quarenta e quatro.

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Sexta-Feira. 23:15 PM.

Tainá

Entrei no mercadin e os moleque já estavam na porta de guarda, tinha cumprimentado o povo de lá serinha. Ia descobrir cadê a menina hoje, sem falta cuzão.

Tainá: Mulher tá de pé? - Perguntei me referindo a Bárbara.

- Ela tá nem tá enxergando mais patroa, pediu pra falar contigo e nós teve que fazer o contato, tá ligado? - Concordei. - Mas ela num falou nada não, nem o que queria contigo.

Tainá: Pega a visão, se alguém encostar tu repassa. Ninguém entra. - Menor concordou.

Vapor concordou de novo e eu entrei na salinha. Ficou só eu e a Bárbara ali. Mulher tava de cabeça pra baixo já.

Tainá: Tu num morre não? Dois meses direto de madeira e tu aí, pô.

Bárbara: Tainá... Tain-ná... Vamo c-conversar.

A mulher tava amarrada, tive que virar a menina pra ela parar de vomitar sangue. Tava tenso pro lado dela.

Tainá: Dá teu papo. - Cruzei os braços fechando a cara, olhando pra ela que tava deitada. - Vou te ajudar a levantar não garota, se vira. - Bárbara me olhava chorando enquanto seu rosto sangrava, só continuei ali.

Ela contou umas parada nada haver, nem tinha pra que eu saber daquilo. Tava serinha encarando ela, sem paciência nenhuma.

Tainá: Dá teu papo reto, filha da puta. - Apertei o pescoço da outra, tava irritadona.

Bárbara: A... A menina tá... A menina tá com... Com meu irmão. - Começou a tossir, soltei a mão na hora.

Tainá: Cadê teu irmão, Bárbara? - Continuei olhando ela.

Aquela porra me pegou pra caralho.

Pô, tô atrás da menina tem uns três anos já!

Tainá: Vou matar tu, arrombada... Onde que teu irmão tá?

Bárbara: Ele tá preso! Desde... Desde aquele dia.

Fiquei irritadona já, sai da sala no ódio. Umas lembranças antigas voltando, porra...

Três anos antes.

[...]

Já tava começando a ficar nervosa, mas fiquei calada pra não sair como a errada por estragar o rolê. Não era pelos traficantes e nem pelo pessoal fumando maconha tá ligado?

Só tava com um pressentimento ruim, alguma parada ia acontecer pô, tava sentindo isso.

Fiquei serinha tentando não passar mal com aquilo, ainda não tinha acostumado com o cheiro daquela porra.

Papo de minuto e tinha escutado uns tiros perto pra caralho acontecendo, os caras que estavam armados não tiveram nem a chance de reagir. Não entendi nada até ver uns homens de farda preta subindo armado.

Bando de arrombado! Era os filhos da puta do BOPE aí, pô.

Gritos pra caralho mandando a gente deitar no chão, a Labres praticamente me puxou pra ficar na frente dela. Fiquei calada na hora, não tinha o que eu fazer.

𝐓𝐑𝐎𝐏𝐀 𝐃𝐄 𝐄𝐋𝐈𝐓𝐄 - 𝗍𝖺𝗂𝗅𝖺𝗋𝖺 𝖾 𝗍𝖺𝗂𝗇𝖺𝖼𝗍𝗈𝗋.Onde histórias criam vida. Descubra agora