''Toda minha dor e todas suas desculpas. Eu era criança, mas não burro. Alguém que te ama nunca faria isso.'' - Family line, Conan gray.
Depois de horas sentados comendo como se nunca tivéssemos visto comida em nossa frente, decidimos voltar para casa. Nós parecemos crianças durante a caminha de volta, gritando e correndo um atrás do outro. Na maioria das vezes é Yeonjun quem grita e corre atrás de mim para me bater porque eu sempre o provoco.
—Está entregue, cobro uma taxa de mil wones pelo serviço e quem sabe o bom moço não me paga o dobro por ainda estar inteiro — Ri do modo com ele falou.
—Mero súdito, não terá pagamento hoje — ele torceu o nariz, insatisfeito com a resposta
—Então eu vou quebrar suas pernas — eu corri quando ele deu alguns passos rápidos em minha direção, nunca se sabe quando yeon está falando sério.
—Boa noite, Senhor — ele parou de repente e fez reverencia para alguém. Olhei para trás e meu pai estava parado na porta nos encarando. Droga.
—O que estão fazendo? — perguntou seco
—Perdão por ter te incomodado Sr.Choi, estava acompanhando o Beomgyu no caminho de volta — Yeonjun disse parecendo tentar amenizar a raiva do meu pai.
—Entre Beomgyu — ele finalizou ignorando por completo a presença do Yeon e me fitando com um olhar ameaçador. Esses olhos sempre me trazem calafrios, parecem estar perfurando até o fundo da minha alma.
Olhei para Yeonjun que se manteve calado. Sua expressão pode parecer indescritível, mas eu tenho certeza que ele está falando milhares de palavrões em sua cabeça.
Fui até ele abraçando-o rápido
— obrigado por hoje — Ele apenas sorriu e bagunçou meu cabelo enquanto se afastava do abraço. Me virei entrando em casa, senti meu estômago se revirar. Estava com medo da reação real do meu pai. Ignorar yeonjun foi apenas a ponta do iceberg.
—Não quero que saia com esse garoto — ele disse enquanto fechava a porta. O olhei assustado
—Por que não?
—Você não precisa dele. Fora que vê-los abraçados é repugnante, já me basta aquela fofoca de tempos atrás — respondeu enojado. Amizades nunca significaram nada para ele. Ele nunca foi capaz de entender o quão importante meus amigos são para mim.
—Não vou me afastar de Yeonjun — respondi surpreso ao perceber como as palavras saíram de minha boca. Ele riu e me encarou se aproximando um pouco mais.
—Apenas obedeça, moleque. Não aprendeu nada depois da morte daquela garota? No final ela se matou e te deixou sozinho, não foi?
—Você não sabe pelo que ela passou para tomar essa decisão, então cale a boca! — gritei e logo senti sua mão dando-me um tapa no rosto. A adrenalina corre por minhas veias.
—Quem acha que é para gritar comigo? Mais um deslize seu e eu não irei ter piedade alguma ao puni-lo! — é incrível como toda a pose de bom homem que ele mostra para o mundo externo cai quando somos só eu e ele.
—Vai fazer como fez com minha mãe? É um covarde que não teve coragem de assumir o crime que cometeu e desconta a raiva no filho. Você não passa de um covarde, imund.. — parei sentindo minhas costas baterem na parede.
—Cale a porra da boca! Você se acha muito corajoso não é mesmo? Eu deveria acabar com você assim como fiz com sua mãe! — ele partiu pra cima de mim batendo em meu rosto com o punho fechado.
—Então acaba com isso de uma vez — gritei já sentindo gosto de sangue em minha boca. Cada parte do meu corpo começou a doer, não necessariamente pela surra, mas por lembrar de cada uma das vezes que minha mãe passou por situações parecidas. Cada soco ou tapa dói o dobro.
De repente ouvimos a campainha tocar. Ele parou por um segundo e olhou em meus olhos largando-me no chão com tudo
—O que essa velha está fazendo aqui? — resmungou olhando pelo monitor da campainha. Arrumou a roupa e abriu um pouco a porta — Sr.Kim, já está tarde! O que quer? — Esforcei-me para ficar de joelhos tendo uma visão melhor do lado de fora.
—Sei que sim senhor, mas gostaria de ver o Beomgyu. Posso entrar? — ela perguntou dando um passo a frente, mas ele impediu.
—Ele não está! — Covarde e mentiroso.
—Bem, então pode entregar isto a ele? Deseje feliz aniversário por mim — ela entregou uma sacola e sorriu se despedindo.
Meu pai finalmente entrou e trancou a porta.
—Vejo que recebeu um presente de aniversário — ele fingiu surpresa olhando para dentro da sacola depois a soltando no chão derramando tudo — Feliz aniversário, filho— passou a mão pela minha cabeça e subiu agindo como se nada tivesse acontecido.
O chão está coberto por sopa de algas e kimchi. Ela preparou tudo isso para mim?
Minha visão ficou embaçada graças às lágrimas. Ela não se esqueceu.
Meu peito doí a cada gota que caí. Aproximei-me da sacola e vi que dentro há um envelope, abri e me deparei com diversas fotos minhas com os Kim. Meu rosto arde de tanto chorar.
Sinto tanta falta dessa época.
Sinto falta de viver.
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Ghost (Yeongyu)
FanfictionBeomgyu perdeu a pessoa mais importante para si de uma forma muito repentina. Uma promessa foi quebrada, Sojin não estaria mais lá como disse que estaria. Sua vida parecia estar acabada, os problemas com seu pai ficavam cada dia piores. Não parecia...