas. Só engrandeceu as nossas relações. - ele faz uma pausa. - Se o fato de um laço de sangue e um sêmen doado separarem os dois, é sinal que o que sentem um pelo o outro não é tão real assim, nem forte. Relações exigem sacrifícios, e nem diria que a questão de vocês serem irmãos de sangue seja um deles. - ele complementa, ao estarmos em casa, esperando notícias do Lucas, na manhã seguinte.
- Desde criança eu soube que a cor do amor era vermelho, a mesma cor do sangue. Mas para mim tem cor de dor, de sofrimento, de machucados, de areia asfaltada e destruição. - digo, saindo para o meu quarto.
Jogo o meu corpo sobre a cama, e na minha mente se restringe a compilados de momentos meus com o Lucas, um seguinte do outro, intercalando na intensidade.
Queria alguém para desabafar agora, porém daí eu me lembro, que a pessoa com quem eu desabafo só pode ser o Lucas.
- Só pode ser você. - eu repito a mim mesmo tentando pegar no sono, em um travesseiro imaginário eu me encolho, um travesseiro feito de maciez e linhas de você. Acabo conseguindo pegar no sono, depois de uma noite virada.
Não me lembro de ter penetrado o Carter, nem de ter o beijado, realmente quando estou sob o efeito de álcool, ele leva boa parte da minha memória conforme eu o consumo, e quando retorno a lucidez, em nenhuma das vezes volta tudo. Entretanto, queria muito lembrar o que aconteceu na noite em que transei com a Vivian a segunda e última vez. Eu estava muito chateado, pois naquele mesmo dia o Lucas começou a namorar o Carter, e eu não estava suportando mais saber daquilo, e nem me suportando.
2 semanas depois..
- Precisa de ajuda? - a minha mãe pergunta, na saída do hospital.
- Não mãe. Eu já estou de volta a vida. - respondo, sublime.
Depois de duas semanas trancado em um hospital, medicado, fico pensando em como as minhas amigas estão, e o Bruno. Inevitavelmente ele.
O carro para em casa, no gramado, próximo a porta. E ao descer do carro, olho para o lado, e vejo o objeto de minha inteira afeição e ficção, o Bruno caminhando em minha direção, com algo nas mãos.
- Bem-vindo de volta. - ele diz, em sua voz incomparável, de arcos musicais de anjos.
- É bom estar de volta. - respondo, não cansando de olhar para ele. O melhor tipo de exaustão, olha-lo. Porém nesse momento estou de folga, disposto e enérgico, e muito menos agora irei chegar a algum nível de cansaço para desviar e cansar de olhar para ele.
- Pra você. - ele estica uma rosa branca, com bordas cor de águas transparentes e potáveis. Ele sabe que é o clichê que eu sempre quis, ganhar uma rosa. Entretanto, não esperava algum dia de ela ser branca.
- Uma rosa? - delicadamente questiono. - Esqueceu de tirar os espinhos. - digo, ao observar, e pegar a flor.
- Eu pedi para não tirar os espinhos. - ele firmemente diz.
- Por que seria? - eu o olho com seriedade, abrindo mais os olhos.
- Pra a gente tirar juntos. E também pra não deixar esquecer uma coisa, de como é fácil se machucar. Envolta dela tem muita paz, e acredito que te remeta até a algo a mais. - ele diz algo que me soa familiar, no sentido de cuidado e no de algo a mais.
- E de como nos machucamos, desde o início desse ano. Apesar de o nosso flerte ter começado de branco. - ele complementa, reticente, se referindo também ao dia do aniversário dele, em que eu o dei uma cueca branca Calvin Klein de presente junto a mais duas, e ele vestiu a branca na minha frente. Irreversívelmente esquecível.
- Eu agradeço muito a rosa Bruno, mas no momento eu desejo ficar um tempo sozinho, longe das rosas, e longe do amor. Quero um pouco de paz. A cor que essa rosa transmite. - digo, devolvendo ela.
Independentemente disso, não me retenho em o abraça-lo.
- Eu te prometo recebê-la de volta, assim que eu puder. - o tranquilizo, deitado em sua clavícula, olhando para o céu e vento aconchegante do outono.
- Eu sinto falta de como a gente era antes de se machucar. - revelo, ao abraça-lo.
- Eu sinto falta de você. - o Bruno espalha a mão sobre as minhas costas, fazendo um movimento de círculo, massageando, e pressionando no final, espalhando calor.
- Eu te vejo na aula amanhã, ou hoje a noite? - ele pergunta.
- É bem provável. - respondo, enxergando o tio Ben e a tia Carla acenando com a mão, vindo até mim.
Eu rompi o contato com o tio Ben desde que soube que ele não é unicamente isso, que ele também é meu pai, que possuo dois pais, inimaginavelmente.
Eles chegam de modo a se estivessem vendo a pessoa preferida deles no mundo, passeando por um jardim florido, e um campo de flores em um entardecer daqueles de tirar o fôlego e traz oxigênio.
- O nosso menino está de volta. - a tia Carla diz, comemorando, ao me abraçar.
- É, eu tô. - digo, igualmente contente.
- Tio Ben.. - digo e me calo, ao me aproximar do tio Ben, e ele finalmente me pôr nos braços. O abraço dele é o melhor entre os melhores.
- Eu sempre te amei tanto, nos cantos mais inacessíveis e profundos do meu emocional eu sabia que você era mais que um simples, porém, o melhor tio que alguém poderia ter. - o confesso, tirando um penhasco de cima dos batimentos do meu coração e da minha respiração, desfazendo um nó que existia dentro de mim, de uma corda que parecia não arrebentar e soltar, e um nó, que não existia indícios de desfazê-lo.
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O meu melhor amigo hétero
FanficLucas e Bruno fazem parte de uma família singular, cresceram juntos e desde então não se separam por nada. Bruno sempre foi o seu protetor desde seu diagnóstico com ansiedade, dessa forma, gerando um sentimento maior a ele. O tempo passa, a adolescê...