Eu havia acabado de chegar a minha sala quando recebi uma mensagem de Penelope: "Avengers Assemble em 15 minutos". Dei uma checada no que havia de novo em cima da minha mesa e em poucos minutos já estava no elevador em direção à BAU. Era terça-feira de manhã e eles haviam chegado de viagem segunda à noite após mais de 36 horas em um único caso. Sim, eles foram chamados num domingo de manhã (naquele emprego nunca se tinha folga). Eu não via JJ e Spence desde nosso desastroso passeio ao parque no sábado, mas havia feito quase todas as refeições dos dias seguintes com mamãe, Henry e Will (quando ele não estava trabalhando também).
Spence me ligava todas as vezes em que era o seu "tempo de ficar sozinho e descansar um pouco". E é claro que ele confessou que preferiria me mandar cartas, mas essa comunicação não seria eficiente na nossa situação.
Saí do elevador e, ao subir a pequena escadaria, podia ver Penelope com todas as suas cores andando de um lado para o outro no interior da envidraçada sala de reuniões. Já posicionado na mesa redonda de costas para a porta estava Spence. Ele era sempre um dos primeiros a chegar.
- Bom dia! - eu disse ao abrir a porta.
Spence se voltou para mim com um sorriso tão amplo que eu tive de conter um suspiro.
- Hey, Maggie! Bom ver você! Fique a vontade, os outros já vão chegar. Se quiser um café ou um chá é só pegar. Vou lá buscar mais uns materiais. - Penelope saiu com seus tradicionais passos apressados. Sempre tinha vontade de rir dessa hiperatividade dela.
- Você está bem? - perguntei a Spence enquanto sentava na cadeira ao seu lado. Apoiei o cotovelo na mesa e a cabeça na mão, virando meu rosto para seu lado.
- Sim, e você? - ele perguntou também me olhando.
- Uhum. O que você sabe sobre o caso? - olhei para o que estava a minha frente para não me perder nos olhos dele.
- Parece uma sequência anormal de suicídios sem motivos aparentes. Mas alguém deve achar que não são só suicídios para estarmos aqui. - olhei-o de volta e ele ainda me fitava - Eu quero muito... - ele disse num sussurro. Não precisava completar a frase para eu saber o que ele queria.
- Nós conseguimos fazer isso. Precisamos fazer. Podemos separar as coisas. - sussurrei em resposta.
Ele assentiu e franziu a testa. Logo os outros começaram a chegar e falar mais sobre o caso. Apesar da minha experiência na BAU não ser grande, eu já conseguia compreender quase tudo o que eles falavam e faziam. As causas e consequências das ações, os termos técnicos. Kate não estava presente e eu não sabia ao certo o que havia acontecido. Pelo que entendi, ela não participaria desse caso.
Hotch me explicou que precisava de uma avaliação meticulosa e precisa sobre os corpos. A polícia acreditava não se tratarem de suicídios e sim de um possível serial killer que os forjava, mas a perícia e o laudo do legista não davam indícios dessa possibilidade. Minha opinião estava ganhando importância na BAU e eu precisava continuar concentrada no trabalho para manter uma boa reputação, o que não era fácil com aqueles olhos castanho-esverdeados de Spence constantemente sobre mim. Eu tinha vontade de encostar nele, abraçá-lo, pegar sua mão. Isso era algo que teríamos de aprender com o tempo, precisávamos ao menos tentar para que desse certo. Nossas emoções não deveriam ser notadas e não poderiam influenciar nosso desempenho no trabalho.
************
Já estávamos no avião, a BAU trabalhava duro para estabelecer conexões entre as vítimas e formar sua vitimologia. Até o momento, os alvos pareciam ser completamente aleatórios. Garcia aparecia numa das telas do jatinho agindo com seus dedos rápidos. Enquanto isso, eu pensava nos traços que deveria procurar: marcas de estrangulamento sob a corda, possíveis penetrações de agulhas, danos em órgãos internos sem vestígios aparentes, indícios de asfixia... As imagens dos meus livros de anatomia, os quais virei tantas madrugadas lendo e relendo, permaneciam agora em minha mente num looping infinito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor inesperado (Criminal Minds)
FanfictionMaggie tem uma vida boa. É jovem, formada em medicina e possui um cobiçado emprego no Federal Bureau of Investigation (FBI), onde atua como legista. Seu sonho é trabalhar com a Behavioral Analysis Unit (BAU) e ajudar o time a traçar perfis de serial...