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- Maggie... Maggie... - eu ouvia ao longe, mas a vontade de continuar dormindo era maior do que aquela voz - Maggie! - alguém começou a me chacoalhar e eu finalmente abri os olhos.

- O que foi? - eu disse, com a voz arrastada de sono.

Spence estava sentado ao meu lado na cama, tinha meu celular na mão.

- Sua mãe no telefone. - ele me entregou o celular enquanto eu fazia uma careta. Ok, eu deveria ter falado com mamãe na noite anterior, mas eu estava exausta. Infelizmente, não queria falar agora também.

- Meu docinho, como você está? Falei com seu irmão ontem à noite, mas precisava falar com você também. Eu quase peguei um avião para ir até aí! Leo teve que me amarrar para que eu não desobedecesse o que seu irmão me pediu e fosse até aí. - ela disparou tudo de uma vez só, nem me dando chance de falar.

- Está tudo bem agora, mãe. Sério. Não há porque se preocupar. - eu disse sem muita vontade, com a cabeça ainda no travesseiro.

Spence ameaçou levantar da cama para sair do quarto e me deixar com mais privacidade para falar com minha mãe, mas eu segurei sua mão e fiz com que se deitasse de novo, bem próximo de mim.

- Desculpe se eu acordei vocês, querida, Leo falou para eu não ligar agora... - Leo era o namorado de mamãe, um cara legal até onde eu sabia - A ligação não está no alto-falante, né? Ele não está ouvindo? Posso te perguntar uma coisa?

- O quê? - a ligação mudou tão rapidamente de assunto que me perdi.

- Por que Dr. Reid está aí com você? Ele atendeu a ligação lá pela 13ª vez que eu liguei. Mas não fique brava com ele, por favor, ele deve ter ficado preocupado do porquê de tantas chamadas... Vocês estão namorando? - ela disparou mais uma vez, soltando a última frase com uma empolgação exagerada.

- O quê? Mãe, por favor. Pare com isso. - olhei para Spence, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas. Por sorte, acho que ele realmente não tinha ouvido o que ela disse, pois me retribuiu com um olhar confuso.

- Eu sou sua mãe. Margaret. Eu tenho o direito de saber. - ela disse, tentando parecer severa sem muito sucesso.

- Ok. Sim, estamos. Feliz agora? - tentei soar brava, mas não consegui. Deixei meu sorriso transparecer no tom de voz no final da fala.

- Querida, isso é maravilhoso! Ele é tão inteligente e bonito e...

- Mamãe, podemos falar sobre isso mais tarde? - eu a interrompi antes que ela me envergonhasse ainda mais.

- Sim, sim, claro. Não vou atrapalhar. - ela soltou uma risadinha maliciosa - Fique bem, querida, e ligue para mim se precisar. Beijos meus e do Leo.

Minha mãe encerrou a ligação e a tela do meu celular se acendeu, mostrando a hora (três da tarde) e as milhares de mensagens de pessoas que haviam descoberto os últimos acontecimentos. Como diz aquele velho dito popular, notícia ruim corre rápido. Ignorei todas elas, não queria ler aquilo ainda. Prometi a mim mesma que responderia a todos mais tarde. Fui deslizando o na tela e parei ao ver uma mensagem de Anna que, pelo horário, deveria ser logo depois da ligação dela na noite do sequestro. Eu não pegava no meu celular desde aquele momento. Provavelmente ele estava com Spence o tempo todo.

- Como ainda tem tanta bateria? - pensei alto ao olhar a porcentagem no canto superior direito.

- Eu carreguei para você, achei que fosse precisar. Estava na minha bolsa, não entreguei ontem porque você não pediu e pareceu não estar com cabeça pra isso. - ele justificou.

Abri o aplicativo de bate-papo e procurei a conversa com JJ. Digitei a seguinte mensagem:
"Podemos conversar hoje?"
Não esperei para ver a resposta. Bloqueei a tela do celular e o descartei, colocando na cômoda ao lado da cama. Virei de novo para Spence:

- Não preciso disso agora. - sorri para ele.

