Ghost (Yeongyu)

5|Já é tarde

"Memórias podem nos destruir"

O sinal tocou há pouco tempo e os alunos estão aglomerados pelos corredores como formigas em busca de comida. Esse tumultuo me irrita, mal consigo me mover.

De repente senti uma pontada no coração. Não parece uma dor "comum", é algo estranho. Coloquei a mão no peito tentando manter a respiração e voltei a andar normalmente. O que foi isso?

O corredor começou a se esvaziar então pude andar mais depressa. Estou indo até a sala da Sojin para ver como ela está, já que ainda não nos vimos hoje.

—S-socorro — uma garota saiu correndo pelas escadas do corredor — alg-guem ajuda — ela gagueja desesperada como se tivesse visto um fantasma — lá em cima, el-a esta — a garota começou a entrar em pânico, se abaixou e cobriu o rosto com as mãos enquanto chora de soluçar.

—Ei, o que aconteceu? — me abaixei a sua altura e perguntei tentando ajuda-la

—A-a so — suas mãos tremem, então as segurei.

—Respira, conta comigo 1,2,3 — fiz exatamente como aprendi na aula de primeiros socorros

—Ela..A sojin — soltou, tornando tudo uma única palavra. Meus olhos se arregalaram, o que sojin têm haver com tudo isso?

Alguns alunos se reuniram em volta de nós, então pedi para que alguém chame o diretor e leve a garota para a enfermaria e corri o mais rápido que pude subindo até o terraço de onde a garota veio.

Chegando, olhei para todos os lados a procura de alguém, mas nada. Fui até a estufa abandonado que fica aqui tentando abrir a velha porta enferrujada, chutei-a me arrependendo no mesmo instante que fiz isso.

Assim que a porta se abriu me deparei com Sojin caída no chão, ela está extremamente pálida e com os pulsos ensanguentados. Não pode ser verdade.

Arrastei meus pés, agora quase que inúteis, até ela e me abaixei levantando seu rosto. Olheiras roxas  em baixo de seu olhos, seus cabelos morenos bagunçados cobrindo boa parte de seu rosto. Seu uniforme que sempre está limpo desta vez está manchado com sangue nas mangas.

—O-que....Sojin — chacoalhei seu corpo — Sojin, por favor! Sojin, acorda — meus olhos transbordaram. Minha visão ficou turva, tudo está uma bagunça.

Segurei seu corpo em meus braços. Ele estava ficando cada vez mais gelado, eu a abracei forte tentando mantê-la aquecida. Não importa o quanto eu a balance ou grite, ela não acorda por nada. Isso não pode estar acontecendo.

—Sojin, você prometeu — solucei. As palavras embargam em minha garganta saindo praticamente sem som — Você prometeu que ia estar aqui...por que fez isso? — sussurrei sentindo todas minhas forças se esvaírem.

Ouvi vários passos pesados se aproximando enquanto alguém grita pelo meu nome

—Beomgyu, está aqui? — alguém gritou diversas vezes até finalmente chegar á mim — Por Deus — um homem de paletó paralisou na porta.

— Me ajuda, p-por favor — tentei me levantar ainda segurando-a — não deixa ela morrer, eu imploro —praticamente gritei caindo no chão novamente

—Como?...o que aconteceu aqui —seus olhos se arregalaram e ele ficou tão branco quanto seus cabelos —Solte ela Beomgyu — o Sr.Park ordenou, mas eu não posso. Não posso deixa-la.

—Alô? Chame uma ambulância, temos problemas. Uma urgência! — ele disse para alguém no telefone —Venha garoto — o diretor me arrastou pelo braço tirando-me de perto de Sojin

—Me deixe ficar com ela. Não a deixe sozinha, p-por favor m-me deixe ficar— supliquei entre soluços

Dois funcionários com o uniforme da enfermaria entraram correndo no local parando por alguns instantes antes de se aproximarem do corpo dela. Um deles foi até ela colocando o dedo indicador para verificar seus batimentos então balançou a cabeça negativamente.

—Garoto, olhe para mim — ele segurou meus ombros e tomou fôlego— Não podemos mais fazer nada, já é tarde.

—O-o que? Não é possível, mande-os fazer alguma coisa! Acordem ela!—Gritei, entrando em pânico. Minhas mãos jorram suor. Eu pareço uma fonte d'água humana, l nervosismo tomou conta de mim de tal modo que eu mal consigo me manter em pé. Me sinto enjoado, perdido. Por favor, me diga que é apenas um pesadelo.

Minhas forças se esgotaram e vi tudo girar. Já não tenho mais forças para me manter acordado.