Eu acordo com um sobressalto, agitando os braços, peito arfando e olhos turvos. Eu não tenho que olhar ao meu lado para saber que Gizelly não está mais lá. Eu posso dizer pela falta de calor pressionado contra mim.Nós dormimos como um pretzel contorcido, acordando durante a noite para se mexer e se esfregar, desenroscando e enroscando.
Por um breve momento, eu entro em pânico. E se ela me fodeu e depois foi embora? E se isto tudo foi parte do seu plano?
Eu empurro a franja emaranhada do meu rosto e pisco para a penumbra do quarto. É silencioso, à parte das batidas fracas de chuva contra as janelas.
Eu me arrasto para alcançar meu telefone na mesa de cabeceira para ver a hora, e instantaneamente me lembro que ela ainda está em algum lugar do corredor onde eu deixei cair na noite passada, depois de falar com Manoela, antes... antes de tudo.
Minha pele formiga com a lembrança do que fiz ontem à noite, o que nós fizemos. Eu me alongo e estico meus dedos dos pés, saboreando a deliciosa dor nos meus músculos.
Com um suspiro pesado, eu jogo minhas pernas pelo lado da cama e resmungo pela frieza do chão. Agarrando o lençol debaixo de mim, eu o puxo para colocá-lo ao redor do meu corpo e prendê-lo com segurança debaixo dos meus braços.
Eu levanto e sigo em frente, ansiosa para encontrar a razão do meu sorriso tímido, e tropeço.
Olhando para baixo, eu encontro o culpado. O tênis de Gizelly. O que diabos isso está fazendo neste lado do quarto?
Eu abaixo para pegá-lo e percebo um pedaço de tecido branco no chão. Franzo minha testa e pego o que agora parece ser um pedaço de papel.
Bufando pelo absurdo disso, eu quase o jogo de lado, quando noto a escrita cursiva cobrindo a superfície.
"Bom dia, Rafa.
Devo dizer a você que eu amava Cinderela quando criança. Eu implorava para a minha mãe toda noite ler a história para mim, quando meninas da minha idade já estavam nos livros de romance adolescente. Agora, eu não direi a você quantos anos eu tinha quando relutantemente mudei minhas preferências de história antes de dormir (é vergonhoso), mas posso dizer-lhe isso – meu pai estava se tornando cada vez mais preocupado. Eu chegava da escola e encontrava montes de infanto-juvenil espalhados na minha cama. Sim, meu pai nunca foi alguém sutil."
Eu pisco um par de vezes. O que diabos é isto?
"Hoje eu confessarei a você os meus segredos mais profundos e obscuros. Eu vou me compartilhar, e, esperançosamente, não assustarei você."
Puta merda.
"Traga as roupas das verdades que você gosta ou não, mas pode perdoar.
Deixe as roupas das verdades para as quais você precisa de tempo para digerir, ou não pode perdoar.
Como uma homenagem para Cinderela, este último jogo começará com um sapato."
Estou atordoada.
Gizelly Bicalho finalmente se abrirá comigo e compartilhará os segredos que eu estive tentando puxar dela desde que tudo isso começou.
Eu olho para o sapato no chão ao lado do meu pé e sinto meus lábios espalhados em um sorriso.
Em algum lugar nos recessos da minha mente eu percebo que devia estar morrendo de medo agora. Eu não tenho nenhuma ideia do que suas confissões acarretarão. Se elas serão pequenas verdades doces de uma mulher completamente fechada para mim, ou grandes confissões assustadoras que podem facilmente transformar isso no começo do fim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Proposta (Girafa G!P)
FanfictionExiste apenas uma pessoa que Gizelly Bicalho odeia, e esta é a sua chefe... Rafaella Kalimann. Ela é fria. Ela é cruel e incapaz de emoção humana e, para maior frustração de Gizelly, a mulher mais quente andando na face da terra. • A história perten...