Ghost (Yeongyu)

4|Ver as estrelas

—Beonnie — Sojin disse meu nome como uma criança manhosa do outro lado da ligação — pode vir aqui? Queria ver as estrelas com você.

—Tá meio tarde — olhei o horário — mas eu já estou indo, não demoro — respondi e ela murmurou alguma coisa do outro lado da ligação logo desligando.

Peguei meu casaco no armário e desci pela escada que coloquei estrategicamente na beira da janela. É obvio que já fiz isso muitas vezes, apenas para poder passear pela cidade tarde da noite sem que meu pai soubesse.

Sojin não mora muito longe então não levei mais que dez minutos para chegar até sua casa. Assim que cheguei ela abriu a porta sem que eu precisasse bater, provavelmente estava me esperando ansiosa. Ela simplesmente ama admirar as estrelas e sempre me pede para acompanha-la.

—Se demorasse mais iria ir te buscar pelos cabelos — ela fingiu estar brava, mas não aguentou segurar a risada.

—Que jeito carinhoso de me receber — entrei fechando a porta — olha a hora que você me fez sair de casa, são quase duas da manhã.

—Eu sei, mas estava com saudades de fazer isso com você.

—Então vamos logo — puxei-a pela mão subindo silenciosamente até o andar de cima — Você tem chocolate ai? Tô morrendo de vontade — perguntei quando chegamos ao quarto

—Sempre tenho — ela riu e abriu a gaveta da escrivaninha — Aqui, de presente pra você — estendeu a mão com duas barras dos meus chocolates preferidos, Prestígio e com castanhas.

—Eu não acredito que comprou pra mim. Te amo sojin — abracei-a animado enquanto ela se contorce em meus braços

—Vai me sufocar assim big hero­ — Big hero. É um apelido que ela me deu, diz que eu tenho a mesma personalidade protetora que o personagem e também porque sou muito maior que ela.

—Vamos logo, vai amanhecer e a gente não viu estrela nenhuma — resmunguei soltando-a e indo até a janela do quarto. Como a janela fica na mesma altura que o telhado conseguimos ficar sentados aqui sem muitas preocupações.

Subimos e nos acomodamos, então abri uma barra de chocolate e comecei a comer.

—Obrigado — ela disse aleatoriamente

—Pelo que?

—Por tudo — me encarou, seus olhos sempre parecem dizer algo, mas dessa vez não consegui compreende-los — de verdade, muito obrigado.

—Por que do nada? — perguntei, não estou entendendo nada. Não que Sojin não seja carinhosa, mas ela geralmente gasta seu tempo me xingando do que sendo fofa.

—Você não pode só concordar? — riu — é só que... Me sinto grata por te ter em minha vida — seus cabelos curtos foram bagunçados pelos vento, seus fios negros parecem se unir ao céu de mesmo tom. Seus pequenos olhos brilham como as estrelas que olhamos

A observei por mais alguns segundos antes de abraça-la — aconteceu alguma coisa? Por que esta chorando? — fiquei preocupado

—Não é nada — ela fungou e finalmente me abraçou de volta — só queria te dizer isso

—Eu também sou muito feliz por ter você como melhor amiga. Vou estar sempre ao seu lado — acariciei suas costas tentando deixa-la calma, mas seu choro parecia só aumentar.

—obrigado — ela continuou dizendo. Eu sei que algo está acontecendo, ela está emotiva demais, porém eu não vou obriga-la a falar, então a única coisa que posso é fazê-la sentir-se segura.

—Vamos entrar? Está frio — perguntei afastando o rosto dela do meu peito e desfazendo o abraço. ficamos no telhado por bastante tempo, esperei ela se acalmar para dizer algo.

—Vamos — levantamos e entramos no quarto. Eu pedi para que ela deitasse na cama e a cobri com uma manta.

—Eu tenho que ir, mas se precisar de mim ligue, eu venho correndo — sorri, me despedindo.

No caminho de volta para casa não consegui parar de pensar em como ela estava sensível. Ela parecia ter algo para me contar, eu senti isso, mas decidi que o melhor é esperar o tempo dela.

Eu fiz a escolha certa, não é?