17|Por favor, pare

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Passando para lembrar que Ghost tem uma playlist, que melhora muito sua experiência de leitura. Caso queira escutar, o link está na minha bio! 

Boa leitura<3 

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''As marcas que os ser humanos deixam são, com frequência, cicatrizes'' - A culpa é das estrelas

—Não me interessa se é o que quer ou não, você vai e pronto! — meu pai gritou batendo a taça de vinho na mesa de centro, quebrando a haste do objeto.

Dei um passo para atrás, assustado com a forma como se levantou

—Pai, me escuta — respirei fundo — Eu não quero tomar a frente da empresa, olhe bem pra mim, não sou como você — lágrimas escorreram pelos meus olhos.

Mais uma vez ele insiste em colocar-me como herdeiro de sua empresa de cosméticos. Eu não quero isso, além de ser responsabilidade demais para mim, não é isso que quero para meu futuro. 

—Realmente, ainda falta muito para que seja como eu. Preferia colocar qualquer um competente o suficiente para tocar os negócios, mas não posso porque isso acabaria com minha reputação! Fodasse se não é o que quer, eu não me importo com o que pensa. Apenas me obedeça, moleque! — Gritou, sem tirar os olhos de mim.

Odeio seus olhos. Odeio o fato de que me deixam assustado.

—Eu nunca pedi para ser seu filho e se pudesse permitiria que qualquer um que tenha um coração fosse meu pai! — elevei o tom de voz permitindo-me dizer o que estava entalado em minha garganta

Ele aparentou ficar chocado com minha coragem, não mexeu um músculo sequer, mas sei que está apenas se segurando para não fazer o que sempre faz.

—Você é tão repugnante que me dá nojo. Eu o odeio, o odeio porque matou uma das únicas pessoas que me amou de verdade, o odeio porque nunca assumiu o que fez, o odeio por ser meu pai. Você nunca foi capaz de amar alguém de verdade e ninguém nunca vai ser capaz de amar alguém tão covarde quanto você! Preferia mil vezes que você tivesse ido, não ela — Ainda mais lágrimas escorrem pelos meus olhos, dizer tudo isso dói muito, porque apesar de tudo ele é meu pai. Por um instante pensei que não seria mais capaz de respirar. Senti tudo se fechando e o ar parando de entrar para meus pulmões.

Quando finalmente voltei a respirar e me recompus ficando ereto, o vi partir para cima de mim com os punhos cerrados. Ele parece estar com tanto ódio que seria capaz de me matar agora mesmo.

—Então vá! Vá encontrar a sua mãe no inferno! — me derrubou no chão segurando a gola de minha camiseta e dando-me socos tão fortes que me senti desnorteado em questão de segundos.

Minha cabeça foi empurrada para a parede e meu corpo permanece pressionado contra o seu no chão. Cada soco me faz odiá-lo mais ainda.

Eu o odeio.

Odeio ser seu filho.

Odeio tudo nele.

Odeio ser submetido a isso.

Odeio não conseguir fazer nada.

—Por favor — chorei, sem forças para completar a frase — Para, por favor — supliquei, sentindo-me quebrado por dentro ao lembrar-me de minha mãe dizendo isso

Por favor querido, pare.

Supliquei baixinho diversas vezes até que ele parou. Se levantou e olhou-me nos olhos, enquanto permanecia no chão.

Ele não disse uma palavra sequer, mas pela primeira vez o vi chorar.

Algumas lágrimas escaparam pelos seus olhos e pude ver o quanto de culpa eles carregam. Ele os limpou então se virou dando alguns passos para longe de mim, permaneceu parado no começo da escada por um longo minuto — Um dia eu a amei, Beomgyu.

Então meu coração se quebrou por completo, cada pedaço que ainda estava completo foi quebrado por essas palavras. Meus olhos se inundaram de tal forma que me sinto sufocado pelas lágrimas e pensamentos.

Um dia eu a amei.

Se aquilo era amor, prefiro nunca senti-lo, porque machuca.

Eu era criança, mas sabia que aquilo não era amor.

Eu cresci vendo o pior exemplo possível de relacionamento, como posso acreditar que o amor vai além disso?

Me levantei com dificuldade, levando quase dois minutos para fazer isso. Meu pulso dói, meu peito também. Para ser sincero não sei o que não dói, porque pareço ter quebrado em milhões de pedacinhos, tanto por dentro, quanto por fora.

Eu não sei mais se conseguirei aguentar.

Perdi as únicas pessoas que me amavam.

Quando tudo isso vai acabar?

O que fiz para merecer tanta dor?

Talvez eu mereça sofrer por ter feito alguém sofrer em outra vida.

Ou talvez , só não mereça ser feliz.

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Eita como eu to di boa

Gente do céu, como foi complicado escrever isso. Me coloquei no lugar do Gyu por alguns minutos para conseguir descrever, mas acho que nunca serei capaz de realmente entende-lo. A dor pode mudar muito uma pessoa e a forma como ela vê os sentimentos e o mundo. As vezes penso que o beom não odeia o pai dele, mas eu, como escritora, odeio esse homem.

Enfim, espero que tenham gostado. Amo vcs, até o próximo capitulo <3

Ghost (Yeongyu)Onde histórias criam vida. Descubra agora