Capítulo 23

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Eu abro minha porta da frente após incessantes batidas ecoarem através da minha casa.

Rafaella está parada na minha frente, soltando fumaça. Ela me empurra ao passar por mim, deixando-me levemente atordoada e completamente entretida enquanto fecho a porta atrás de nós.

- Bem, boa noite para você também, açúcar - Eu provoco, inclinando-me com o ombro contra o batente da porta, observando minha garota caminhar de um lado a outro com os braços cruzados sobre o seu peito.

- Não me chame de açúcar - Ela diz através dos dentes cerrados com sua beleza feroz e furiosa.

É estranho como a raiva dela costumava me deixar fria apenas uma semana atrás, e agora, bem, agora ela simplesmente me faz querer pular em cima dela.

É meio que fofo quando você vê as ações dela pelo que elas são, uma garotinha erguendo paredes para proteger o seu coração já esmagado. Eu não sou uma poeta, acredite em mim. Eu certamente não estou tentando romantizar a natureza obviamente egoísta de Rafaella, mas as mulheres simplesmente sabem me enrolar de todas as maneiras.

Então, processe-me.

- Água? - Eu pergunto com as sobrancelhas levantadas, desesperadamente tentando levá-la a sério, mas falhando epicamente.

Suas intenções tornaram-se tão transparentes no último par de dias que está se tornando quase demasiadamente fácil amarrá-la com a minha pequena charada. Eu estou gostando demais disso, percebo com uma careta. Estou mais uma vez a subestimando-a. Erro enorme.

- Não, eu não quero água - Rafaella balança sua cabeça de forma decisiva e franze a testa para mim irritada - Eu quero saber quem você escolheu.

- Por que eu deveria dizer a você? - Eu pergunto com um encolher de ombros e me empurro da porta, passando por ela e caindo no meu sofá com um suspiro exasperado.

- Porque eu a ajudei a conseguir tudo isso, em primeiro lugar - Rafaella diz de forma incrédula enquanto se vira e segue as minhas ações.

Eu corro as duas mãos pelo meu cabelo e deixo a minha cabeça cair contra o encosto do sofá. Irrita-me imensamente quando ela mente na minha cara. Irrita-me porque eu estou fazendo exatamente a mesma coisa, e eu desprezo isso. Isso não é quem eu sou. Pode ser a maneira como ela lida com as suas merdas, mas mentir e ser enganosa não é quem eu sou.

Este jogo está constantemente me puxando para baixo e, por um breve momento, eu considero simplesmente derramar as cartas sobre essa porra macabra.

- O que você quer saber? - Eu pergunto com um suspiro pesado e abro meus olhos levemente para ver a expressão de surpresa de Rafaella.

- Tudo - Ela diz com um encolher de ombros e finalmente abaixa as mãos do seu peito.

- Tudo? - Eu pergunto com uma risada amarga - Você quer saber tudo, Rafa?

Eu me sento ereta e percebo o olhar em seu rosto se tornar cauteloso.

Ela acena.

Eu aceno.

- Por onde eu começo.. - Eu levo a minha mão ao meu queixo, fingindo uma profunda reflexão - Por que nós não começamos com toda essa farsa?

Seus ombros enrijecem enquanto ela afasta seus olhos dos meus e olha para todos os lugares, exceto para mim.

- Não é isso - Ela balança sua cabeça e vira seus olhos para mim de forma suplicante.

- Veja você - Eu digo com um aceno de cabeça - Este é exatamente o problema, não é? - Ela franze a testa para mim em confusão - Você entra aqui, exigindo todos os tipos de coisas de mim que você não tem o direito de pedir. Você insiste que eu a ajude com esta mentira desnecessária que você contou aos seus pais, ainda assim, você não está disposta a me explicar exatamente por que você mentiu para eles, em primeiro lugar. Você espera que eu confie nas suas intenções quando você nem sequer confia em si mesma para admitir o que você quer.

A Proposta (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora