Um erro do passado fez com que Julieta e Victor se separassem. Apesar de tudo, eles se reencontraram, mas agora com um laço que os unirá para sempre. Eles estão constantemente juntos por causa de seu filho e seus amigos, mas mesmo assim a relação pa...
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As coisas estão estranhas ultimamente, em todos os sentidos. É como se a minha rotina tivesse se transformado de repente em pouquíssimas horas. Eu digo que vou na casa do Victor e ele diz que fará alguma coisa, claramente me evitando por algum motivo. Eu não sei se fiz algo, ou falei. Anna está me ligando muito, me convidando para passear e sair como se fôssemos amigas de longa data. O Robert idoso me liga sempre, diferente do Marcel que sumiu. O único normal é o Jonas, quer dizer, ele fica mais louco a cada dia.
Não sei o que aconteceu, mas o Victor está me evitando e eu não estou gostando. Está me corroendo não saber o motivo de tal afastamento. E para completar, a Keyla começou a dizer que eu preciso conhecer pessoas novas, tipo homens. Está tudo tão estranho que a minha própria mãe não me liga mais apenas para rir e desligar, parou de me perturbar.
Estou até com medo de extraterrestres invadirem a terra, talvez isso seria a coisa mais normal que aconteceria.
- Terra está te chamando - Jonas disse, estalando os dedos na frente do meu rosto.
Quando saímos do hospital, Jonas sugeriu que fôssemos ao Central Park porque precisávamos de ar. Então aqui estamos nós, no Central Park.
- Sabe aquela semana que parece que tudo está contra você? - perguntei.
- A minha vida inteira? - ela falou em um tom sério, mas com uma leve pitada de ironia.
Olhei para o Jonas e soltei uma risada.
- Estou falando sério.
- É uma semana péssima, a gente acha que não pode ficar pior do que um pombo cagar na gente e nosso dinheiro voa pela rua, mostrando que tudo fica pior. Se eu fosse pobre eu diria que felicidade de pobre dura pouco.
- Isso foi específico, você está bem?
- Não. Anna e meu avô estão estranhos, meu pai e eu estamos alheios ao que está acontecendo. Priscila está muito ocupada com a faculdade e eu fico sentindo falta dela. Estou literalmente sozinho em meu apartamento grande - ele bufou.
- Victor está me evitando, minha mãe sumiu e isso me preocupa. Uma das minhas amigas está estranha e sua irmã não para de me ligar para conversar.
- É uma competição? - ele ergueu as sobrancelhas, me lançando um olhar debochado.
- Não. Estamos apenas dividindo problemas.
- Vamos fugir? A gente pega seu filho e foge, nós dois. O que você acha? Diz que sim.
- É deixar pensarem que o boato que nós transamos várias vezes no vestiário é verdade? Claro que não - nego.
- Eca, você é praticamente uma irmã - fez carinho na minha mão - Quem disse esses absurdos?
- Muitos boatos correm pelo hospital. Inclusive, até você aparecer com a Priscila, achavam que você era gay.
- Serio? - assenti - Estranho, jurei que era um segredo.
Soltei uma risadinha.
- E sobre a sua irmã? - perguntei.
- Anna às vezes fica meio louca, não liga, é normal. Ela fica muito empolgada quando faz amizades novas, daqui a 1 mês ela vai esquecer seu nome e passará a te chamar apenas de amiga.
- Que bom - soltei um falso suspiro aliviado - A sua irmã é um pouco estranha, sem ofensas.
- É porque não ouviu ele falando sobre o namoro a distância dela. Nunca converse sobre isso com ela, vai sair traumatizada.
- Anotado.
- Sobre o Victor, você quer que eu vá bater nele? - perguntou.
- Seria muito bom, mas se desse merda e ele precisasse de operação, você iria fazer a cirurgia.
- Ou eu poderia deixar ele morrer - deu de ombros.
- E o voto de médico? Quebraria ele por mim?
- Por você vale a pena, mas eu provavelmente seria deserdado e você teria que me sustentar.
- Se dependesse de mim estávamos os dois ferrados, mas daríamos um jeito. Você poderia virar garoto de programa, a beleza já tem.
- Ou sequestrar aquela criança que não tem nem 1 ano e já tem mais dinheiro que eu - franzi o cenho - Alina Martell.
- Eu não deixaria você sequestrar ela, seria um péssimo carma para mim - abaixei a cabeça, fitando as mãos - Seria realmente a destruição total da pouca reputação que eu tenho.
- Foi mal, eu não deveria ter falado isso - passou os braços pelo meu ombro e me abraçou de lado - Vou comprar algodão doce para você, ok?
- E cookies?
- E cookies - sorriu - Vamos lá - levantou.
Jonas ergueu as mãos e eu segurei para me ajudar a levantar. Ele passou o braço pelos meus ombros e começamos a andar pelo parque.
Em momentos como esse é bom ter um amigo como o Jonas. Na verdade, é sempre bom ter qualquer tipo de amigos.
「 ❀ 」
Entrei em casa, largando minha mochila em um canto e indo em direção a cozinha, beber um copo bem cheio de água para ver se eu me afogo. Deixei o copo de água na bancada após acabar de beber e peguei meu celular vendo o nome do Victor na tela.
Pensei seriamente se eu realmente deveria atender depois dele simplesmente fingir que não estávamos tendo algo todos esses dias.
- Oi - falei meio ríspida.
- Mamãe? - escutei a voz doce do Alec.
- Oi, Alec. Como você está? - falei com a voz doce.
- Muito bem. Por que você não tá aqui? Estamos vendo filme de carros e eu queria que você viesse.
- Eu acabei de chegar do trabalho e estou cansada. Mas amanhã quando você estiver aqui, podemos assistir um filme e fazer pipoca - sugeri.
- Eu, você e o papai? - senti a animação na sua voz.
- Nós dois, talvez uma coisa mãe e filho.
- Por que não o papai?
Porque ele está me evitando.
- Ele vai estar ocupado amanhã, assim como ele estava nos outros dias. Certo, Victor?
Eu sei que ele também está ouvindo, Victor nunca deixa o Alec mexer no celular sem supervisão.
- Papai, você vai tá ocupado? - não ouvi nada do outro lado da linha - Ele disse que sim.
Novidade nenhuma, foi assim a semana toda.
- Alec, nos vemos amanhã, ok? - falei.
- Ok. Tchau mamãe.
- Tchau, meu amor - desliguei.
Eu queria que tudo fosse diferente, o que eu fiz de tão mal nessa vida? Talvez eu precise colocar um ponto final em uma coisa específica, antes que não de mais. E também preciso seguir em frente, em todos os relacionamentos da minha vida. Preciso que minha vida mude, antes que isso afete meu filho também e, mais que tudo, preciso mudar tudo antes que tudo que aconteceu há 7 anos atrás aconteça comigo de novo.
