Capítulo 35

2.1K 194 51
                                    

Pov. Amélia

Eu praticamente não sabia para onde ir,  se eu tivesse que encarar Rooster... isso acabaria comigo, se tivesse que encarar meu pai seria pior ainda mas o destino foi cruel comigo. Eu estava quase chegando na entrada do alojamento quando meu pai me parou, ele me deu um sorriso e depois me abraçou.

- Como está a minha pessoa preferida do mundo todo? – Ele segurou meu rosto e beijou minha testa antes de se afastar... meu pai estava tão feliz.

- Ótima! Você voltou inteiro e agora temos uma vida toda para aproveitarmos juntos. – Eu sorri enquanto eu o abracei de lado enquanto andávamos até um banco.

- Até eu me cansa e você precisar ir para outra missão. – Ele brincou dando uma pequena risada, depois se sentou, eu o olhei por alguns segundos antes de fazer o mesmo. – Aliás, por que está vestida assim? – Parece que só agora estranhou a roupa da marinha que eu estava vestindo sem necessidade aparente.

- Precisei pegar algumas coisas no hangar, achei falta de respeito ir sem o uniforme. – Eu disse dando de ombros, então me encostei mais no banco enquanto olhava para o pequeno jardim que dividia os alojamentos, em minha frente.

- Poderia pegar outro dia, nós vamos embora no sábado só. – Ele disse. Hoje era segunda feira, partiríamos juntos no sábado se as coisas não tivessem saído do controle mas saíram. - Aliás, Cinque Terre. É pra lá que nós vamos, é do jeito que você pediu, podemos passar alguns dias lá e depois vamos para outro lugar da Itália, o que acha?

Meu coração se apertou a cada palavra que ele me dizia, eu não estaria com ele... Provavelmente ele nem iria sem mim. Ficaria sozinho....mas Penny estaria com ele e agora Rooster também.

- Cinque Terre é perfeito, pai. – Eu disse enquanto levava meu olhar para ele, então eu sorri, na esperança dele não perceber meus olhos marejados. Ele ignorou isso, apenas levou sua mão para meu cabelo e acaricou o mesmo levemente.

- Ame! Por que saiu tão cedo? – Ouvi a voz de Rooster enquanto ele se aproximava de nós dois, tinha me esquecido que nem mesmo o avisei.

- Não quis te acordar, ainda era cedo, fui para o hangar mas já estou de volta. – Eu me levantei, então envolvi meus braços em seu pescoço, ele deu um pequeno sorriso, então me abraçou de volta.

- Dormiram juntos? – Meu pai perguntou, eu o olhei, ele estava encarando especificamente juntos.

- Você já devia saber disso. – Rooster disse enquanto começou a rir, meu pai ainda estava o sentado no banco, então Brad me soltou e se sentou ao seu lado. – Sabe que vou para a Itália com vocês, não sabe?

Meu pai ainda estava o olhando, praticamente tentando não processar o que estava estava acontecendo.

- Fique a vontade, estarei lá o tempo todo, saiba disso. Posso pegar uma casa com três quartos, nãoo deve ser difícil de achar. – Meu pai quase não conseguiu segurar a risada ao ver a cara de Bradley.

- Vai dormir separado da Penny? – Bradley disse, então os dois gargalharam. – Além disso, saiba que talvez eu me mude para sua casa, em qualquer lugar que vocês estejam.

- Ficou a vontade muito rápido, Rooster. – Meu pai disse, sabia que estava brincando, seu sorrisinho denunciava isso.

- Saiba que você negar, meu pai vai ficar decepcionado, então, você já sabe. – Era raro os momentos em que a Rooster falava do seu pai no tom de brincadeira, esse era um desses momentos.

- Droga! Você vai mesmo ter que vir. – Os dois gargalharam novamente.

