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Spence adormeceu no sofá. Eu o observei dormir por um tempo, sereno, enquanto fazia alguns relatórios para o trabalho. Só depois de umas duas horas é que ele deu indícios de que acordaria.

- Você parecia tão cansado, então deixei que dormisse um pouco... - sussurrei.

Fui para o sofá ao lado dele e voltei a acariciar seus cabelos. Seu olhar era sonolento quando ele se sentou de testa franzida. Spence ainda parecia um pouco estranho. Ele esfregou os olhos para espantar o sono e tentou se justificar:

- Eu não dormi a noite. - ele fez uma pausa - Você não está com raiva ou triste... - não era uma pergunta, ele sabia que eu não estava.

É claro que eu tinha me sentido mal por ele ter desconfiado de mim, mas também não podia negar que a situação colaborou. E era ainda pior ver o que havia acontecido com ele próprio durante esse período. Eu sabia que aquilo não se repetiria, que na próxima vez que alguma coisa o incomodasse ele me falaria.

- Está tudo bem. Agora você sabe que não existe nenhum Jacob nessa história. - tentei fazer graça.

- Jacob? Quem é Jacob? - Spence enrugou ainda mais a testa.

- Ah, esquece. É claro que você não leu Crepúsculo. - sorri para a expressão consternada dele.

- Ah, esse Jacob! - ele levantou as sobrancelhas - Que referência inesperada. Sim, eu li Crepúsculo. JJ e Garcia falaram muito desse livro na resolução de um caso há alguns anos e eu fiquei curioso. Mas não gostei da narrativa, achei a construção fraca apesar dos personagens terem certa profundidade...

- Você é team Jacob ou team Edward? - eu interrompi. Spence me olhou confuso e eu não consegui segurar a crise de riso - É brincadeira! Não consegui me controlar. Desculpe, desculpe...

Spence começou a rir também (provavelmente mais de mim do que da brincadeira boba). Era bom fazê-lo rir. Afundei meu rosto no ombro dele numa tentativa de conter as últimas gargalhadas.

Quando levantei a cabeça para olhar a expressão de Spence havia um sorriso ali de novo. Ele não parecia mais tenso como antes, o que significava que minha piadinha (mesmo idiota) tinha funcionado. De repente, senti uma vontade enorme de fazê-lo rir sempre, de deixá-lo feliz. Sabia que assim eu também me sentiria feliz.

Fitei Spence mais um tempo. Eu o queria por inteiro e só pra mim. Meus lábios sentiam saudades dos dele, meu corpo parecia querer estar junto ao dele. Não levei mais que alguns segundos para decidir dar o próximo passo.

Num movimento rápido fiquei ajoelhada sobre o sofá de frente para Spence. Ele me olhou com a face erguida, seu queixo a poucos centímetros do meu peito. Me inclinei e levei meus lábios até os dele. Minhas mãos começaram a descê-lo como uma montanha-russa: cabelos, face, pescoço e ombros, parando no peito.

Spence não demorou a reagir, mas na direção contrária ao meu toque: do meu quadril para as minhas costas, subindo lentamente com suas mãos quentes e suaves sob minha camiseta larga. Foi como se toda a tensão em seu corpo fosse substituída por alguma coisa quente, ardente. Suas mãos hesitaram quando chegaram na altura do sutiã, minha barriga já parcialmente amostra pela camiseta erguida nos braços dele.

Meus joelhos foram lentamente cedendo e eu caí sentada no colo dele. Agora nossos rostos estavam quase na mesma altura e nossas bocas ainda não haviam se separado. Comecei a trabalhar em desabotoar sua camisa enquanto ele subia e descia as mãos pelas minhas costas, mal encostando os dedos e me causando arrepios.

Fiquei em pé e o puxei pela gola da camisa para nossos lábios não se separarem. Fomos trombando em portas e móveis até chegar ao quarto. Ele não perdia uma oportunidade de me prensar contra uma parede e pressionar seu corpo contra o meu por alguns segundos.

Já estávamos quase no quarto quando ele começou a subir mais minha camiseta. Logo ela estava no chão e eu vestia apenas o sutiã e um short. Nossa pele nua se tocava, causando em mim uma mistura deliciosa de quente e frio.

Nos jogamos na cama, que parecia imensa. Logo os lençóis macios estavam roçando em nossos corpos. Nossas mãos se encontravam e nossos dedos se entrelaçavam. Os lábios dele estralavam no meu pescoço, minhas unhas raspavam em suas costas. Nossos olhares se cruzavam e ali nós tínhamos certeza de que era pra ser.

**********

Acordei com o toque leve de Spence sobre meus cabelos. Eu estava aninhada em seu peito, agora já coberto de novo por uma das camisetas do meu armário. O cheiro dele já havia tomado conta do tecido, fazendo com que eu pudesse senti-lo ao respirar. Minha face estava sobre o braço dele e minha cabeça servia de apoio para seu queixo. Respirei fundo algumas vezes ainda de olhos fechados.

- Bom dia... - Spence disse num sussurro, intensificando o carinho na minha nuca.

- Podemos ficar aqui para sempre?

- Eu queria... mas temos que trabalhar em pouco mais de uma hora... - ele soou realmente decepcionado.

- E querer acordar com você para sempre eu posso? - levantei a cabeça e olhei para ele sorrindo.

Spence deu um amplo sorriso em resposta. Alguns raios de sol entravam pelas frestas da janela mal fechada, tornando-o ainda mais lindo. Ele levou as mãos até minhas bochechas e aproximou meu rosto do seu para me dar o verdadeiro "bom dia": um delicado e longo beijo.

- Vou fazer alguma coisa para o café da manhã. - foi minha desculpa para mim mesma. Eu precisava sair logo daquela cama ou teria vontade de ficar lá o resto do dia.

Levantei rápido e Spence veio logo atrás. Ao passar pela sala, vi que meu celular tocava incessantemente. Achei que fosse o alarme para acordar, como todos os dias, mas me surpreendi ao ver a foto de JJ na tela.

- Alô? - atendi desconfiada.

- Maggie, graças a Deus! Onde você está? - minha cunhada parecia alterada.

- Estou em casa... - senti meu peito palpitar.

- Ouça com atenção, ok? Preciso que você vá até a minha casa e fique lá com Henry e Amy até resolvermos tudo.

- JJ, o que está acontecendo? - eu já estava desesperada. Pude ouvir minha cunhada suspirar do outro lado da linha.

- Will desapareceu.

Um amor inesperado (Criminal Minds)Onde histórias criam vida. Descubra agora