Victor. Segunda-feira. 06:15 AM.
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Pensamento ruim é o que num falta quando tu entra na vida errada, tá ligado? Mas pensamento ruim todo mundo tem, seja pelo dinheiro, pela família, ou pelos demônio que tu cria conforme a tua vivência. E com o pensamento ruim, vem os problema.
Eles vão e vem e na maioria das vezes tem solução. Mas o pior problema que tu pode arrumar é o amor, seja por uma dona daora de trocar ideia ou por uma loira do olho verde. Num corre atrás. E se correr? Dá meia volta e não me faz o favor de correr o risco de novo.
Ninguém me falou isso. Eu fiquei sabendo por aí, pela minha vivência. E na vivência, encontrei o meu maior problema sem solução.
Tainá.
Ela num é poesia e nunca vai se considerar poesia. Num é fácil de se entender como um jogo de cartas ou um material raro pra se descobrir. O que tu sabe dela hoje é o que tu vai saber amanhã e pro resto da tua vida, você conhece o que ela deixa você conhecer. Não dá pra ir além. Num tem como ir além.
Mas ela é linda. Por dentro e por fora. Tem seus defeitos e seus demônios, tem seus pensamentos ruins, tem o carisma, a simpatia no olhar quando quer. Tem a beleza, o carinho, o cuidado. Tem o lado ruim e o lado bom. Tem o branco no preto.
Na filosofia chinesa é Yin Yang. É a representação do positivo e do negativo sendo o princípio da dualidade, onde o positivo não vive sem o negativo e vice e versa, tá ligado? No crime é o Tony Country, preto no branco, branco no preto. Lado mal e lado bem.
Tu não conhece a Maria Tainá, mas a Maria Tainá representa o branco. Ela nunca matou, nunca roubou, ela num pensa em beber ou fumar. Ela quer estudar, ela quer fazer o certo, é a garota prodígio. Ela é avançada. Ela quer ser mãe, ela ama, ela vive. O lado branco dela não fluiu do modo certo, o lado branco foi arrancado dela. Mas não por ela, por outros. Tu não conhece a Maria Tainá.
Talvez tu conheça a Maria, sei lá. Mas a Maria ainda num representa o branco ou o preto, a Maria é meio termo. Ela matou, mas matou para se defender de quem mexeu nela. Ela roubou, mas precisou roubar para num morrer de fome. Ela não bebeu ou fumou, mas drogaram ela com remédios. Ela ainda queria fazer o certo, ela queria estudar. Ela era nova demais pra ser mãe, parou de querer quando foi contra a vontade dela. Teve seu filho abortado, mas ela num quis que abortassem. O lado branco não pôde fluir do modo certo, e o lado preto foi obrigado a fluir. A Maria é um grande "mas". Talvez tu conheça a Maria.
Mas agora eu boto fé mermo que tu conhece a Tainá Costa, e a Tainá Costa representa o preto. Ela mata, ela rouba. Ela bebe, ela fuma. Ela invade casas, sequestra pessoas. Ela tem o seu demônio interno. Ela organiza, comanda. Ela é mãe, mas não fala. Ela pensa, ela articula, ela planeja. Ela não demonstra. Ela é fria. O lado preto dela não flui do modo certo, o lado preto vive no erro. Mas no teu erro, não no dela. A Tainá Costa não erra. Boto fé inteirinho que tu conhece a Tainá Costa.
Se der mole tu conheceu a Taí, e a Taí representa o branco no preto. Ela ainda mata, ela ainda rouba, ela bebe, ela fuma. Ela ainda tem os seus demônio interno. Ela organiza, ela comanda, ela pensa, ela articula, ela planeja. Mas a Taí demonstra do jeito dela. Ela num é tão fria como antes. Ela beija seus machucados, não reclama de abraços, cuida de tu, te dá apelidos idiotas, mata alguém por você, fala que tu é linda, sorri pra você. Ela se sente confortável em dormir em você ou perto de você. Ela anda de mãos dadas com você, fala que tu é a mulher dela. O lado branco no preto dela flui do modo certo, mas com a pessoa certa, com a ruiva certa. Se der mole tu conheceu a Taí. Mas só tu, eu fiquei sabendo por aí.
Eu posso não conhecer a Maria, a Maria Tainá, a Taí ou a Tainá Costa, mas eu conheço a Tainá. Eu conheço a minha morena, minha dona.
Eu tô ciente só na minha morena, e a minha morena representa o meu ponto de vista dela do branco no preto. Ela mata, ela rouba, bebe, fuma. Ela tem o seu demônio interno. Ela organiza, ela comanda, ela pensa, ela articula, ela planeja. Mas a minha morena demonstra do jeito dela. Ela arranha meu pescoço. Ela me chama de zóin. Ela me pede beijo. Ela sorri quando eu falo que ela é linda. Ela conversa. Ela se permite ser cuidada. Ela cuidou de mim. Ela chorou. Ela me contou que é mãe. Ela me contou sobre o passado dela. Eu tento fazer com que o lado branco no preto dela flua naturalmente, e isso acontece. Eu só to ciente mermo na minha morena.
Tô ligado que eu preciso da Tainá, mas a Tainá ainda é um problema sem solução. E eu sou ruim em deixar coisas mal resolvida.
— Patrão? - Ouvi me chamarem me tirando dos pensamentos. Ultimamente desde que tudo envolvendo a Costa e a filha dela vieram a tona, tô avoadão da cabeça, vivendo na maior incerteza se eu tô agindo no certo.
— Qual foi Kaveira? - Perguntei levantando, ele entrou no maior cuidado pra num fazer barulho. Só esperei tranquilo até o menor chegar em mim enquanto olhava pros papel que ele segurava. — Que isso aí?
— As informação que tu pediu, os papel tá tudo aí. Os papo dela é verdade mermo. — O vapor virou o rosto enquanto coçava a cabeça, vi ele ficar meio estranho quando me entregou a pasta, mas fiquei calado.
Consciência total nas ideia dele. Mandei o menor me trazer assunto de antes da dona da facção, tem nem como num ficar nervoso com isso. Se ela pega além de foder o mano, me fode.
— Tu leu? - Perguntei serinho, num queria que ele se intrometesse mais ainda no meu plano. Ia complicar tudo pô, ainda mais que meus papo com a patroa já num tá tão daora assim.
— Li não, patrão. Li não. - O menor arrumava o fuzil que ele tava segurando, ficou olhando mais pro papel do que pra mim. O vilão tava nervoso mermo.
— Fica esperto pros dela num te pegar, Kaveira. - Dei o papo, ele só balançou a cabeça antes de sair da sala e o silêncio voltou.
Voltei pra cadeira já procurando acender uma parada pra fumar, coloquei a pasta na mesa e fiquei no maior pensamento pra ver se eu lia mermo. Bagulho é do passado da mulher que eu amo pô, mas já tô fazendo coisa pra caralho que vai fuder tudo que eu tenho com ela. Tô envolvidão nisso, volta num tem. Posso dar pra trás não.
Parei a cabeça um pouco, olhei a parada por mais um tempo e sem demorar mais catei o negócio na mão. Abri devagarin e fui lendo, tinha coisa pra caralho.
Clínica, aborto, estrupo, assassinato.
Porra, a Tainá esfaqueou sete homens.
Continuei lendo os arquivos, tinha muita coisa falando sobre a vida dela e eu num conseguia tirar da cabeça como que ela tá firme e forte por tanto tempo. A criança voltando pra vida dela tá só aumentando o desgaste da Costa, e isso vai romper a mulher de vez.
Bagulho tá dando certo.
[...]
— Aonde cê foi? - Ela me perguntou assim que eu pisei o pé em casa, antes que eu pudesse responder a Tainá chegou pra perto já tirando o meu boné. — Responde.
— Tava na rua, fui ver como que tava teus canto. - Menti e a minha morena só concordou, num perguntou mais nada. Ficou me olhando toda cansada, tava serinha pro meu lado. — Que que foi, linda?
A mulher deu um sorrisin fraco de lado, mas depois fechou a cara de novo sem dizer nada. Começou a dar meia volta e ir pro sofá da sala.
Nós ainda tava em Maresias, Tainá se recusava a voltar pra capital sem a filha dela e eu nem reclamei não porque era o que eu precisava mermo.
Bagulho tava pra acabar logo logo, ia dar tudo certo.

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𝐓𝐑𝐎𝐏𝐀 𝐃𝐄 𝐄𝐋𝐈𝐓𝐄 - 𝗍𝖺𝗂𝗅𝖺𝗋𝖺 𝖾 𝗍𝖺𝗂𝗇𝖺𝖼𝗍𝗈𝗋.
FanfictionOnde a traficante mais procurada do Brasil fica indecisa amorosamente entre duas pessoas. Sejam bem vindos a vida de Tainá Costa. 𝗫 Assim que finalizado, todos os capítulos serão reescritos e organizados novamente num novo livro que será publicado...