Capítulo 25

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- O carro atingiu o Lucas, corre! - a Brenda diz, quando me vêem desacordado, no chão imerso de uma poça d'água, e sangue.

- Liga para uma ambulância, agora! - ela diz, ao pôr a minha cabeça deitada nas pernas dela.

- Lucas? O que houve com ele? - o Bruno chega, me vendo no chão inconsciente e sangrando.

- Sai daqui Bruno, você só faz mal a ele. Você é destrutivo. - a Carine se excede, perdendo a paciência, ligando para a ambulância.

- Lucas.. acorda, por favor.. - ouço ele dizer, chorando, deitando sua cabeça em meu peito, e vejo tudo ao redor turvo.

- Meu Deus, ele tá sangrando. - o Bruno diz, ao ver a própria mão suja de sangue.

- Socorrooo.. - é a última coisa aue ouço, vindo da voz do Bruno.

A ambulância chega, e me levam ainda inconsciente outra vez, para o hospital.

....

- Que demora infernal.. - a Cah murmura, na sala de espera.

- O que aconteceu com o Lucas? Me falem. - a mãe do Lucas chega ao hospital, inquieta e apreensiva, ainda sem saber o que aconteceu de fato, e como o Lucas está, assim como nós.

- Ele foi surpreendido por um carro, mas não se preocupe, não houve atropelamento. O carro freiou quando chegou perto, e felizmente só o fez deslizar sobre o chão. - a Brenda tranquiliza a minha mãe.

- O que aconteceu? Viemos assim que o Bruno ligou. - o tio Ben chega ao hospital, ofegante, junto a mãe do Bruno.

- Alice, vem aqui. - a mãe do Bruno abre os braços, ao ver a minha mãe, desconsolada.

O Bruno se mantém em um dos assentos, evidentemente em agonia, refletindo em seu corpo, que não para de se mexer.

- Filho, se acalme. - o pai do Bruno o abraça, se agaichando.

O Bruno está com um olhar cansado, traços emocionalmente desgastados.

O médico surge até eles, esperadamente.

Carine

- Já podemos ver o meu filho? Ele está bem? - a mãe do Lucas avança até o médico, clamando por saber.

- Se calmem, não constatamos traumas internos. Porém, ele teve algumas lesões pelo o corpo, e uma no tórax. - o médico diz, executando  uma pausa ao falar da última lesão.

- A lesão do tórax foi profunda, e houve um rompimento na pele, ocasionando uma fratura exposta. Ele precisa de uma doação de sangue, inexoravelmente. - ele termina de informar.

A mãe do Lucas entra em declínio, globalmente.

- No tórax? - ela repete, na tentativa de ter se enganado ao ouvir aquela região, contendo medo absoluto, rochas e concretos de medo, pânico.

- O meu filho possui transtorno de ansiedade desde os oito anos de idade, não pode ser na área torácica, se os pulmões dele se agitarem.. - e ela não consegue terminar, interrompida pelo o pai do Lucas, num abraço aquecedor.

- Eles não vão. - o pai do Lucas tenta a abrandar, calando-a com o corpo.

- Ele já está sob efeito de medicação, está sedado, e devidamente sendo cuidado, mas a transfusão de sangue precisa ser rápida. - ele alerta, num tom de voz profissional e complacente ao máximo.

- Eu dou, eu faço. - o Bruno diz, ao se levantar.

Eu e a Brenda só conseguimos chorar, e olhar a situação em volta.

- Nem que ele lúcido, não desejasse o meu sangue nesse pavor, mas me deixa ajudar agora, por favor.. - o Bruno implora.

- Qual o tipo de sangue do paciente? - o médico pergunta aos pais do Bruno.

- O negativo.. - a mãe do Bruno se desespera ao revelar, sabendo que esse tipo sanguíneo só pode receber do mesmo, exceto em situações como a dele agora, ao qual o tipo O positivo pode ser substituído.

Todos se entreolham agora, num silêncio atroz.

- Ninguém aqui possui esse tipo sanguíneo doutor. - o pai do Bruno se recosta no assento, perdido.

- Mas e o meu tipo sanguíneo? Eu e o Lucas somos irmãos, não é? Eu posso ter o mesmo que ele. - o Bruno intervém, apontando para a veia de seu braço.

- Eu não tenho filho, é provável que você não tenha também. - o pai do Bruno diz, sem esperanças.

- Não importa, as probabilidades não deixam de existir. E imagino que sejam altas, por sermos irmãos. - o Bruno diz, no movimento em que o médico o direciona, até uma sala, para um teste rápido, nos deixando os acompanha-los, olhando-os por o vidro da porta.

- O negativo! - o médico menciona um milagre.

- Realmente, ele tinha razão. Não é o mais adequado, entretanto, é o sangue substituível. Vamos para a sala de transfusão agora. - o doutor informa, levando o Bruno deitado em uma maca, habilmente, o arrastando pelo o corredor, em nosso campo de visão.

Bruno

Entro na sala, e vejo o Lucas machucado, desacordado, e com aparelhos por volta do seu corpo. Uma inegável cena dos piores filmes de terror da não-ficção, o que denominamos vida.

- Tirem todo o meu sangue se for preciso, mas salvem ele, salvem o Lucas, por favor. - eu me desespero e me sinto culpado, por tudo o que ocorreu antes disso.

- Só iremos retirar o suficiente e apropriado, agora deite-se. - o médico me põe de volta na maca, a três passos de distância do Lucas.

- Prontinho. - o médico me põe um curativo no local da veia. - Iremos levar você até a outra sala, para comer algo. - o doutor diz, ao terminar a transfusão.

- Eu não quero ir. - digo, repetidas vezes, aos gritos, insistente, a ordem da equipe médica me segurando. Por fim, tive que sair.

- O Lucas, ele não tá bem pai. O corpo dele está cheio de aparelhos, ele tá machucado, eu.. - desabafo com o meu pai, e me falta ar, pela a primeira vez na minha existência me falta ar, junto ao choro, e agora, somente agora, eu sinto o que o Lucas sempre sentiu por mim a vida inteira, a necessidade de respirar o ar que ele respira.

- Pai, eu não tô conseguindo respirar.. - digo, começando a tossir e passar mal, enfraquecendo, apagando ali.

P.S. Foi o capítulo mais difícil que escrevi até hoje.

O meu melhor amigo héteroOnde histórias criam vida. Descubra agora