21| Tão pior quanto

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Ib da Frase @venusnini_  que me deu essa ideia impecável em um comentário.

''Desculpas não fazem as pessoas esquecerem tudo que já sofreram, o que está feito está feito mas nem sempre perdoado''

Eu não tenho noção de quantos minutos passei deitado no chão chorando.

Me sinto um fraco.

Um babaca.

Eu não fui capaz de me controlar e me tornei aquilo que mais temia ser: Meu pai.

Me levantei devagar, secando os olhos. Acho que todos estão tão cansados e presos e seus próprios pensamentos que nem se deram o trabalho de se levantar e ir embora.

Olhei para todos os lados e vi Yeonjun sentado no mesmo lugar, me encarando como se quisesse me dizer algo, mas não consegue. Fui até ele, mas assim que chego perto ele se arrasta um pouco para trás, ainda sentado, se mantendo longe de mim.

Eu nunca consigo compreender bem seus olhos, mas dessa vez entendo sem dúvidas o que eles dizem. Seus olhos demonstram medo, receio e decepção. Sei porque conheço muito bem esse olhar, os da minha mãe diziam isso, muitas vezes os meus manifestam os mesmo sentimentos.

—Yeon... — me abaixei a sua altura, sem me aproximar mais — Yeonjun — seu nome não para de ser proferido contra minha vontade — Me perdoa...me desculpa yeon. Não tenha medo de mim... — as lágrimas voltaram a descer pelos meus olhos, dessa vez ainda mais dolorosas. Yeonjun está com medo de mim, eu o machuquei por dentro e por fora.

Sentei e cobri o rosto com as mãos, me arrependo de cada soco que dei em Benjamin. Preferia ter apanhado que ter feito Yeon sentir medo e ficar decepcionado comigo.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, senti seus braços me envolverem em um abraço caloroso. E cada vez que ele diz estar tudo bem sinto meu coração se comprimir e a quantidade de lágrimas aumentar. Yeonjun viu o monstro que sou, mas ainda assim permanece comigo.

Eu não o mereço de forma alguma.

— Eu sou tão ruim quanto ele. Igual ao meu pai. Me desculpa — funguei — me desculpa

— Você não é como ele e nunca vai ser — ele rebateu me abraçando mais forte. Posso ouvi-lo fungando o nariz, segurando o choro. Ele sempre soube a verdade escondida por trás das marcas roxas, dos moletons em dias quentes e dos dias em que sumia ou chorava de repente, sem motivo aparente. Ele sabe sobre a ponta do iceberg, mas já é o suficiente para ligar os pontos e entender tudo — Você nunca vai ser igual a ele

Me afastei silenciosamente, procurando Benjamin pela sala. Ele já saiu, mas nem tive tempo para pedir desculpas, apesar de saber que nada disso poderia consertar a merda que fiz. Yeonjun se aproximou e tocou em meu braço, chamando minha atenção

— Vamos, ele já foi

— Eu quero vê-lo... O machuquei muito — limpei algumas lágrimas insistentes

— Não faça isso agora, ele está muito bravo e vocês podem acabar brigando de novo — segurou minha mão. Em seu braço tem um corte grande, provavelmente causado por mim; Me espanto e puxo seu braço para perto

— Ai caramba, yeonjun — o encaro

— Tá tudo bem, vamos — sorriu como se não sentisse um pingo de dor

— Não! Olha o que eu fiz com você — suspirei, sentindo mais uma pontada de arrependimento furar meu peito — Vamos pra enfermaria — o arrastei até a porta, mas ele hesitou

— Não, eu tô bem! Além disso estamos fora da sala e o sinal já bateu, se nos pegarem lá fora estamos ferrados

— Eu precisarei assumir minhas responsabilidades de qualquer forma, então por favor me deixe cuidar disso. Não quero que acabe infeccionando.

[...]

O diretor ficou sabendo do ocorrido mais rápido do que pensei e antes do meio-dia eu e Benjamin já estávamos em sua sala ouvindo um sermão de mais de vinte minutos.

Por fim, Benjamin levou uma suspensão por ter publicado o vídeo e espalhado o boato, enquanto eu fui obrigado a pagar uma consulta médica por tê-lo ferido e farei trabalho voluntário pelo resto do mês na escola.

Yeonjun teve que voltar para casa sem mim, já que estou desde o fim das aulas limpando o ginásio e o vestiário imundo dos garotos.

Odeio ficar tanto tempo em silêncio porque sei que os meus pensamentos vão me invadir, me corroer.

Sojin não ficaria nada feliz. Brigaria comigo, talvez ficasse uma semana sem nem ao menos dar-me os bolinhos que sua mãe prepara.

Parece pouca coisa, mas ela sabia muito bem como dar um gelo e fazer alguém se arrepender de algo e eu odiava ficar brigado com ela.

''pare, por favor''

Sou como ele.

Um monstro tão pior quanto.

— Ah, mas que droga! — reclamei quando notei que o balde está transbordando e molhou onde já limpei — Por favor, pare de pensar — supliquei a minha mente secando tudo para poder começar a lavar o lado de fora.

Você é pior que ele, não acredito que se tornou um monstro tão terrível quanto

Uma voz ecoou pela minha mente.

Mãe, por favor. Eu não sou como ele, não posso ser.

.............

Oiee

Eu sei que vcs já estão cansado de ler isso mas, gostaram? 

Ultimamente ando um pouco insegura com ghost pq o número de leituras diminuiu bastante. Na realidade números nunca importaram muito para mim, mas quero saber se isso significa que a história está chata, sem graça, ou talvez as coisas não estejam bem explicadas.  Enfim...

Ghost (Yeongyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora