𝐓𝐑𝐎𝐏𝐀 𝐃𝐄 𝐄𝐋𝐈𝐓𝐄 - 𝗍𝖺𝗂𝗅𝖺𝗋𝖺 𝖾 𝗍𝖺𝗂𝗇𝖺𝖼𝗍𝗈𝗋.

cinquenta e dois.

me odeiem menos, ó quem voltou! 😁 fiquei com saudades, vocês ficaram?

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Victor. Terça-feira. 16:40 PM.

— O que você tá fazendo, Victor?

Estremeci ainda de costas, meus dedos formigaram na mesma hora que ouvi ela sussurrando e senti algo estranhão subir pela minha nuca, como se meu corpo tivesse a certeza que eu tava fudido. Virei devagarinho deixando uma das pastas em cima da mesa e olhei ela de relance. A Tainá tava sussurrando e nunca que ela me chamava de Victor, foi nessa que tive a certeza que tinha algo errado para caralho.

Tive a visão completa uns segundos depois, tava longe o suficiente e ela tinha uma expressão baixa na face, me encarando sem desviar o olhar. Não estávamos perto um do outro e em momento nenhum deu a impressão que ela veio pra perto pra se afastar depois, só num conseguia entender como que senti a voz dela contra minha nuca. Arrepiei serinho, só de medo.

Porra, mulher parecia assombração.

Com o passar dos nossos anos, passei a ver a Tainá mais do que eu esperava que ela me deixasse. E aí passei a entender quando ela via algo torto, nem que seja muito pouco. Ela nunca foi muito expressiva, e se ela quisesse mostrar, ela mostrava na cara, para tu ver e se tocar que ela tava ciente e contar logo. Meu caso era isso aí, tá ligado? A Costa queria que eu soubesse que ela sabia que tinha alguma merda acontecendo, só não sabia qual era. Teu jeito praticamente me obrigava a abrir a boca, eu tava fudido.

Isso que me assustava, porque independente de qualquer coisa que eu esteja disposto a fazer, a Tainá ainda é a Tainá. E papo reto mesmo? Boto fé purinha que nenhuma louca no mundo vai me dar mais medo do que ela.

Não me esquecia dela falando que traição de dentro é a pior que tem, mas antes você traindo do que sendo traído. Antes a mãe do outro chorando do que a sua.

— Não é nada, patroa. — Fechei a cara já me xingando mentalmente pela merda que falei, tinha que pensar rápido em outra mentira porque era certeza que ela ia vir para perto.

Dito e feito, não demorou pra ela passar reto por mim e pegar uma das pastas. Felizmente ou não, era a única que tinha coisa da filha dela. O resto era tudo sobre o mandato da Tainá e eu tinha certeza que ela ia pegar na hora o que eu tava pensando, ia me fuder mais do que qualquer coisa nessa porra de sala.

— Qual foi que tu tá vendo coisa da minha filha, Victor? — Seu tom tava mais baixo que o normal e essa morena insistia em continuar me chamando de Victor, porra, ela nunca foi de aumentar o tom de voz quando tava falando e acho que agora era impossível de escutar ela falando até de perto. Tainá exalava silêncio.

— Fiquei na maior neurose quando nós encontrou aquele louco que tava com ela. Só queria saber como tratar tua filha direito quando, sabe, ela voltasse pra conviver com nós. — Murmurei tentando manter a calma, já tendo a certeza que ela num ia cair. Não custava nada tentar.

— Quiser saber coisa dela, pergunta pra mim. — Vi a Tainá amarrando mais ainda a cara, o rosto franzido era uma marca dela e era estranhão o jeito que ela tava brigando comigo com o mermo tom tranquilo de antes, não fazia sentido nenhum, e de duas uma: ou ela tava drogada para um caralho, ou ela sabia que eu tava mentindo e queria ver até onde eu ia. 

Ela era assustadora pra cacete.

— Tu não ias… — Não consegui continuar com o falatório porque meu corpo foi caindo pra trás e eu senti o baque da mesa nas minhas costas no mermo instante. Porra, como que tem meio metro de altura? Tainá tinha uma força do caralho, me empurrou de um jeito que deu nem pra entender o que tava acontecendo e só sentir dor.