A cadeira, as amarras nos pulsos, a escuridão ao redor. Meu peito ofegava como se eu tivesse usado todo meu fôlego gritando para que alguém me ouvisse, mas fora em vão. Agora eu abria minha boca e nenhum som saía por ela, o que tornava tudo ainda mais desesperador. Uma porta se abriu a minha frente e eu percebi que já tinha visto aquela cena antes: um homem entrava por ali. Olhei para seu rosto tentando identificar Caleb naqueles traços, mas estava tudo embaçado, como se uma fumaça branca estivesse entre nós. De repente, mais duas cabeças surgiram de trás do homem e todos começaram a gritar ao mesmo tempo, dando ordem e comandos. A única pessoa que não conseguia falar no meio daquilo tudo era eu.
O homem mais à frente, ainda discutindo com os outros, levou a mão até o bolso e puxou uma arma. O brilho do metal em sua mão me fez arfar. Ele lentamente levantou a mão, apontando a arma para mim. Eu queria gritar para o homem não fazer aquilo, mas continuava sem conseguir emitir uma palavra sequer. Em um só movimento, ele preparou a arma e puxou o gatilho.
Acordei ofegante e apavorada, já sentada na cama. Meu corpo tremia inteiro, minha garganta estava seca. Levei a mão até o copo de água ao lado da cama. Ah, como eu odiava ter pesadelos! Desde criança eles me assombraram. Por diversas vezes eu ficava horas acordada durante a noite após sonhar com alguma história bizarra. E não eram pesadelos comuns como os clássicos sonhos em que você está sem roupa na rua ou que alguém tinha morrido. Meus pesadelos tinham monstros nojentos, pessoas com doenças raras, perseguições... Eram enredos complexos. E, na escuridão da noite, tudo se tornava mais real, tudo parecia assustar mais.
Sacudi a cabeça na tentativa inútil de tirar aquela história da cabeça. Liguei a luminária da cabeceira da cama para iluminar o cômodo e os meus pensamentos. Com o dedo indicador, pressionei meu punho para sentir a pulsação acelerada começando a diminuir. Ao olhar para o lado, observei Spence dormindo, calmo e tranquilo, sem ter ideia da minha inquietação.
Ele estava de costas para mim, a lateral de seu corpo subia e descia acompanhando o ritmo de sua respiração. Aquela imagem me trouxe certo alívio, como se minha respiração conseguisse acompanhar o ritmo da dele. A história que Spence contou veio novamente a minha cabeça e, então, eu fiz a ligação com meu sonho: os três homens, a arma, a cadeira... Achei que o pesadelo se tratava do que eu havia vivido, mas não. Era sobre ele. Como se eu quisesse protegê-lo daquilo tudo.
Desliguei a luminária e voltei a deitar. Cheguei o mais próximo que pude do calor do corpo dele e fechei os olhos, deixando que as pálpebras pesadas tomassem o lugar que queriam. Me aconcheguei entre travesseiros, cobertores e Spence, tendo a certeza de que nada no mundo seria mais confortável que aquilo. Não, aquele pesadelo não me tiraria o sono. Não naquele dia.
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Um amor inesperado (Criminal Minds)
FanfictionMaggie tem uma vida boa. É jovem, formada em medicina e possui um cobiçado emprego no Federal Bureau of Investigation (FBI), onde atua como legista. Seu sonho é trabalhar com a Behavioral Analysis Unit (BAU) e ajudar o time a traçar perfis de serial...