15 |Acertar as contas

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¨Eu quero viver,não apenas sobreviver¨

—Ai você! — alguém gritou no meio do corredor que, como de costume, está cheio. — Ei, idiota! Não adianta tentar fugir — gritaram mais uma vez, mas continuei ignorando e andando normalmente. Provavelmente mais uma briga idiota entre os alunos do terceiro ano. 

De repente senti uma mão vantajosa me segurar pelos ombros fazendo-me perder o equilíbrio e quase cair no chão. Quando me virei pude ver a figura de Benjamin e  Hyunim, os dois panacas que falaram de Sojin há poucas semanas. 

—O que vocês querem? — fui direto, não querendo perder tempo com pessoas tão fúteis como eles. O garoto riu cínico com seu amigo. Tenho vontade de agredi-los sem piedade alguma todas as vezes que os vejo.

—O diretor nos colocou pra fazer dez horas de trabalho comunitário durante todo o mês de abril — passou as mãos pelos cabelos bufando — isso tudo porque algum bocudo do caralho nos colocou contra o velho

—E o que tenho haver com tudo isso? Na realidade vocês deveria ser punidos de uma forma muito mais severa por tudo o que falara e pelo que fazem com os outros alunos — dei de ombros vendo o garoto ficar vermelho de raiva

Antes que pudesse reagir o garoto puxou-me pelo braço jogando-me contra a parede, escorreguei até ficar sentado no chão. Minhas costas doem pelo impacto, mas ainda assim me levantei. 

Quem bate perde a razão. Sojin dizia..

Não perde a razão Beomgyu.

Não. Perde. a . Razão...

Não me aguentei e deferi um soco no rosto do ruivo deixando uma bela marca vermelha na bochecha esquerda dele. 

Perdi a razão. 

Bati nele, droga.

Na realidade faz muito tempo desde que perdi a razão. Essas coisas mínimas tem me irritado de uma forma tão absurda que me pergunto se ainda sou eu mesmo.

As vezes não me reconheço. Odeio esse sentimento.

—Seu filho da pu...— foi interrompido com o zunzum do corredor, que ficou ainda mais agitado de repente. Ouvi alguns gritos dizendo que o inspetor estava vindo então o aglomerado foi disperso em questão de segundos. — Nós ainda vamos resolver isso. — ele disse colocando a mochila sobre um ombro só e indo embora com seus amigos.

Passei a mão pela roupa estressado e peguei minha mochila caída no chão, seguindo até o banheiro.

                                                                                        [...]

O dia passou tão devagar que pensei ter ficado preso no tempo. Meus dias tem sido cada vez mais difíceis. Odeio ficar parado, porque todas as vezes os malditos pensamentos voltam. A culpa me corrói e a vontade de chorar aumenta. Eles são incontroláveis.

Quando o sinal para a saída finalmente tocou me apressei para arrumar o material, só quero ir pra casa. 

Coloquei os fones e segui o caminho de sempre. As ruas estão escuras e praticamente vazias, o que é estranho já que é horário de pico.  Assim que virei a esquina fui barrado, vi apenas pés em minha frente e quando levantei o olhar pude enxergar por completo um grupo de garotos.

—Disse que resolveria isso, não foi? — sorriu me empurrando até a parede vagarosamente com um único dedo

Senti meu corpo se contrair quando ele me segurou pelo ombro com uma mão e ergueu a outra pronta pra me atingir com um soco certeiro. Mas então ele parou, meus olhos, que antes estavam fechados, se abriram lentamente e quando me dei conta percebi que só não levei um soco porque alguém segurou a mão de Benjamin antes que ela acertasse meu rosto.

— o-oque?— pensei alto. Estou tão confuso quanto os garotos parados em minha frente

—Que merda é essa? Deu pra defender os fracos agora? — zombou tentando soltar seu pulso, sem sucesso —Me larga Yeonjun! — esbravejou. Meus olhos arregalados provavelmente demonstram a confusão de minha mente, até porque não esperava que ele,justo ele, aparecesse aqui uma hora dessas.

—Por que vai bater nele? Covarde, ainda veio com os meninos — olhou para trás rindo depois fechando a cara novamente — isso tudo é medo de apanhar? — os dois se viraram para a outra direção, ficando de costas pra mim, que ainda estou grudado na parede — vocês também, são tão repugnantes quando ele — Yeonjun apontou o dedo desdenhando-os

—Aish, cala a boca desgraçado! Você deveria cuidar da sua vida ao invés que querer pagar de herói — o ruivo puxou sua mão acertando acidentalmente (ou não) meu nariz.

—Ai merda — abaixei levando a mão ao nariz dolorido

Yeonjun logo se abaixou à minha altura — ei, você está bem? — balancei a cabeça positivamente, então ele voltou a se levantar e foi em direção ao Benjamin dando-lhe um soco no nariz 

— Aii, meu nariz desgraça! Acho que quebrou — ele gritou de dor fazendo certo drama

— Pronto, agora estão quites — riu de uma forma tão atrevida que não o reconheci — Vai embora antes que eu quebre de verdade a porra do seu nariz! 

Os outros garotos foram pouco à pouco se distanciando, deixando apenas o ruivo junto conosco, que também não demorou muito a partir. Ele olhou diversas vezes para mim com um olhar cortante enquanto saía, como seu estivesse enviando um recado e eu captei bem. Sei que não vou me livrar dessa tão facilmente.

Respirei aliviado abaixando a cabeça para pegar minha mochila quando senti algo escorrendo de meu nariz —Droga, tá sangrando — resmunguei baixinho colocando a mão para tampar o sangue

—Ei, espera! — Yeonjun pegou-me pelo pulso me fazendo virar em sua direção — Pra onde você tá indo?

—Pra casa — tentei me soltar. Esqueci-me até mesmo de agradecer pela ajuda. Sei que essa caridade pode me levar para dois caminhos: ou irei apanhar o dobro ou os garotos vão parar de encher o saco por algumas semanas. Eu aposto na primeira opção.

—Com o nariz sangrando e o rosto vermelho? — pareceu surpreso com meu descaso comigo mesmo. Yeonjun segurou-me melhor e passou a me arrastar por toda extensa rua, até finalmente estarmos na escola novamente

—Eii, por que está me puxando?

—Vamos logo! Vou cuidar do seu machucado!

..................

Quem é vivo sempre aparece! Esse capitulo não está tão bom quando deveria,mas os próximos estarão <3

Ghost (Yeongyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora