Capítulo 13.

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Capítulo 13 — Chevelle.

"Sophie"



Pela primeira vez em anos meu pai viajou e me deixou aos cuidados de Laila. Não é preciso mencionar que eu estava radiante. Combinei cada minuto daquele final de semana com América, que estava tão animada quanto eu, nós iríamos finalmente sair sem ter que contar mentiras.

Meu pai deu folga ao Daniel e também seria o primeiro final de semana que não nos veríamos desde que ele começou trabalhar aqui. E eu precisava desse tempo para tentar uma desintoxicação de sentimentos. Às coisas estavam intensas para mim. Tudo que conseguia pensar era que eu acabaria terrivelmente machucada com aquele turbilhão de sentimentos martelando meu peito.



— Hoje... É hoje que você vai realmente sentir o gostinho da liberdade. — saltitou de um lado para o outro. — Eu vou te embebedar e você não voltará embora até que tenha feito algo divertido ou perigoso.

— Seja boazinha comigo. — torci os lábios, fingindo um bico. — Mas falando sério... eu preciso muito esquecer de algumas coisas e segundo você um bom copo de vodca resolve até o pior dos males.

— Sim. — atirou uma calça na minha direção. — Mas vista isso antes. — voltou a encarar as roupas jogadas em cima da cama. — Nós precisamos de algo menos embonecado e mais sexy. Bem mais sexy...

— Eu não quero ir parecendo uma prostituta. — resmunguei.

— Calada! Coloque essa calça logo para eu ver como fica em você.



Depois de tirar e colocar diversas combinações que América escolheu, acabou que eu estava com uma roupa considerada comum para ela, mas não tão comum para mim. Eu não tinha costume de usar jeans e há algum tempo havia comprado um. América insistiu que eu usasse uma t-shirt, cortada na cintura, de uma banda que eu nunca ouvi falar e um par de converse preto. Ela esfumou meus olhos com preto, desarrumou meu cabelo e soltou um dos lados do macacão, deixando-o caído e um pouco relaxado.


— Acho que eu deveria prender isso. Já está bom todo o resto, não precisa deixar tão relaxado.

— Por Deus! Não mexa na minha obra prima. — resmungou. — Está perfeito, não mexa em nada ou eu te matarei. — rosnou.

— Estou estranha. — olhei meu reflexo no espelho e não se parecia nada comigo. Era como se minha alma tivesse invadido o corpo de outra pessoa.

— Você está linda, Sophie. — insistiu, mostrando um pouco de irritação em seu tom de voz. — Apenas relaxe e curta o momento. Ok? — olhou nos meus olhos e sorrio. — Essa noite você pode ser quem quiser. Aproveite.



Ela tinha razão. Eu precisava me soltar das amarras que Sr. Melchiori me prendeu. Essa noite eu era livre para ir onde eu quisesse e fazer o que me desse vontade.


Estava repetindo aquilo como um mantra quando entramos pela porta do bar. Eu queria convencer América que eu podia fazer aquilo e convencer à mim mesma que não precisava viver na sombra do meu pai. Qual era o problema em quebrar algumas regras? Ninguém ficaria sabendo.


— Vamos começar com essa cerveja. — ela empurrou o copo de cerveja na minha direção. — Só beba o que eu te oferecer e se caso nós duas ficarmos bêbadas, um amigo virá nos buscar. — assenti. Parecia ótimo para mim. Nunca beberia e depois dirigiria, eu já era péssima motorista sóbria, bêbada eu certamente colocaria a vida das pessoas em risco.  — Vamos... pode beber. — me encorajou e dei o primeiro gole. Foi diferente do dia que estava magoada e querendo esquecer minha mãe. Hoje eu estava querendo ficar alegre e me soltar. No quinto gole eu já estava me sentindo mais leve e querendo dançar ao som da banda de rock que detonava no pequeno palco. — Não se contenha, Sophie. — América gritou. — Faz o que te der vontade. — acrescentou indo em direção a um grupo de rapazes.

Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora