Capítulo 17.

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Capítulo 17 – Interrogatório.

"Sophie"




Eu queria estar em um lugar onde não me sentia sozinha. Minha casa não era um lar, minha vida sempre seria vazia enquanto estivesse perto do meu pai. Ele consumia cada pequena gota de felicidade do meu corpo. E eu nunca serei capaz de entender o motivo disso. Eu nunca serei capaz de entender porque ele se esforça tanto para me deixar mal. E o pior de tudo é que eu nunca serei capaz de entender como mesmo depois de tudo eu ainda me esforço para ser o suficiente para ele. No fundo eu só desejo que ele se orgulhasse de mim, e, quando falo sobre meus sonhos seus olhos não revirassem ou um sorriso sínico tome conta de seus lábios. Eu só quero ser aceita.


Depois de uma longa discussão logo pela manhã, ele me arrastou para fora da casa e me fez ir com ele para o que ele julga ser meu futuro. "Esses são os negócios da família e você vai ter que aceitá-los". 

Como ele consegue? Ele não deseja que eu tenha uma vida diferente da que ele leva? Ele não enxerga o mal que está fazendo ao que sobrou da nossa família? Eu não consigo entender como ele pode ser tão frio ao me envolver com algo tão pesado e sujo, e, achar que está tudo bem. Que eu devo sorrir e aceitar o futuro que ele quer impor para mim.


Eu não me lembro de ter chorado assim antes, meu corpo inteiro doía. Era difícil respirar, pensar ou andar. Eu precisava do meu carro e quando não o encontrei na frente da fraternidade, eu chorei ainda mais. Eu já estava cansada de caminhar e não tinha dinheiro para chamar um táxi. Meu celular vibrou no bolso do suéter fino e eu sabia que era Laila desesperada atrás de mim, mas eu não voltaria. Não hoje.

Eu não poderia ligar para América, esse será o primeiro lugar que eles vão procurar.

Eu definitivamente era sozinha. Eu não tinha nenhuma outra amiga além dela ou então... Daniel. Mas ele me levaria para casa.

Eu não tinha muitas opções naquele momento.



– Obrigada por vir me buscar. – Sussurrei ao entrar no carro.

– Suponho que você não queira falar sobre isso agora. – Neguei com a cabeça. – Ótimo. Vou te levar para minha casa e depois vemos o que faremos, ok? – Concordei e ele deu partida no carro.


Eu estava extremamente envergonhada por envolvê-lo nessa bagunça quando eu nem o conhecia direito. Mas eu não tinha a quem recorrer e parecia minha melhor opção naquele momento. Embora algo no fundo do meu peito tenha gritado para que eu ligasse para Daniel.


– Você sumiu ontem na festa. – Ele me olhou pelo canto dos olhos, provavelmente checando minha expressão para decidir se continuava a conversa ou apenas ficava em silêncio.

– Eu não me lembro de muita coisa, eu só sei que Hunter me levou para casa.

– Ele é o que seu?

– Um amigo.

– Ah sim. Estava apostando em um ex-namorado apegado.

– Não.


Nós ficamos em silêncio pelo resto do caminho e só nos falamos quando ele estacionou o carro em frente a um prédio no centro e eu perguntei se ele morava ali. Não era exatamente o que eu imaginava. Ele não se vestia como um riquinho e definitivamente para morar em um prédio daquele porte precisava ter dinheiro. – Moro com meu pai. –Disse quando entramos no elevador. – Então não se assuste se ver um velho magrelo andando de robe pela sala. Ele tem essa mania ridícula até quando temos visita.

Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora