Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)

Capítulo 21.

Capítulo 21 – É melhor assim.

"Sophie"

Ela acabará de me contar sobre sua vida e sobre sua mãe ter morrido quando ainda era um garoto. Lembrei do dia que tive uma conversa muito semelhante à essa com Peter. Ele também não tinha mais sua mãe por perto, mas pelo menos tinha um bom relacionamento com seu pai. Daniel não. Ele nem sequer sabia quem era seu pai e ele não estar realmente afetado com isso me fez admirá-lo. Eu surtaria por menos.

Quando nossos olhos se encontraram pela primeira vez, eu não imaginei que nossas vidas pudessem ser parecidas. Ele não era um punk, lotado de tatuagens e más atitudes. Ele era incrível. E aquela frase "Nunca julgue um livro pela capa", nunca fez tanto sentido para mim como está fazendo agora. Eu sentia nossa proximidade depois de tantos segredos compartilhados e aquilo era tão bom. Eu não queria que aquele dia terminasse de outro jeito que não fosse nos braços dele.

– Cinco dias sem tomar banho ou cinco dias sem trocar de roupa? – Pergunto quando o pego olhando para as minhas pernas.

– Cinco sem trocar de roupa. – Responde rápido e desvia o olhar.

– Sim, acho que seu perfume consegue mantê-lo com um cheiro agradável por cinco dias. – Digo por impulso.

– Acha?

– Sim, porque é um bom perfume.

Um sorriso presunçoso se forma em seus lábios e eu tento manter meus olhos longe de sua boca. Ele está falando algo sobre a Pacific Coast Highway, que acabamos de entrar, e eu não consigo prestar atenção em nada além de seus lábios se movendo lentamente. Quando ele era rude era atraente, mas simpático é cem vezes mais. Suas mãos se movem indicando o local e continua gesticulando ao explicar, parece entretido e orgulhoso por saber sobre aquilo. E eu preciso lutar para afastar minha vontade de tocá-lo.

– O que foi? – Seus olhos me encaram e fico alguns segundos em silêncio. Minha mente ainda estava processando aquele momento.

– Nada, só estava prestando atenção. – Minto e ele sorri.

– Você já esteve aqui? – Pergunta encarando o mar pela janela.

– Você sabe que não. – Torço os lábios.

– Isso é legal. – Ele abaixa o volume da música. – Eu gosto de estar te mostrando todas essas coisas pela primeira vez.

E eu não sei o que responder, então sorrio e me esforço para manter meus olhos no mar. Ele dirige até Half Moon Bay e eu conhecia todos esses lugares apenas por fotos e vê-los pessoalmente era incrível. Fiquei em êxtase quando descemos do carro e dei de cara com aquela praia. Eu achava que não era possível um lugar mais bonito que Golden Gate, mas estava enganada. Nós ficamos em silêncio encarando o mar. Não existiam palavras para descrever aquele momento. Meu coração batia tão forte por estar ali ao lado de Daniel. Eu não conseguia imaginar vivendo todas essas coisas antes dele aparecer na minha vida.

Almoçamos em um restaurante chamado Sam's Chowder House, sentamos em uma mesa que permitia visão total para o maravilhoso mar. Depois entramos no carro novamente e ele dirigiu até Pigeon Point. Eu sempre quis ir até o farol e estar ali parada de frente com ele me inspirou. Eu queria chegar em casa e lotar meu blog com textos sobre ele, sobre esse dia, sobre como eu me sentia ao vê-lo sorrindo. Sobre um "nós" que só existia na minha cabeça, mas que mexia com cada partícula do meu corpo.