Capítulo 15.

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Capítulo 15 — Sail.

"Sophie"




Qual o objetivo de jogar um jogo que você sabe que no final perderá? Qual o objetivo de se envolver com alguém que você sabe que irá te machucar? Mas, eu simplesmente não consigo pensar nas consequências quando sinto seu cheiro mentolado. Ou quando seus olhos de um verde impressionante me encaram. Por Deus! Eu estou tão certa das consequências mas ao mesmo tempo tão alheia. É tão confuso e frustrante a influência, que mesmo sem saber, ele tem sobre mim. 

Enquanto caminhava eu desejei desistir daquela pose de durona diversas vezes, mas, eu sabia que eu tinha que mantê-la. Se nem que seja por um momento eu quisesse conquistá-lo, eu teria que saber fazer isso. Eu teria que saber jogar.


América me ligou, enfurecida, no dia seguinte, dizendo que fui embora sem avisar e que teve que pegar carona com Hunter. Ainda disse que Peter não tinha com quem ir e ela o arrastou junto. Posso até imaginar Peter e Daniel no mesmo carro, já que algumas faíscas voaram no nosso breve desentendimento. Ela garantiu que Hunter foi educado, mas parecia incomodado. "Ele parecia realmente incomodado com a presença de Peter e juro para você que teve um momento enquanto Peter dizia algo sobre você que ele apenas revirou os olhos e ligou o som do carro, acabando com a nossa conversa." — Meu estômago deu milhares de voltar ao ouvi-la falando isso. Estranhamente eu tinha a sensação de que minha paixão platônica podia estar caminhando na direção certa.



***


Eu tinha o domingo inteiro para curtir minha liberdade, já que meu pai chegaria na segunda-feira pela manhã. Na ligação de América, depois de me dar uma bronca por sumir e me atualizar sobre os últimos acontecimentos, ela disse que tinha sido convidada para uma festa de fraternidade e que deveríamos ir para fechar o domingo com chave de ouro.

Eu nunca tinha ido à uma festa dessa. Não sabia o que vestir ou como me comportar. América é dois anos mais velha e mesmo assim legalmente ela ainda não poderia beber, muito menos eu. Mas isso nunca foi problema para minha amiga desajuizada. "Eu conheço as pessoas certas e os lugares certos." — Consigo ouvi-la se gabar disso em alto e bom som. E bebida alcoólica nunca foi um tabu para ela. Tanto que esse ano no meu aniversário de 16 anos ganhei o cinquecento de presente do meu pai e uma garrafa de Jack Daniel's de América. Ela disse para eu escondê-la e só a abrir quando estivesse realmente mal; mencionou algo como um coração partido ou uma briga muito feia com meu pai.

E assim fiz, escondi a bebida no fundo do meu armário junto com uma carta que ela disse que eu só abriria quando decidisse bebê-la. "Esse será o momento certo para ler essa carta" — resmungou enquanto eu a escondia.

No dia achei um absurdo, mas hoje acredito que eu abrirei a garrafa mais breve do que imaginei que faria.


Meu celular vibra no meu moletom vermelho, me arrancando bruscamente dos meus pensamentos sobre uísque, coração partido e a falta de juízo de América.

 

"Te vejo hoje na festa? "

 

 

A mensagem era de um número desconhecido, me fazendo viajar por um minuto na possibilidade de ser Daniel. Mas apenas por um minuto, pois me lembrei que havia salvo seu número alguns dias atrás.

Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora