[10] Monstros podem ser reais

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Não demorou muito para que Morgan ligasse e fôssemos informados: o assassino não havia sido achado no endereço. Com certeza era o local onde ele mantinha as vítimas, mas, contrariando o que achávamos, ele não estava lá. Não conseguia decifrar o que estava sentindo, se era alívio por saber que estava tudo bem ou se era mais tensão por esse homem de atitudes monstruosas ainda não estar atrás das grades.

Assim que Morgan desligou o telefone, a porta da delegacia se abriu com certa brutalidade. A partir daí foi tudo tão rápido que mal sei como os fatos se deram.

Ouvimos um barulho muito alto vindo da porta e alguma coisa aconteceu no teto da delegacia. Quando percebi, Reid já havia me puxado para baixo da mesa e estava na minha frente, de costas, me cobrindo quase que por inteiro com seu corpo magrelo, e tinha uma das mãos na arma presa ao seu cinto. Só então me dei conta de quem quer que estivesse parado na porta havia atirado em direção ao teto. O desconhecido se aproximou, chegando a uns 5 metros de onde estávamos, e então pude ver seu rosto: era ele, o homem que havia aparecido na tela do computador há poucos minutos, o homem que Penelope havia identificado como o assassino! O homem que eu considerava uma aberração, um monstro, que havia destroçado sua última vítima agora estava bem ali, na nossa frente. E o pior: havia alguém com ele, um jovem de aproximadamente 16, 17 anos, a quem o homem segurava pelo pescoço e apontava a arma para o peito. O adolescente usava uma espécie de mordaça, estava assustado e confuso, olhava para todos pedindo por socorro.

Minha cabeça começou a girar, meu corpo todo tremia. Eu não conseguia me mover, estava totalmente paralisada como naqueles pesadelos em que você simplesmente não consegue reagir.

Ao contrário de mim, Reid pareceu manter a racionalidade e logo começou a falar, dirigindo-se ao homem:

- Mantenha a calma, você não precisa fazer isso. - disse Reid se levantando, mas permanecendo entre mim e o assassino. Ele levantava as duas mãos, mostrando estar desarmado.

- Como não? Claro que preciso! Ele não é mais humano, é uma criatura das sombras! Vocês não entendem, vocês não acreditam, mas eu sei o que precisa ser feito e vim até aqui para provar que estou certo.

- Mas eu acredito em você! Você me ensinou como se faz. Agora que está aqui, pode deixá-lo conosco. Nós não o deixaremos escapar. - Reid era muito bom blefando, tão bom que até mesmo eu acreditei no que ele dizia.

- Não! Vocês pensam que eu sou louco! Mas eu vou provar, vou provar agora. Esta arma está com balas de madeira de cedro branco, o único tipo de madeira que pode matar essa criatura. - ele apertou mais o pescoço do garoto e encostou a arma em seu peito.

Foi então que outro barulho muito alto surgiu da porta. Quando percebi, o homem já estava no chão rodeado por uma poça de sangue. O jovem estava caído e chorava compulsivamente, parecia estar sangrando também. Vi toda a cena em partes, pois Reid estava novamente a minha frente, agachado, como que me abraçando de forma desajeitada, seus cabelos no meu rosto. Foi a reação dele ao ouvir o outro tiro, me proteger.

Então todos entraram na delegacia, policiais e agentes. Hotch foi em direção ao homem, afastou a arma da mão ensanguentada e constatou sua morte. Morgan e Kate foram em direção ao garoto, tiraram sua mordaça e o ajudaram com uma ferida em seu braço, provavelmente causada por uma faca que o homem levava em uma espécie de cinto atravessado no peito. JJ veio até nós e só então percebi que Reid e eu ainda estávamos em nosso abraço desajeitado e abaixado. Não sei como nem quando isso aconteceu, mas meus braços estavam agora ao redor dele, apertando-o com força contra mim.

- Estamos bem. Ela só está assustada. - era Reid falando com aquele tom tranquilizador novamente para acalmar minha cunhada.

Com essas palavras pronunciadas por ele perto do meu ouvido, tomei consciência da situação. Com um sobressalto, parei de apertá-lo e me levantei.

- Preciso ajudar o garoto. - a ferida parecia não ser grave, mas meus conhecimentos médicos podiam ser úteis na espera pela ambulância que eu já ouvira Morgan chamar.

Além disso, precisava de uma distração e uma boa desculpa para a vermelhidão que tomava conta de todo o meu rosto. Ruborizei constrangida, tentando entender o que foi aquele abraço estranho de segundos atrás.

Um amor inesperado (Criminal Minds)Onde histórias criam vida. Descubra agora