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A consulta com Claire foi tranquila e agradável. Eu sabia que as coisas não se revolveriam em uma única sessão, não era assim que funcionava. Apesar de já ter muita confiança em Claire, normalmente demoramos algumas sessões para chegar ao objetivo principal de estarmos na consulta. E, muitas vezes, descobrimos que aquilo que achamos ser principal não é tão relevante assim. Na verdade, a gente nunca quer falar sobre o assunto, mesmo que isso seja necessário. Eu já havia fugido demais do meu nas conversas com JJ e Spence, onde apenas ouvi o que eles tinham para falar. Minha vez estava chegando e logo eu teria que enfrentar minha condição.

Como já era esperado, Claire me disse para voltar ao trabalho se isso me fizesse sentir confortável. É claro que eu imediatamente fiz ela escrever isso em uma prescrição e mandar para minha chefe. Queria voltar a minha rotina no dia seguinte. Não que descansar fosse ruim, mas eu sentia que as pessoas (principalmente Spence) se privavam de fazer suas coisas por não quererem me deixar sozinha em casa, independente de quanto vezes eu falasse que não era necessário se preocupar.

Agora eu estava em casa esperando Spence voltar de uma palestra. Parece que ele daria consultoria em um trabalho para estudantes de uma universidade, mas ele não havia me contado detalhes ainda. Quando bateram na porta, preparei meu melhor sorriso e corri para abri-la. Ah, Spence e seu velho costume de bater na porta mesmo sabendo que ela estaria aberta a sua espera.

Meu choque foi grande ao me deparar com uma figura mais robusta, mais loira e mais imponente do outro lado da porta.

- Maggie, fiquei sabendo do que aconteceu com você! Está tudo bem? - Erick saltou em minha direção e colocou seus braços ao meu redor, o que me deixou completamente sem reação.

- O... Olá... - minha confusão estava clara, mas ele não via ou fingia não ver - Como você entrou no meu prédio? - fui direto ao ponto, largando o primeiro questionamento que surgiu em minha cabeça.

- Ah, a senha da porta ainda é a mesma. - ele sorriu com seus dentes brancos e perfeitamente alinhados, como se tivessem saído de uma propaganda de creme dental.

Desviei meu olhar para o corredor ao fundo quando meu cérebro teve a nítida impressão de que meus olhos seriam cegados por aquele brilho incontrolável que emanava dele. Erick era a idealização perfeita do homem americano, seu porte físico era o desejo de quase toda mulher. Ao mesmo tempo, era era tudo aquilo que eu mais queria distância. Sua artificialidade (muito bem mascarada) me causava repulsa, sua facilidade em manipular e usar pessoas já havia feito com que eu me questionasse se ele próprio não se encaixaria no diagnóstico de psicopata.

Meus pensamentos voltaram a realidade quando me dei conta que Erick discursava sobre alguma coisa que eu não fazia ideia do que era. Só consegui captar a sua última frase:

- Você vai me convidar para entrar?

Antes que eu pudesse me concentrar o suficiente para responder, minha visão periférica captou um movimento que me fez olhar para o corredor mais uma vez. Era um vulto que acabou parando no meio corredor, mas não era um vulto qualquer. Eu o reconheceria em qualquer lugar.

- Spence! - gritei em direção ao corredor e escapei da frente de Erick.

Quando me aproximei, Spence tinha a cabeça inclinada para o lado e o olhar confuso.

- Aquele é o... - nem o deixei terminar.

- Sim, é o Erick. - respondi sussurrando - Por favor, ajude a me livrar dele!

Spence assentiu de leve com a cabeça e os cantos de seus lábios se voltaram para cima, num sorriso discreto. Era inegável que ele iria se divertir com o que estava para acontecer.

Um amor inesperado (Criminal Minds)Onde histórias criam vida. Descubra agora