Capítulo 46.

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Capítulo 46 – Esquerda.


(Música: Seafret - Atlantis)




"Sophie"


Às 19h00 estou parada no hall de entrada vestindo um vestido vermelho bordô e um par de saltos preto. Meu pai aponta no início da escada e me dá um sorriso satisfeito quando me vê a sua espera. Eu até pareço a antiga Sophie, obedecendo a cada ordem sua, mas não é mais assim. Eu sei o quanto mudei nos últimos meses e àquela mensagem é uma prova disso.


"Se você quer saber mais sobre a sua mãe, olhe para a esquerda. Sua família é rodeada de segredos e não há ninguém melhor para contá-los do quem os guarda."


Enquanto me arrumava eu não conseguia parar de pensar na mensagem. Eu não tinha certeza se minha linha de pensamento estava certa, mas eu não conseguia parar de associar aquelas palavras ao meu pai. Ele sabia sobre tudo. Tudo o que aconteceu no dia em que minha mãe foi embora. Ele era o único que mesmo indiretamente poderia me dar respostas, eu só precisava ser esperta.


Olhe para a esquerda.


Seu escritório ficava à esquerda, eu podia estar blefando, mas tudo me dizia que as respostas que eu tanto procurava estavam ali o tempo todo. Bem à esquerda de mim. Eu sempre pensei que meu pai não iria guardar nada sobre isso dentro da nossa casa, afinal de contas, seria óbvio demais.


– Podemos ir? – Ele perguntou assim que me alcançou parada próxima a porta.


Afirmei com a cabeça e me esforcei para dar meu melhor sorriso inocente. Nem em seus piores pesadelos senhor Melchiori imaginava meus planos para aquela noite.

A viagem de carro foi silenciosa como todas as outras, era algo que ambos já estávamos acostumados. Não havia mais incomodo em passar longos minutos lado a lado em profundo silêncio, e eu posso não saber muito sobre a vida, mas quando isso acontece entre um pai e uma filha é sinal de que as coisas estão péssimas, certo?

Ele segurou a porta do restaurante enquanto eu entrava no lugar de sempre. Nada parecia ter mudado desde a última vez que estive aqui. A iluminação continuava amarelada, as toalhas creme e os funcionários continuavam vestindo preto. Sentamos em uma mesa aos fundos e ambos ficamos em silêncio analisando o cardápio. Eu não estava com fome. A mensagem junto com esse jantar esquisito tinha estragado totalmente com meu apetite.


– Então, qual é a desse jantar? – Disse sem pestanejar e fixei meus olhos no cardápio. Eu senti quando os seus olhos caíram sobre mim e continuei fingindo estar muito ocupada escolhendo meu jantar.

Longos minutos se passaram entre fazermos nossos pedidos e meu pai finalmente focar sua atenção em mim novamente.

– Estive pensando sobre a faculdade.

Eu estava me preparando para me desligar daquela conversa, eu não estava disposta a ouvir mais um cansativo discurso sobre como eu devia me envolver nos negócios da família.

Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora