Os paramédicos levaram Caleb para dentro da ambulância e dois policiais embarcaram junto. Apesar de vez ou outra suas palavras ainda ecoarem em minha cabeça, tentei não pensar muito no que ele havia dito. Aquele pesadelo havia chegado ao fim e ele iria para a cadeia pagar por todos os crimes que tinha cometido. Com certeza eu iria ser convocada a testemunhar contra ele no tribunal e eu iria para revelar todas as atrocidades que aquele homem havia feito. Eu faria questão de que ele passasse o resto de seus dias atrás das grades.
Assim que a ambulância saiu, me virei de costas e esbarrei em Spence, que estava bem atrás de mim.
- Vou ali dispensar os outros paramédicos, eles já deram uma olhada na Stacy e parece estar tudo bem. - Spence me encarou com uma expressão de quem fingia estar bravo, como um pai que está prestes a dar um xixi em seu filho. Revirei os olhos antes de responder - Só depois de deixar eles me examinarem também, claro. - disse com nenhuma empolgação e me arrastei até a ambulância que ainda estava parada ali.
Sentei na traseira do veículo e deixei que o paramédico fizesse alguns procedimentos em mim, como checar os batimentos cardíacos, conferir a reatividade das pupilas, medir a pressão arterial, fazer testes básicos de reflexo e mais algumas coisas chatas e desnecessárias. No último instante, ele decidiu que seria bom verificar minha temperatura e entrou na ambulância para tentar achar um termômetro. Spence, que havia ficado observando a distância, aproximou-se de mim.
- Tudo certo comigo, exatamente como havia dito antes. Não precisava disso... - parei de falar ao perceber que iria começar a tagarelar mais uma vez sobre o quão bem eu me sentia - Spence, eu mal ouvi sua voz. - levei um pequeno susto ao me dar conta disso - Fale alguma coisa, por favor. Não aguento mais dizer que está tudo bem comigo, quero saber como você está. - segurei as mãos dele com as minhas.
Ele me encarou por alguns segundos e limpou a garganta antes de começar:
- Eu... eu estava tão assustado, tão desesperado. - ele começou, devagar - Cheguei a pensar que o pior havia acontecido. Você esteve no anexo, não é? - Spence começou a falar rápido - Tenho certeza que você esteve, senti seu perfume lá. E quando ouvi sua voz pelo rádio de Morgan foi como se conseguisse respirar de novo, mas aí veio o tiro e Morgan não respondeu, não entendo porque ele não respondeu, achei que meu coração fosse parar. - ele falava muito rápido - Não poderia deixar nada de ruim acontecer com você, desculpe por ter deixado ele fazer isso com você, desculpe por ter deixado ele levar você. Foi tudo minha culpa, eu deveria estar cuidando de você, eu deveria...
- Shhh, pare com isso. Nada disso foi sua culpa. Nós estamos aqui agora e é isso que importa. - puxei Spence para ainda mais perto e o beijei sem dar importância para quem estava ao redor. Parei quando ouvi um pigarrear vindo do meu lado.
- Achei o termômetro, mas parece que o agente se adiantou na missão. Depois disso, uma pequena alteração na temperatura é bem normal. - disse o paramédico se divertindo e nos fazendo ruborizar - Com licença... - ele disse antes de colocar o termômetro na minha boca (era daqueles horríveis que tinham de ser usados embaixo da língua) e me deixar com cara de tacho.
Ao longe, pude ver Stacy me encarando com expressão de surpresa. Quando Hotch chamou Spence para eles acertarem os últimos detalhes antes de irmos embora dali, ela veio até mim.
- Ai meu deus, agora tudo fez ainda mais sentido. Você e ele... ow, ele parece tão fofo... Mas, afinal, o que você faz da vida? E como aquele maluco sabia tanto sobre você? - pude ver o corpo de Stacy tremer um pouco ao mencionar Caleb, mas ela se manteve normal.
- Sou médica-legista do FBI e grande parte das vítimas dele passaram pela minha mesa. Fui eu que consegui, pelo acaso, ligar todas as vítimas a ele. Por algum motivo, ele pensou que isso me fazia especial e se tornou obcecado por mim. - suspirei, deixando transparecer minha falta de vontade de falar sobre isso naquele momento.
- Desculpe por perguntar, você não precisa falar sobre isso... - ela deu o mesmo sorriso.
- Não, você está certa. Nós devemos falar sobre isso. O que nós tivemos chama-se trauma compartilhado e um dos efeitos disso é uma ligação entre as pessoas que sofreram. Ajuda conversar sobre isso, nós deveríamos fazer isso quando estivermos prontas. Aliás, você deveria ir ver um terapeuta. Eu tenho alguns amigos que trabalham com isso, posso ajudar...
- Maggie, eu vou buscar ajuda. Não se preocupe comigo. Sério. - ela tentou passar tranquilidade e eu quase me convenci.
Stacy parou de falar quando JJ e Wil estavam chegando. Eles, diferente de todo mundo, não perguntaram como eu estava. Acho que também estavam cansados de ouvir isso. Will me deu um abraço tão forte que me tirou do chão e disse que eu precisaria ligar para mamãe logo. Ai, ele tinha contado. Ela deveria estar histérica e louca com tudo isso.
JJ não disse nem perguntou nada, mas seu olhar me falou mais do que qualquer coisa. Ela sabia, ela entendia. Não há muito tempo, JJ havia passado pela mesma situação. Ela foi sequestrada e torturada, mas se manteve forte. E agora ela me ajudaria, eu sei que me ajudaria. Eu precisava que ela me ajudasse.
* Página no facebook: http://facebook.com/1AmorInesperado *
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor inesperado (Criminal Minds)
FanfictionMaggie tem uma vida boa. É jovem, formada em medicina e possui um cobiçado emprego no Federal Bureau of Investigation (FBI), onde atua como legista. Seu sonho é trabalhar com a Behavioral Analysis Unit (BAU) e ajudar o time a traçar perfis de serial...