Capítulo 38.

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Capítulo 38 – Tipo.

"Hunter"


(Música: hold on - Lewis Watson)


Seus olhos permanecem fechados durante o caminho para o carro, mas ela continua dizendo coisas sem sentido. Seu cabelo exala uma mistura de morango com álcool e eu me pergunto se ela bebeu ou tomou banho com ambos.

– Você cheira exatamente igual a ele. – Ela murmura se aninhando em meus braços e me dou conta de que ela acredita estar sendo carregada por Luke. – E eu acabei de decidir que te odeio por isso. – Sussurra. Seus olhos continuam fechados e sei que ela está prestes a adormecer pelo ritmo de sua respiração. Por um momento penso na possibilidade de ser odiado por ela e isso doí como queimar no inferno.

Eu sei que esse final de semana é provavelmente o último que estaremos juntos, e desde que Luke me ligou avisando sobre Sophie estar bêbada, eu formulei um plano, cheio de buracos e incertezas, mas ainda assim um plano. Eu sabia que ela não aceitaria sair comigo se estivesse sóbria, então faria isso enquanto ela estava presa em seu porre. Ela dormia profundamente quando dei partida no carro e liguei o rádio. The 1975 toca baixinho nos auto falantes enquanto dirijo para fora da cidade. Sophie me olha algumas vezes durante a viagem, seus olhos semicerrados e lábios levemente entreabertos, e eu sei que ainda está sobre o efeito do álcool.

– Eu não quero sonhar com você – ela aponta o dedo para mim e sou levado à memória de quando nos conhecemos. Esse era uma mania bastante inadequada que ela tinha e fazia tempo que eu não a via fazendo isso. Ela suspira pesado e lentamente vai fechando os olhos. – Você não tem permissão para estar aqui – sussurra antes de adormecer novamente. Eu não sei qual será sua reação quando acordar e se der conta de que isso não é um sonho e que já estaremos à milhas de distância de sua casa. Ela terá que passar todo o final de semana ao meu lado, pelo menos é o que eu espero que aconteça.

Está prestes à amanhecer e tenho dirigido direto desde que deixamos São Francisco, começo a sentir meus dedos formigarem e só então percebo o quão firme vim segurando o volante nas últimas horas. Estou nervoso por estar fazendo isso e o fato de ser a última vez que a terei no banco de passageiro me deixa ainda mais frustrado.

Raios solares invadem o carro e Sophie se mexe desconfortável com a claridade. Ela boceja algumas vezes, tenta se virar, mas o cinto a impede. É nesse momento que seus olhos se abrem lentamente e ela me encara, eu correspondo seu olhar com um sorriso de canto. Ela continua em silêncio, se ajeita no banco de couro e olha para os lados, provavelmente tentando se localizar ou lembrar de algo sobre a noite passada.

– Você se sente bem? – Pergunto, quebrando o silêncio.

– Melhor do que mereço. – Murmura, massageando as têmporas. – Onde estamos? – Ela pergunta depois de alguns segundos.

– Como esse é o último final de semanas que estaremos juntos, eu pensei em te levar para uma última escapada. – Me esforço para soar naturalmente.

– Você sabe que isso é sequestro, certo? Desde que eu não escolhi estar nesse carro com você.

– Não pensei sobre isso.

– Pare na rodoviária e me deixe voltar para casa.

– Não. Lógico que não. Eu não dirigi a porra da noite inteira para deixa-la voltar embora agora.

– Eu não entendo – seus ombros caiem em frustração e ela respira fundo. – E sinto que nunca serei capaz de entender.

– Entender o quê? – Perguntou com os olhos grudados na pista, não sei se sou capaz de olha-la agora.

Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora