14|Ajuda

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"Há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do buraco. Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela." - Martha Medeiros

Estava caminhando pelo refeitório indo em direção as mesas mais afastadas para me sentar e tentar comer um pouco. Tenho que assumir que não tenho tido muito apetite ultimamente, minha mente está sempre absorta em pensamentos e toda vez que tento comer algo sinto meu estômago revirar.

Depois de atravessar toda a multidão de alunos no refeitório encontrei uma mesa vazia. As coisas eram tão diferentes antes, nós geralmente comeríamos como dragões e correríamos para o jardim jogar vôlei com o pessoal ou apenas fofocar sobre coisas aleatórias.

-Beomgyu, te achei - alguém disse então olhei para trás me deparando com um garoto alto me encarando. Ele se aproximou e se sentou em minha frente abrindo um sorriso - desculpa, acho que meu hobby é aparecer de repente - Me mantive calado. O que ele está tentando fazer? - eu te vi sozinho, queria saber se está bem! Fiquei sabendo que brigou com alguns meninos e.. - ele se aproximou do meu ouvido colocando a mão do lado da boca - Eu acho que você podia ter quebrado a cara deles! Não gosto daqueles idiotas de qualquer forma - se afastou e me encarou por uma fração de milésimos, talvez tentando decifrar o que meus olhos dizem - Sei que minhas atitudes parecerem estranhas, mas eu quero muito te ajudar.

-Hmm, me ajudar? - perguntei confuso.

-Quero ser seu amigo - foi tão direto que me engasguei com o pequeno pedaço de pão que estava em minha boca

-Porque você quer ser meu amigo? - ele me encarou como se fosse algo obvio - digo, desculpa... É só que, foi um pouco repentino.

-desculpa se cruzei a linha - ele abaixou o olhar - você parece ser legal, só isso... - fiquei um pouco sem jeito para responder. Não sei se quero alguém novo em minha vida agora, ainda é um pouco difícil voltar a interagir como antes, sinto como se minha bateria social tivesse sido danificada depois da partida dela.

-Eu...- gaguejei. O que faço agora?

-Você não sabe se quer alguém novo pra conhecer, não é? eu sei bem...- esse cara é algum tipo de leitor de mentes? isso está me assustando.

-Você é telepata? - as palavras escaparam da minha boca fazendo o loiro rir

-Não tenho telepatia, eu só chutei.

-Você está certo - murmurei- mas eu...eu quero ser seu amigo - gaguejei de novo, meu cérebro parece ter esquecido como interagir sem falhar completamente.

Yeonjun abriu um sorriso tão grande que jurei que seus lábios tocariam os olhos

-Agora você é amigo de um telepata, Beomgyu - ele brincou me fazendo rir. Havia um tempo que não sorria assim. Talvez essa tenha sido uma boa escolha.

-Agora me diz, essas marcas roxas no seu braço...foram os garoto? - engoli seco pensando no que diria. Essas marcas infelizmente são comuns, mas geralmente consigo esconde-las. Por um descuido meu a manga ficou levantada e ele viu. Respirei fundo tentando me manter calmo, meu coração acelerou muito em fração de segundos.

-Caramba, eu cruzei a linha de novo - ele passou a mão pelos cabelos. Por sorte o sinal tocou então pude usar isso como desculpa para ir embora sem uma resposta

-desculpa, preciso voltar pra sala! Conversamos depois, okay? -Me despedi correndo sem olhar para trás. Em que merda eu fui me meter?

Ghost (Yeongyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora