Capítulo 11

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    "Basta você me olhar, que eu me perco inteiro."

      Depois da nossa discussão, passei a evitar o Bruno.
Com olhares mal encarados, encontros não esperados pela escola, e por toda parte.
      Cada canto tinha uma parte dele, ou melhor dizendo, em cada passagem de tempo, era formada por ele, mesmo estando com outra.
      Sim Bruno, os seus olhares desolados acabam comigo, evitar você me faz o mesmo, e esse martírio todo não vou aguentar por muito tempo.
Se passaram uns dias, e Carter e eu começamos a ficar, até que ele me pediu em namoro, e ele é gentil demais pra eu ter falado não, então aceitei, cansei de ficar sozinho, queria ser de alguém, e começamos a namorar.
        No primeiro dia que chegamos de mãos dadas a escola, me deparei com o Bruno, me olhando visivelmente surpreso, e com uma dose de angústia também, era o que a sua face falava, e me senti mal, baixei a cabeça e continuamos a caminhar, embora ele estivesse acompanhado também, fato esse que já não me machuca mais como antes, mesmo não deixando de doer.
       Quando chegamos a sala de aula, disse ao Carter, pensativo:

   Respiro.
-Eu vou ao banheiro. -disse, na necessidade de ficar sozinho.

-Beleza. -ele responde, e o abraço.

      Quando vou ao banheiro e saio do sanitário, ao lavar as mãos, me encontro com o Bruno de novo, e ao inclinar o meu rosto pra o lado, a água jorra sobre mim, devido ter me distraído, me molhando toda a camisa, e o rosto também, com a surpresa, não o tinha encarado desde a briga, e isso iria acontecer agora, inevitavelmente.

   -Merda! -digo, desligando a torneira e sacudindo as mãos.
   -Você quer ajuda? - Bruno fala e rapidamente se aproxima, já arrancando um monte de papel toalha  da parede e começa a me secar, e o olho vibramente enquanto me seca, até que chega ao meu rosto, e nesse instante, enquanto passa o papel, o olho, e Bruno paralisa, vagarizando o movimento.

  -Aqui também tá molhado. -Bruno diz, secando perto da boca.

   E toco na mão dele, agarrando o punho.

   -Você tá namorando aquele cara? -ele pergunta, em um tom introvertido.

   -Tem uns dias só. -eu respondo, olhando pra ele.

E ele termina de secar o meu rosto.

   -Ainda tá com raiva de mim?

   -Não mais Bruno, você faz o que quiser. -eu respondo, desviando o olhar, olhando para baixo.

E percebo que Bruno só secou a camisa por cima, e por dentro ainda está molhado.

E me viro, para pegar mais papel.

E enquanto pego, sinto um calor perpetuando, uma temperatura surgindo, evaporando, sendo trazido como um vento arrepiante, por trás do meu corpo, tomando forma, me possuindo, uma presença, e chega a me encostar.

E é quando me viro.

   -Bruno? -digo, e o olho.

E ele encosta a sua testa a minha.

   -Não quero continuar brigado com você. -e pega nas minhas mãos.

   -Eu também não. -respondo.

   -Mas me machucou demais te ver com aquela garota, e eu preciso de um tempo.

   -Mas ficar longe de você é ruim Lucas, não quero mais passar por isso. Não tem ninguém pra mim igual a você, e não quero que tenha.

   -E acredito que somos só amigos né? -ele pergunta.

   -Bruno, você sente atração por garotos? -eu finalmente e inacreditavelmente pergunto, esperando desde a nossa essência as nossas vidas, por essa simples e mais cruciante pergunta.

Assim sendo, ele responde:

    -Eu não sei te dizer isso. -em tom devagar e calmo.

Levanto a camisa para me secar, e começo a passar o papel na barriga.

E Bruno pergunta:

    -Você criou uns gominhos né? Não tinha percebido isso. -o Bruno fala, me admirando genuinamente, com os seus olhos destruidores.

Por conseguinte, coloca a sua mão sobre a minha. Paraliso. E pergunta olhando fixamente pra mim:

    -Posso?

E respondo, o olhando de volta:

    -Pode. -e cada letra que eu falo sinto uma pontada de prazer em cada terminação, correndo o risco de alguém chegar no banheiro, o que não  é nada difícil, e provavelmente com a aula já tendo começado.

E ele pega um pouco de papel e começa a deslizar sobre a minha barriga, e o improvável acontece (pois não queria), começo a ter ereção, e Bruno percebe isso.

Abaixo a camisa.

    -Você fica assim fácil? -o Bruno pergunta, sendo direto, assertivo e pontual.

E o meu olhar fica perdido.

    -Às vezes. -eu respondo, com um pouco de vergonha.

Quando termino de falar isso, o Bruno vai se aproximando de mim, ao olhar pra ele e encostado a parede, quando vejo Bruno está a uma linha de ficar grudado ao meu corpo, e é aí que ele aproxima o rosto dele ao meu e fala, me olhando cativamente, em seus lábios estimulantes e perturbadores:

    -Eu gosto de você Lucas, e não só como irmão e melhor amigo.

Com os seus olhos se movimentando em cada palavra dita, dos seus lábios pulsantes.

O meu melhor amigo héteroOnde histórias criam vida. Descubra agora