Capítulo 18.

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Capítulo 18 – O beijo.

"Hunter"


Uma das últimas conversas que tive com Alice sobre relacionamentos, foi sobre um garoto que ela estava ficando, mas não gostava. Disse que terminou tudo com ele e que não pretendia reatar porque sabia que nunca daria certo. Uns dias depois na saída do colégio ela o viu com outra garota e aquilo a incomodou. Na hora eu achei bobagem e disse que precisava se resolver. Ou ela queria ficar com ele ou deixava o cara seguir em frente com outra. E aí ela me disse: Eu não o quero, mas também não quero vê-lo com ninguém. Eu nunca entendi aquilo, dei de ombros e achei egoísta da parte dela não querer o garoto, mas se incomodar ao vê-lo com outra. Até hoje.

Quando vi Sophie do outro lado da rua nos braços de outro, senti o incomodo que Alice descreveu naquele dia. Eu não poderia dizer que a queria, era uma montanha russa de sentimentos toda vez que eu a via. Mas eu me conhecia o bastante para saber que provavelmente perderia o interesse se conseguisse o que eu queria. Aquilo aquecendo dentro de mim parecia não passar de curiosidade pelo desconhecido.

E eu gostava do que estava acontecendo entre a gente. Nada, mas ao mesmo tempo tudo.

Ela era diferente e por ser diferente me intrigava. E eu não queria estragar tudo.   


Quando ouvi ele chamando-a de alma gêmea ao fundo na ligação, não resisti e uma respiração pesada escapou. Ou ele era um babaca virgem ou jogava tão pesado quanto Zack para levar uma garota para cama. E saber o quanto ela era inocente e sem juízo me deixou ainda mais nervoso pelas horas que passaram juntos naquele apartamento.

Dirigi o caminho inteiro em silêncio, minha mente estava em guerra. Metade de mim gritava "Foda-se, um beijo e sua curiosidade acabará. Ninguém precisa saber sobre vocês" e a outra "Não seja um maldito idiota, não ferre com tudo, não ferre com a vida dela. Ela é diferente. "


Horas depois estou com ela em meus braços, depois de ser minado por perguntas malucas, sentindo o cheiro do seu cabelo louro e torcendo para que aquele contato dure mais tempo. Sua pele macia tocando a minha e enviando eletricidade pelo meu corpo. Eu não me lembro de ter me sentindo assim antes e aquilo me agrada. Como eu poderia se quer pensar em ferrar com isso? Era provavelmente a coisa mais estranhamente boa que senti nos últimos anos. Eu não me sinto assim com Amber, não me sentia assim com Nara. "Não seja piegas" meu subconsciente grita enquanto eu a observo deitada de bruços sobre minha cama. Ela virou lentamente quando dei alguns passos em direção ao armário e abriu os olhos. Nossos olhares fixos. Aquele olhar profundo que aquecia meu peito e me fazia questionar o motivo. O que ela tinha que não encontrei nas outras garotas que fiquei? Eu sabia que ela era diferente, mas não sabia dizer as diferenças. Claro, além de sua falta de juízo, sua facilidade para se envolver em problemas, suas manias ridículas e sua exagerada inocência.

Ela não disse nada enquanto me olhava e eu fiz o mesmo. Ambos em silêncio, apenas nos encarando. E quando seus lábios pareciam estar prontos para se mover eu a interrompi. – Se precisar de alguma coisa estarei na sala. – Sem aviso deixei o quarto e criei um milhão de cenas antes de adormecer do que poderia acontecer se não houvesse consequências.

Não dormi o bastante, quando o despertador tocou eu ainda me sentia miseravelmente cansado. O dia anterior tinha sido intenso.


– Bom dia! – Ela entrou na cozinha com o rosto amassado e o cabelo bagunçado. Eu não queria soar piegas novamente, mas sua aparência ao acordar era provavelmente mais bonita que qualquer outra garota que eu tenha visto.

Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora