''Eu não estou pronto para mostrar para você o quão quebrado estou''
Me levantar e ir para a escola é a ultima coisa que desejo agora, mas estou certo de que ficar em casa e correr o risco de esbarrar com meu pai logo cedo seria pior ainda.
Ainda não estou pronto para encara-lo sem ter vontade de chorar me lembrando das barbaridades que ouvi ontem.
Me pergunto diariamente como minha vida seria se minha mãe e Sojin ainda estivessem aqui.
Talvez meus dias voltassem a ser mais animados, Junnie cumpria bem com isso.
Talvez eu tivesse vontade de voltar para casa apenas para sentir o cheirinho de bolo assim que abrisse a porta de entrada.
Talvez eu parasse de sentir tanto frio.
Depois de colocar meu uniforme desci correndo, estou atrasado como de costume. Correr pelas ruas do bairro até a escola era mais divertido quando fazia isso com Sojin. Ela sempre se atrasava mais que eu precisando correr enquanto amarrava os cabelos ou encaixando os tênis no pés.
[...]
—Bom dia, atrasado de novo —alguém disse atrás de mim, apressando os passos para ficar ao meu lado.
Quando olhei vi yeonjun. Já virou algo meio rotineiro tê-lo me ''seguindo'' pela escola. Na realidade devo assumir que gosto da sua companhia, conversar as vezes faz muita falta.
Ele me olhou por completo, talvez estranhando o fato de que não está tão frio assim para eu estar usando um moletom. Na realidade a intenção é esconder as malditas marcas arroxeadas que ganhei depois da briga de ontem e a faixa que enrolei no pulso,que amanheceu um pouco inchado.
—Tá com febre? Nem tá tão frio — encostou em minha testa
— Só tó achando que vou ficar gripado, então coloquei o moletom. Eu to bem — menti. Odeio mentir assim e odeio mais ainda que o fato de estar fazendo isso é porque sou submetido a conviver com um bêbado descontrolado que se diz ser meu pai.
—Hmm — murmurou, concordando com a cabeça e olhando para qualquer coisa que encontrasse na rua. É como se ele soubesse que não é verdade, mas não diz nada — Ah, você não acredita! ontem eu...— Pulou em minha frente
—Calma, deixa eu tentar adivinhar! Você ganhou um labrador? — rimos, depois ele me olhou confuso
—Pera, que? Porque um labrador? — riu mais ainda tentando entender
—Não sei, eu sempre quis um labrador
—Então você iria sequestrar meu cachorro se eu tivesse ganhado um? — brincou, então entrei em sua brincadeira
—Claro! Acha que eu perderia essa oportunidade? — Ele me olhou fingindo estar indignado
—Okay, me lembre de trancar bem o portão de casa. E eu só ia falar que ontem consegui a Solar Flare Armor no terraria... Depois de você cortar meu barato nem parece mais tão incrivel
—Pera,você ainda joga terraria? Que coisa de velho — zombei e ele revirou os olhos
—YAHH, não é coisa de velho, pirralho! É um dos melhores rpg que existem, sem cultura — socou meu braço de levinho fazendo biquinho, como sempre
O sinal tocou enquanto caminhávamos pelos corredores, então apressamos os passos para não levarmos sermões de nossos professores. Nos despedimos no primeiro andar, já que a sala dele é no térreo e a minha no terceiro andar.
Corri feito louco, se chegar depois do senhor Kang na sala de aula muito provavelmente vou ser levado para diretoria e não estou no pique para visitar meu ''velho amigo'' , Park.
[...]
O dia correu bem até demais nada de novo, e por sorte sem nenhum estresse como sempre.
— Hm, eu deveria criar um apelido para você, né? — Yeon parou de caminhar de repente
—Que? — tirei os fones, por que raios ele quer me dar um apelido?
— Um apelido, ué. Amigos dão apelidos um ao outro. Você nunca teve um, não? — Perguntou na maior inocência, mas confesso que ouvir isso me deixou um tanto quanto cabisbaixo.
Me lembro de quando Sojin passou a me chamar de Big Hero.
Éramos crianças quando assistimos o filme pela primeira vez. Depois daquele dia ficamos brincando de heróis por uma semana inteira e em uma das brincadeiras realmente tive que salvar ela, já que Sojin foi capaz de prender a blusa na porta do elevador da escola. O elevador iria começar a subir em questão de segundos, ela estava tão desesperada que só sabia chorar então não tive outra escolha a não ser rasgar a blusa de frio dela na mão. Até hoje não sei como fiz aquilo tão rápido, mas por sorte ele não se machucou.
E por isso ela passou a me chamar de Big Hero, porque fui o herói dela, apesar de nunca ter realmente me considerado isso.
— Beom? Tá aí ou no mundo da lua? — passou a mão em frente aos meus olhos, me tirando de minha nostalgia
—Eu já tive um apelido sim, tá? — debochei
— E qual era? — Perguntou curioso, prestando muita atenção em mim
— Big hero
— Big hero? Por que? — Demonstrou muito interesse em saber um pouco mais, ele fica fofo quando está curioso porque os olhos brilham e faz biquinho como uma criança.
— A Sojin quem me chamava assim — fiz uma pausa — Talvez eu fosse o herói dela.
Um herói fajuto, que não a salvou quando ela mais precisava.
— Que fofo, gostei — voltou a olhar para frente, balançando a cabeça para comprovar sua afirmação — Mas quero um novo! Que tal... — colocou a mão no queixo, pensativo — O que acha de Cookie?
— Cookie? Porque cookie? Eu tenho cara de bolacha? — Brinquei amassando o rosto, fazendo-o rir
— Sim, você tem uma cara de bolacha! — zombou, revirando os olhos — É que cookies são crocantes por fora, mas macios por dentro. Além de serem docinhos e você é assim!
— Isso não tá certo... — Segurei o riso, mas ele entendeu a brincadeira
—NÃO,BEOMGYU! — bateu em meu braço — tá pior que criança de quinto ano, credo — riu — É porque você só parece ser durão, na realidade é um baita de um bunda mole que gosta de fazer os outros rirem, além de ser super gentil e um doce então... — brincou, fiz cara feia para provoca-lo. Sei que mesmo que ele tenha literalmente me ofendido, não foi nesse sentido.
— Acho que gostei — cedi. Ninguém nunca diz o que pensa sobre mim sem ser em algum tipo de brincadeira maldosa. É sempre ''o esquisitinho do segundo ano'' ou ''o amigo da suicida''. Tudo isso é ridículo demais para dar ouvidos, então sempre tento ignorar, apesar de ter vontade de chorar todas as vezes que se dirigem a mim assim,como um qualquer que não merece nada.
—Bom mesmo, Cookie!Gostando ou não eu ia te chamar assim — Não tenho um minuto de paz sem ser provocado por esse loiro, bonecão de posto — Agora vamos correr porque o guarda já tá fechando o portão — Apontou para a entrada da escola e.. Merda! O segurança está prestes a nos trancar para fora.
..........
Quanto tempo família! Estão bem?
Espero que tenham gostado desse cap, peço desculpas se os últimos capítulos não estejam sendo muito bons, mas espero que possam continuar aqui! Só peço um cadin de paciência que eu prometo que vou fazer um upgrade na escrita <3
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Ghost (Yeongyu)
FanfictionBeomgyu perdeu a pessoa mais importante para si de uma forma muito repentina. Uma promessa foi quebrada, Sojin não estaria mais lá como disse que estaria. Sua vida parecia estar acabada, os problemas com seu pai ficavam cada dia piores. Não parecia...