Capítulo 11- parte 3

677 34 3
                                    

É quando nesse momento ao desabotoar a calça do Bruno, e abrir o zíper, mágoas vem à tona, e de um instante pra o outro, como de um dia ensolorado pra uma imensa tempestade, tudo começa a mudar, e paro o que estava fazendo.

-Lucas, algum problema?-Bruno pergunta, ao me ver estático e nebuloso.

-Sabe Bruno, até um tempo achei que você hetéro, e não me incomodava muito com isso, até gostar de você, não havia visto você beijar qualquer outra garota antes da Vivian, e quando vi, você nem pensou duas vezes antes de se atracar com aquela garota, em nenhum segundo da sua vida viu que os meus olhos só irradiavam brilho quando estava com você? Por tudo o que a gente viveu?

-Os nossos abraços, os carinhos, e até as carícias, o meu olhar, por que nunca conseguiu ver isso? Precisou quebrar o meu coração pra poder enxergar o óbvio?-eu desabafo, tomado pela raiva, enquanto visto a roupa.

-Mas Lucas, eu não tinha certeza do que sentia, será que pode se colocar no meu lugar um pouco?-ele pergunta, inteiramente possuído pela indignação e aparentemente magoado.

-Por ter quebrado o meu coração, ter te visto quase passando a mão pela bunda daquela cruela, enquanto seus amigos riam e me fizeram chorar?

-Não Bruno, eu não posso.

-Eu jamais quis te fazer arrancar uma lágrima, me perdoa por ter te feito passar por isso?

-Preciso de um tempo Bruno, eu tô com o Carter agora, e ele tem sido uma pessoa incrível.

-Claro né, vocês devem se pegar toda hora né?-Bruno supõe, com muito ódio.

-Não, desde que brigamos, mal o beijei.-eu respondo, com sinceridade.

-E você? Quantas vezes já beijou a Vivian? Trinta? Cinquenta? Já se divertiu muito com ela, ou melhor, já comeu ela?-eu solto, enquanto abro a porta do reservado e termino de vestir a roupa.

E vejo Bruno cair na hora, de tristeza.

-Eu não achei que pensasse dessa forma de mim.-ele responde, e desmorona, evidentemente, e é nesse ponto, que vejo que peguei pesado com ele, e ele arruma a calça, e veste a camisa raivosamente, e sai.

-Bruno, vem aqui?-eu peço, com a sensação de descontrole e agonia devastando e engolindo o meu ser por inteiro, quando noto a merda que disse, e toco no braço dele.

-Não, não Lucas, agora quem tá magoado sou eu, fica lá com aquele cara, é muito melhor do que eu pra você, sejam felizes!-ele expreme o meu coração lentamente ao dizer isso, me arregaça, saindo andando, e eu fico borbulhando de dor e choro pelo chão, com as mãos na cabeça, e sendo asfixiado com a densidade da dor, querendo e me sentindo estar morto.

Eu magoei o ar da minha vida, e se o Bruno não me perdoar, prefiro perder a respiração para sempre, pois o meu ar não vem dos meus pulmões, o meu ar vem de um ser, chamado Bruno Cover.

O meu melhor amigo héteroOnde histórias criam vida. Descubra agora