Capítulo 68

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Marcel:

Todos estavam péssimos, preocupados ao extremo com o sumiço da Julieta, mas eu estava acabado. Eu estou com a minha filha faz tão pouco tempo e não foi o suficiente para perdê-la agora, eu preciso de mais tempo. Eu preciso da Julieta.

Julieta foi amada antes mesmo de existir. Ela foi fruto de um amor que eu jamais consegui esconder mesmo que faça tantos anos. Foi fruto de uma pessoa que jamais voltará a ser como era, que mudou de uma forma que parecia ser impossível de uma pessoa mudar.

O guarda da penitenciária abre a porta para mim e eu o agradeço enquanto estou me pondo para dentro do ambiente. Joana me encara e eu a encaro de volta, reparando como seus olhos azuis estão tão tristes como há anos atrás quando tudo acabou entre nós.

— Acharam ela? — pergunta, aflita, o tom de voz exalando preocupação.

Desvio o olhar para a parede.

— Por que ainda não achou ela? — brada.

— Não é algo que está sob o meu controle.

— Nada nunca está sob seu controle. Eu teria achado nossa filha...

— Teria, se não tivesse sido presa por ter sequestrado duas pessoas. Como você mudou tanto?

— Achei que estava aqui para falar da Julieta...

— A Joana que eu conheci nunca faria o que você fez.

Joana solta uma risada irônica e novamente eu estou vendo como Julieta é uma versão dela. O mesmo sorriso, o mesmo cabelo, os mesmos trejeitos, os mesmos olhos, a mesma paixão intensa.

— A Joana que você conheceu era uma mentira. Essa do presente que é a real. Eu sou gananciosa, criminosa...Julieta deve ter dito tudo que sou a você.

— Você não é assim. Eu te enchia de presentes caros e tudo que você ligava eram as flores que eu levava. Você nunca quis meu dinheiro, se matava de trabalhar naquele mercadinho, às vezes comia barrinha de cereal porque só tinha dinheiro para o aluguel, nunca me deixou te ajudar. Você não é gananciosa, você mentiu para a Julieta.

— Eu sou...

— Você não é! Você me teve, eu que sempre fui rico. Você me deu uma herdeira e decidiu sumir. Eu ia casar com você e você me deixou, Joana!

E, de repente, ela não é aquela Joana que está nos jornais, não é a Joana que a Julieta descreveu. É a minha Joana, aquela que conseguia me fazer imaginar que eu poderia parar de obedecer meus pais, me separar da Vanessa e viver com ela em uma casa cheia de flores.

Joana esconde o rosto com as mãos, mas suas lágrimas estão caindo na mesa. Eu dou passos em direção a ela e, parando atrás dela, eu pergunto:

— O que aconteceu? Nós nos amávamos, você estava grávida, estava feliz. Por que me deixou?

— Você realmente não sabe? — Ela se vira, me encara com os olhos avermelhados de choro. Balanço a cabeça em negação, vendo ela se pôr de pé. — Você me prometeu o mundo, me fez acreditar que tudo seria perfeito na nossa vida, disse que estaria ao meu lado mesmo com todos contra nós.

— E eu cumpri o que disse...

— Mas você deixou aquela mulher ameaçar o que mais tínhamos de especial.

Franzo o cenho.

— Se nada deu certo para a Julieta, é por culpa sua, que deixou a Vanessa nos rondar.

— Ela fez algo para você?

— Você está casado com ela até hoje e nunca percebeu o quão cruel ela pode ser? Você é um tolo e será culpa sua se acontecer algo com a minha filha.

Minha Antiga Paixão - Minhas Paixões 03Onde histórias criam vida. Descubra agora