Capítulo 41.

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Capítulo 41 - Jack Daniels para curar um coração partido.

"Sophie"


(Música: Every Little Thing She Does Is Magic - Sleeping At Last)


A música clássica tocava nos auto falantes, parecia uma marcha fúnebre, e o mais cômico era que eu me sentia infeliz como se de fato estivesse em um enterro. Meu pai está ao meu lado verificando mais uma vez seus compromissos do dia, e eu continuo em silêncio com os olhos fechados, fingindo estar dormindo como eu vinha fazendo há semanas. Ele não contratou um novo segurança/motorista, fazia questão de me levar e me buscar no colégio todos os dias, segundo ele, era uma oportunidade para passarmos mais tempo juntos. Não é como se nós conversávamos sobre algo importante durante esse tempo. Nós basicamente ficávamos em silêncio durante todo o caminho e vez ou outra eu reclamava do cheiro de charuto, nada mais que isso. Eu nunca me senti tão angustiada antes, ainda mais quando era só fechar os olhos que meus pensamentos me traíam e voltavam nos momentos que passei ao lado do Daniel. Parecia ter se tornado um hobby meu, mas frequente como um vício, no entanto.

Essa semana no colégio a professora falou sobre o peixe-vermelho, e em como sua memória durava apenas cinco segundos. Eu queria ser como ele desde que Daniel partiu, eu queria que esse sentimento esmagador passasse em cinco segundos, mas não era assim que funcionava. Eu continuaria a sentir sua falta a cada segundo do meu dia e das minhas noites, já que uma crise de insônia estava rodeando-as também.

- Estarei esperando aqui quando você sair. - Meu pai avisa, assim que abro a porta e meus pés tocam o chão. Balanço a cabeça concordando e fecho a porta atrás de mim.

América está no portão junto com Luke, seus braços estão em volta do seu pescoço e ela ri espontaneamente de algo que ele acabará de falar. A julgar pelo cabelo desajeitado e o rosto sem maquiagem, eu tenho certeza que ela passou a noite na casa dele e veio direto para o colégio.

- Bom dia! - Digo ao me aproximar deles.

- Ei, Sophi. - Ela sorri e eu retribuo o gesto.

- Oi, bom dia. - Luke disse em seguida e dá alguns passos para trás, me incluindo na conversa. - Estávamos falando sobre a banda. - Ele me informa e eu apenas forço um sorriso.

- Eu já vou entrar. - Tento manter a expressão tranquila e despreocupada. - Te vejo lá dentro. - Olha para América e ela me dá uma piscadinha.

Não conseguimos conversar durante as primeiras aulas, mas quando finalmente chegou o horário do lanche nós sentamos em baixo da mesma árvore de sempre e ela começou a contar sobre Luke.

- Eu não sei o que está acontecendo comigo. - Ela desabafa e suspira.

- Você está apaixonada. - Digo, sem rodeios, e ela engasga com o refrigerante.

- Não, não estou.

- Está sim. - Ergo as sobrancelhas e ela bate na testa com a palma da mão. - Você se lembra que um dia me pediu para amarra-la em um tronco e te encher de chicotadas caso isso acontecesse com você, certo?

- Sim. - Resmunga.

- Você prefere agora ou mais tarde?

- Bem... Talvez esteja na hora de dar um tempo nas coisas com o Luke, né?

- Por quê?

- Porque eu não quero me sentir assim.

- Eu não sei qual o problema. - Reviro os olhos. - Você gosta dele, ele gosta de você. Pronto. Sem complicações.

Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora