Eu nunca te disse (revisão/reescrevendo)

Capítulo bônus.

Bônus narrado pela Sophie.

— Eu nunca te disse. —

(Música: Daniela Andrade - No One But You)

No começo eu achei que seria difícil deixarmos tudo que passou para trás, e que os fantasmas do passado iriam nos atormentar. Eu achei que levaria um tempo até nos perdoarmos e esquecermos todos os altos e baixos, mas aparentemente nosso amor é mais forte do que jamais imaginamos. Foi surpreendentemente fácil ter um relacionamento como nunca tivemos antes. Foi fácil ir a encontros, foi fácil ser amiga dos seus amigos, foi fácil criar uma rotina onde nós funcionávamos juntos. Nós nunca de fato procuramos entender isso que nós temos e o que nós somos quando estamos juntos. Eu gosto como as coisas funcionam sem rótulos. Gosto como fugimos do padrão. Gosto que nosso sentimento seja tão intenso que não precise de outra definição além de que é amor. Eu gosto de como confiamos um no outro a ponto de não nos incomodar se houve ou não um pedido formal quando decidimos morar juntos. Os dias foram passando e provando que fomos feitos pra durar. Daniel voltava das viagens curtas com a banda e ia direto para o apartamento que foi seu um dia. Eu adorava acordar no meio da madrugada com o barulho da sua chave (extra) tintilando enquanto ele lutava para abrir a porta e segurar sua bagagem. Eu fingia estar dormindo para ser surpreendida por seu corpo deitando sobre o meu e, seus beijos suaves sobre meu rosto e pescoço. Eu adorava quando mesmo depois de um dia cansativo ele se lembrava de passar por uma floricultura e me trazer um botão de rosa branca. E eu adorava quando seus olhos me buscavam em meio à multidão de garotas gritando por eles em festivais. Adorava a forma como seus olhos se iluminavam quando finalmente me achava e, eu adorava ainda mais quando seus lábios se abriam em um sorriso que é reservado só para mim. Não foi difícil deixar as despedidas e as confusões de sentimentos para trás. Foi assustadoramente fácil.

— Essa é a última caixa. – Josh colocou a caixa no chão e jogou-se no sofá. — Oh por Deus, eu não aguento mais fazer mudanças.

Essa era a segunda mudança em alguns meses. Eles tinham alugado um apartamento para morarem juntos, mas não durou muito. Josh estava solteiro e era um verdadeiro prostituto nesse status. Ele tinha uma fila de meninas passando pelo apartamento em diferentes dias da semana. Era extremamente desconfortável quando eu acabava passando a noite lá e pela manhã dava de cara com uma garota nova em sua cozinha. Eu confiava em Daniel e não discutimos nenhuma vez sobre isso, mesmo quando eu sentia uma pontada de ciúmes ao saber que ele estava constantemente dando de cara com meninas bonitas pela manhã. Mas ele estava incomodado, ele chegou um dia e perguntou se podia passar uma semana comigo. A desculpa inicialmente era que naquela semana ele estava sem paciência e ter uma menina diferente em cada dia zanzando pelo apartamento estava deixando-o inquieto e irritado. Então ele veio e ficou uma semana inteira comigo, foi a melhor semana da minha vida. Era incrível tê-lo por perto a todo instante. Eu gostava até da sua implicância diária pela minha falta de organização. Ele reclamava quando eu deixava minha toalha molhada na cama, mas mesmo assim a pegava e pendurava na área de serviço. E era um gesto tão bobo, mas eu adorava suas manias de limpeza e organização. Eu adorava cada pedacinho dele. Sempre adoraria. Então pedi que ele ficasse na segunda semana e na terceira também, então... ele não foi mais embora.

— Nem eu. — Daniel falou entrando no apartamento com mais algumas coisas em mãos. — Agora só nos mudaremos daqui quando formos para a nossa casa no campo. — Sorriu docemente, me olhando. — Será incrível, vamos criar nossos filhos nela.