Eu estava apenas observando, rindo também das coisas que eles falavam mas por dentro eu estava chorando, meu mundo voltou a desabar porque talvez eu nunca fosse realmente viver aquilo. Eu não veria meu pai se mordendo de ciúmes por muito tempo, teria mais uma semana para assistir Rooster o provocar, apenas isso. O universo não me permitiu viver o que tanto almejei por anos.

- Ame? – Rooster me chamou mas os dois estavam me olhando confusos, provavelmente porque meu sorriso sumiu e eu me perdi totalmente em meus pensamentos.

- Ainda não vi Phoenix, preciso ir, tá bom? – Eu abracei meu pai e beijei Rooster antes de sair um pouco apressada em direção ao alojamento. Eles ficaram confusos mas não me chamaram para voltar,provavelmente realmente entenderam como um desespero por saber como Trace estava.

Eu não cheguei nem na metade do corredor sem começar a chorar, eu mal estava conseguindo respirar quando bati algumas vezes na porta, não sabia se Hangman estava lá, eu esperava que não estivesse. Eu precisava que ele estivesse longe dali.

- O que aconteceu?! Ame! – Phoenix me puxou para dentro assim que abriu a porta, eu mal conseguia parar de chorar para falar, quase não conseguia fazer com que minhas pernas se movessem para dentro do quarto. – Se Rooster fez alguma coisa dessa vez! Amélia! Eu juro que vou atrás dele agora!

Trace parecia nervosa, eu estava tão mal assim? Ela estava me olhando enquanto eu tentava respirar para dizer alguma coisa.

- Ame! Fala comigo! – Ela segurou em meus braços enquanto olhava no fundo dos meus olhos.

- Vou ser mandada para o Iraque na segunda. Reforço aéreo, Phoenix. – Eu disse entre os soluços, minha voz quase não saía pela minha garganta e minha cabeça já estava começando a doer.

Sua expressão se suavizou, ela parecia chocada agora, ainda não tinha parado de me encarar mas se afastou aos poucos, até mesmo ela parecia precisar digerir essa situação.

- Não podem te mandar para a porra do Iraque agora, Amélia. – Agora ela parecia furiosa, não comigo, com qualquer um que tenha tomado essa decisão por mim.

- Eles podem. E eles vão fazer isso. – Eu disse quando controlei minhas lágrimas, então eu me aproximei dela e a abracei, nem medi minhas forças nesse abraço e ela também não quando retribuiu.

- Ame, eu nem vou estar aqui na segunda, quase ninguém vai estar. Caralho! Você não pode ir! – Ela começou a frase sem parecer estar chorando mas terminou claramente com sua voz embargada.

- Phoenix... Trace... Você foi a única pessoa que eu contei até agora. – Eu engoli o nó que estava em minha garganta, então ela olhou para mim. – Eu sei que você vai embora na quarta e eu definitivamente não quero que seja a última vez que vou te ver.

Seus olhos estavam começando a ficar vermelhos e as lágrimas que corriam pelo meu e pelo seu rosto pareciam incontroláveis.

- Então me promete que vai voltar, Ame. Me promete que vai derrubar qualquer avião que aparecer em sua frente, me promete que vou te ver saindo da porra do avião de guerra quando você estiver de volta. – Ela disse, apesar das suas lágrimas estarem ainda caindo, ela parecia estar tentando se controlar.

Eu não a respondi. Não iria prometer. Eu não tinha ideia do que encontraria lá.

- Você foi a melhor pessoa que conheci nesse lugar, Trace. E eu espero, de verdade, poder te encontrar de novo, em circunstâncias melhores... – Eu precisei dizer pausadamente porque sabia que desabaria novamente.

- Ame... Eu juro, se você desaparecer do mapa, eu vou te caçar e vou jogar meu avião contra o seu. – Ela deu uma pequena risada em meio às lágrimas e eu também. – Não vai ser a última vez que vamos nos ver, se você não me prometer isso, eu prometo para você. Vou te encontrar de novo, Ame.

{...}

TOP GUN - Maverick's DaughterOnde histórias criam vida. Descubra agora