- Devo perguntar sobre o que foi essa conversa? - Spence retomou o assunto da minha mãe.

- Melhor não. Coisas de mãe, nada de mais. - respondi fazendo uma careta.

- Você ficou chateada por eu ter atendido a ligação dela? - ele falou tão baixo que eu quase não escutei, como se estivesse com medo da resposta.

- É claro que não. Eu conheço minha mãe, provavelmente ela ligaria 250 vezes até alguém atender. - ela conseguia ser bem mala quando queria.

Spence assentiu antes de continuar:

- Falando sobre mães, eu estava pensando em tirar alguns dias de férias e ir visitar a minha, o que acha? Eu sempre vou vê-la quando ela não está muito bem, seria bom ir agora que está tudo certo por lá só para aproveitar um pouco. - Spence levou uma das mãos até meu cabelo, fazendo cafuné. Sua expressão trazia um certo remorso que eu já sabia existir por ele não ver tanto a mãe quanto gostaria e precisaria.

- Ótima ideia! Ela vai amar vê-lo, deve sentir muito a sua falta. - agora a ideia de ficar sozinha enquanto ele viajava não me apavorou como na noite anterior.

- Excelente! Assim que voltarmos já podemos marcar que dias sairemos. - Spence se agitou de empolgação.

- Nós? - arregalei os olhos, surpresa.

- Sim, eu estava pensando que você poderia ir junto. Você acha que não? - ele franziu a testa.

- Sim! Quer dizer, eu vou adorar conhecê-la! Mas... - fiz uma pausa por não saber direito como colocar aquelas palavras.

- Só não me venha com o clichê de que tem medo que ela não goste de você... - ele sorriu, segurando o impulso de rir de mim.

- Mas é assim que eu me sinto, Spence. Como se fosse uma adolescente de novo. - fiz um beicinho teatral que o fez soltar uma gargalhada.

- Ela vai amar você, Maggie. Posso garantir isso. - ele disse ainda sorrindo.

- Como você pode saber? - deixar minha insegurança ainda mais clara.

- Porque eu amo você e isso basta.

A frase me pegou desprevenida e eu paralisei por uma fração de segundos. Quando me recuperei, aproximei lentamente meu rosto do dele e segurei a sua mão que não estava no meu cabelo entre as minhas. Levei meus lábios até os dele e o beijei com vontade, sentindo o gosto de menta do meu creme dental em seus dentes recém escovados.

Levei um susto ao ouvir o "plimmmm!" do meu celular que sinalizava uma nova mensagem, o que me fez interromper o beijo. Spence riu de mim mais uma vez.

- Preciso trocar esse barulho chato. - eu disse, pegando o celular de novo e colocando-o no silencioso, mas não sem antes olhar para a tela e ver a mensagem que havia chegado.

Era JJ: "Acho que Will vai ir ao supermercado daqui umas duas ou três horas. Vou pedir para ele levar Henry junto para podermos conversar mais tranquilas. Espero você."

Suspirei e guardei o celular mais uma vez. A conversa com minha cunhada não seria das mais agradáveis, mas eu sentia necessidade de falar.

Dessa vez, Spence não questionou a mudança em minha expressão. Ele só ficou ali, deitado ao meu lado. Me aninhei eu seu peito e deixei que seus braços me envolvessem, agradecendo por poder ficar ali mais um tempo antes de ter que levantar e enfrentar o mundo lá fora.



* Gente, estamos quase chegando a 1000 estrelinhas no livro! Ajudem e deem estrelinhas em todos os capítulos para chegarmos lá o quanto antes. Ah, não esqueçam de curtir a página http://facebook.com/1AmorInesperado ou pesquisem lá por Maggie LaMontagne. Espero que estejam gostando! ☺️
Beijos ❤️ *

Um amor inesperado (Criminal Minds)Onde histórias criam vida. Descubra agora