Capítulo 29

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Larguei a massa de bolo no balcão e fui atender a porta após a campainha tocar

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Larguei a massa de bolo no balcão e fui atender a porta após a campainha tocar. Meu cenho franziu na mesma hora que eu vi o Alfredo com uma expressão nada boa parado na minha porta.

- O QUE VOCÊ FEZ COM A JULIETA, VICTOR? - gritou, se aproximando de mim em passos duros.

- Nada? - falei em tom de dúvida.

- Victor, o que você disse para ela? - gritou, me pegando pelo colarinho da minha camisa e eu franzi o cenho.

- Nada, cara. Não sei do que você está falando.

- O que disse ontem para ela? - insistiu.

- Ela foi ontem no meu restaurante e deixamos as coisas claras. Dá para você me soltar?

- Claras? Que coisas?

- Meu Deus, Alfredo, que chatice - me soltei - Combinamos de manter a paz e nos distanciarmos. Porra, o que você quer? Detalhe por detalhe da conversa entre ela e eu?

- Você é um idiota.

- Como é? - cruzei os braços.

- Isso que você ouviu. Você sabia que ontem ela foi na minha casa e estava em um estado péssimo? Falando que ela não era uma boa pessoa e que deveríamos manter distância dela.

- Mas eu não tenho culpa, ela disse que estávamos em paz - falei - Mas não estou entendendo você. Por que está tão preocupado com uma coisa que não te diz respeito? Parece até que você...

Não concluo a minha fala porque o punho do Alfredo foi de encontro com o meu rosto com uma força absurda. Coloco a mão no maxilar e olho ele chocado.

- FICOU LOUCO, CARA? - seguro ele pelo colarinho.

- Você nunca gostou dela, né?

- Você está falando coisas que você não sabe. Claro que eu gosto da Julieta.

- Gosta de que jeito? Apenas para dormir com ela, mas não ter algum tipo de relacionamento? Se gostasse saberia o quanto ela é frágil. Victor, a Julietta não cresceu com uma casa harmoniosa, cheia de amor, como a gente. Ela ouviu a vida toda que tinha sido abandonada pelo pai e que a mãe gostava mais de dinheiro do que dela. Ela via em você alguém que ela podia contar e você se distanciou dela.

Soltei o Alfredo e passei a mão em meu cabelo de forma nervosa. Respirei fundo e coloquei as mãos na cintura.

- Eu não sabia - falei - A Julieta não conta tanto da vida dela.

- Sabia, sabia sim, sempre soube. Você não deveria ter dormido com ela sabendo que isso não levaria a nenhum lugar, não deveria ter dado esperança. Não queria nada? Então era melhor continuar com a amizade.

- Eu fiz merda, certo? Para variar eu mais uma vez errando com ela. Pode jogar na minha cara já que está aqui.

- Você foi um imbecil. Eu me importo com a Julietta, então estou te avisando, se você magoar ela mais uma vez, eu vou quebrar a sua cara, Victor.

- Eu vou falar com ela e resolver isso.

- Cuidado com as palavras. Como você não percebeu que ela estava abalada? Julieta é transparente como água. Ela tem um psicológico fraco, Victor. Sabe quantas vezes depois de tudo eu recomendei terapia e ela disse que estava bem? Ela evita pensar e falar demais sobre o que aconteceu porque faz ela ficar mal - abaixei a cabeça - Como você, que vive com ela, não percebeu que ela tem mania de ficar apegada em coisas porque lembra os tempos bons dela?

- Porque eu estava sendo egoísta e pensando só em mim. Não, eu não percebi.

- Não percebeu que o carro dela está ruim há tempos, mas ela não se livra porque lembra de quando a Joana voltou para Nova York e ainda estava tudo bem. Não percebe o mesmo perfume? A mesma foto na tela de bloqueio do celular?

- Não, Alfredo! - praticamente gritei.

- Por que você fez isso? Por que se afastou dela? - questionou.

- Porque ela gosta de mim e eu achei que se eu me afastasse ficaria tudo bem. Eu não queria dar falsas esperanças para ela.

- Está avisado, Victor. Não queira magoar a Julieta - falou e deu as costas.

「 ❀ 」

Cheguei na porta da Julieta, percebendo estar aberta e entrei na casa, procurando ela, mas ela não estava por essa parte. Só tinha um lugar que ela poderia estar, então eu fui pra lá. Julieta estava sentada com as costas apoiadas na árvore com uma garrafa de Whisky na mão, e eu sentei ao seu lado.

- Oi - murmurei.

- Oi - respondeu ríspida.

- Quero me desculpar e... - parei de falar ao olhar o braço dela machucado - O que aconteceu com o seu braço? - toquei o braço dela.

- Um louco esbarrou em mim na rua e eu arrastei ele na parede.

- Está doendo? - perguntei, fazendo carinho.

- Não - tirou minha mão do seu ombro.

- A noite está linda, né? Alec está dormindo?

- O que você quer, Victor?

- Pedir desculpa, eu fui um idiota com você. Me perdoa?

- Como entrou aqui?

- A porta estava aberta.

Mesmo que ela estivesse falando comigo, o seu olhar estava focado na sua mão com a garrafa de Whisky.

- O vento deve abriu - ela diz, parecendo distante.

- Desculpa, Julieta. Eu fui um idiota, eu pensei que me afastando de você não confundiria nossa relação.

- Éramos amigos, Victor, e combinamos de ser sincero. Eu levo isso muito a sério, promessas não são apenas palavras para mim.

- Eu sei, me desculpe.

- Eu perdoo você, - ela me olhou - mas ainda acho que devemos manter distância.

- Vamos tentar? Não importa os erros que cometemos, podemos aprender com eles.

- Devemos nos distanciar. Você me machuca bastante, Victor. Sempre vem aqui com palavras, dizendo que foi um idiota, e eu te perdooo - voltou a olhar para a sua mão - Se realmente quisermos tentar, devemos primeiro se desprender dessa nossa relação - assenti - Melhor não nos vermos mais e quando estivermos bem e com a cabeça no lugar, talvez a gente se encontre.

- Isso não vai funcionar.

- Claro que vai. Começando agora, vai embora, Victor.

- Se é assim que você quer - depositei um beijo em sua testa e levantei - Boa noite, Julieta.

Esperei, mas não obtive resposta, então fui embora. Caminhei para a saída da casa da Julieta e tranquei a porta, em seguida coloquei em um lugar que ela poderia ver e pegar. Assim que pisei na calçada, indo em direção ao meu carro, um corpo trombou com o meu.

- Perdão - falou uma voz feminina.

- Sem problemas - dei um sorrisinho simpático para a loira e abri a porta do meu carro.

Por que eu tive que ser tão burro? Estava tudo indo bem, mas eu tive que escutar a minha consciência estúpida. Estou contando que seja realmente alguns dias e não meses, ou talvez ficaremos assim para sempre.

Minha Antiga Paixão - Minhas Paixões 03Onde histórias criam vida. Descubra agora