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- Hora de ir! - Reid anunciou. - Quer que eu leve você, Maggie? É no meu caminho.

- Você pode ficar aqui se quiser. - JJ me disse.

- Você sabe onde ela mora? - Will pareceu surpreso, mas não desconfiado.

- Ele esteve lá ontem. Parece que se sujou com alguma coisa e Maggie o ajudou antes de sermos chamados. - foi JJ quem correu para responder, sem sequer nos dar a chance de ficarmos embaraçados.

- É, foi isso. - soei tão confiante que até me surpreendi. Reid apenas concordou com a história - Obrigada, mas acho melhor ir para casa. Amanhã combinamos alguma coisa, já que sábado é dia de folga. Aceito a carona. - na BAU nunca se sabia quando eles seriam chamados para um novo caso, então dias de descanso podiam não ser bem assim.

- Claro! Marcamos alguma coisa. Até porque mamãe disse que só ficará alguns dias. - comentou Will. Nossa mãe já havia ido dormir. Segundo ela, não tinha mais nossa juventude para ficar até tarde batendo papo.

Nos despedimos dizendo que foi uma noite muito agradável e que deveríamos fazer jantares desses mais vezes. Quando saí pela porta, me deparei com um carro antigo (nunca entendi muito do assunto, então não tinha informações como ano e modelo). Na verdade, só agora me dei conta de que não sabia que Reid dirigia e tinha carro.

Quando entrei, um torpor tomou conta de meu corpo e eu tive um impulso de sorrir. Era o cheiro dele para todos os lados, o mesmo cheiro que eu sentia quando o abraçava.

- Eu não sabia que você tinha carro. - eu disse quando ele deu a partida.

- É, mas não gosto muito de dirigir...

- Entendo. Também não gosto.

- Você tem habilitação? - ele fez uma expressão de surpresa.

- Tenho sim! E eu era muito boa. Pena que postes e muros insistiam em surgir do nada na minha frente. - ele riu de mim.

Não falamos mais e isso não era desconfortável como antes, era só uma pausa em que o silêncio falava por nós. Na noite escura, com as luzes da cidade passando apressadas pelo vidro do carro, ele olhava para frente com uma expressão serena e feliz. E ele estava, de fato, feliz. Pude analisá-lo com precisão: os olhos de um tom castanho-claro puxado para verde, o nariz reto, as covinhas nas bochechas, o cabelo bagunçado... parecia lindo. E era lindo de todas as formas possíveis, deslumbrante em sua maneira própria.

Meus devaneios foram interrompidos pelo carro parando. Já havíamos chegado a minha casa.

- Venha comigo, preciso entregar suas roupas. - eu disse quase num sussurro olhando para ele.

- Acho melhor outra hora, você deve estar cansada... - ele manteve meu tom baixo e sustentou meu olhar.

- Vamos lá, eu insisto. - eu disse sorrindo.

Ele deu um sorriso bobo e assentiu. Não era preciso muito para convencê-lo a passar mais tempo comigo e saber disso me fazia muito bem. Saímos do carro e ele se posicionou rapidamente ao meu lado, segurando minha mão. Nossos dedos se entrelaçaram mais uma vez. Seguimos assim por todo o caminho, não nos separamos nem para eu abrir as portas.

Quando entramos no meu quarto, ele pareceu bem mais a vontade do que na primeira vez que esteve lá. Sentou-se na cama enquanto esperada que eu arrumasse suas roupas. Assim que comecei a dobrá-las em cima da cama, ocorreu-me uma ideia que eu não tinha certeza se era boa ou ruim.

Reid era meu melhor amigo e isso que estava acontecendo entre nós era maravilhoso e muito intenso, mas também era recente e eu não sabia até que ponto deveríamos ir. O que estávamos vivendo não tinha um rótulo e não precisava de um, ao menos não por enquanto, porém isso me deixava sem saber o que realmente esperar da situação. Me flagrei parada encarando o interior do guarda-roupas aberto a minha frente. Eu precisava falar, precisava sugerir aquilo da forma certa e precisava saber qual seria a reação dele.

Um amor inesperado (Criminal Minds)Onde histórias criam vida. Descubra agora