Capítulo 27

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- Ótimo! - Eu murmuro enquanto empurro a porta da cabana fechada atrás de mim com uma mão trêmula.

Todos foram embora, o que me deixa em uma posição muito precária.

Nós viemos no carro de Gizelly. Eu fugazmente considero a possibilidade de chamar um táxi, mas eu duvido muito que exista serviço de táxi que opera tão longe nas florestas de Washington, e com a tempestade chegando... eu espio pela janela ao lado da porta da frente e vejo as nuvens escuras rolando constantemente.

Eu terei que esperar por Gizelly.

O pensamento faz meu estômago apertar em trepidação. Estou farta de chorar. Eu estive chorando todo o caminho pela colina, soluçando sem parar até a minha garganta doer. Eu chorei sobre tudo. Chorei sobre ser traída por Gizelly. Chorei sobre ser traída por Gabriela, algo que eu nunca tinha feito em anos. Chorei porque, ultimamente, meu ego tem sido ferido, possivelmente além de reparos dessa vez.

Parada no hall de entrada, observando pequenas gotas de chuva batendo contra o vidro da janela, eu realmente me sinto muito, muito sozinha. Eu empurro outra onda de lágrimas e fungo bastante grosseiramente. Sozinha e com raiva.

Eu ando de um lado a outro por alguns momentos, passando ao longo da nossa conversa uma e outra vez em minha cabeça.

Ela queria me humilhar. Ela queria me machucar. Eu posso ter mentido, mas eu não pretendia machucá-la.

Eu pretendia alavancar a minha carreira e, ultimamente, a dela. Eu estava sendo enganosa, sim. Mas eu não estava sendo cruel. Não, isso tudo é ela.

Eu franzo a testa enquanto me lembro das suas palavras "Começou assim, mas tudo mudou" O que mudou?

Eu puxo meu cabelo em frustração. Por que eu tinha que interrompê-la? Eu queria saber o que diabos mudou. O que diabos ela quis dizer. E agora, eu nunca saberei. Eu sei que as minhas palavras de despedida foram cruéis, e duvido muito que ela me perdoe por isso.

Eu quero que ela me perdoe? Eu rio amargamente enquanto faço meu caminho para cima.

Começo a jogar minhas roupas casualmente na minha mala. Eu a odeio. Eu a odeio por me fazer sentir dessa forma. Por me fazer querê-la. Por me fazer parecer como uma idiota pela segunda vez na minha vida.

Quem se importa se ela não me perdoar? Tenho certeza que eu nunca a perdoarei por isso.

Estou farta.

Uma vez que a minha mala está pronta, eu me esforço para ouvir se Gizelly veio para a cabana, mas o lugar está completamente em silêncio além das batidas pesadas do meu coração nos meus ouvidos. Eu esfrego os olhos.

Eu decido me deitar sobre as cobertas da cama, puxando minhas pernas até o meu peito e fazendo uma careta para a dor nas minhas costas causada pela minha queda de mais cedo.

Por um breve segundo eu me preocupo sobre onde Gizelly está enquanto mais um relâmpago aparece por trás das cortinas. E, em seguida, dentro de poucos momentos, eu adormeço.

~

Eu salto quando um súbito clarão de relâmpago reverbera pela cabana.

- Merda - Eu murmuro enquanto me sento e limpo meus olhos sonolentos. O quarto está completamente escuro. Quanto tempo eu dormi? Franzo o cenho enquanto pego o meu celular para verificar a hora.

19h30min.

- Merda - Eu murmuro novamente, franzindo a testa para os dígitos brilhantes, piscando profusamente para tentar fazer algum sentido do que me rodeia. Eu dormi por horas.

A Proposta (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora