Capítulo 39

237 15 23
                                    

Addison não teve como deixar de ir pra Boston no começo da primeira semana de dezembro. Ela precisava participar do coquetel de encerramento de atividades anuais da Fundação Catherine Fox, onde seu nome foi destaque durante o pronunciamento de Catherine e também de Jackson Avery, que ela lembrava de ter trabalhado pouco durante o período em que esteve em Seattle e ele era residente. Depois do evento em Boston, teve que seguir pra Nova Jersey, onde participaria de um congresso de neonatologia, e por último deveria ir para Washington D.C.

Tinha deixado a capital por último como uma jogada estratégica, pois de lá sempre teria voo disponível para qualquer lugar do país. Então seus planos dariam certo. Ela terminaria aquelas duas semanas aliviada por ter cumprido todos seus compromissos e voltaria para Seattle antes do Natal, exatamente como tinha planejado. Porém, não imaginava que no dia de sua partida as calçadas amanheceriam cobertas de neve, a janela do hotel quase que completamente opaca, e o clima lá fora totalmente diferente do que ocorria no dia anterior. Era óbvio que não conseguiria nenhum voo naquele clima. Começou a ficar nervosa e por um momento sua cabeça foi invadida pela voz de Derek dizendo a todo momento que aquilo poderia acontecer.

Olhou os sites de todas as companhias e, realmente, todos os voos tinham sido cancelados, sem nenhuma previsão de quando poderiam serem liberados. Enviou uma mensagem para Katie explicando o que tinha acontecido, e passou o dia inteiro olhando no computador se conseguia um voo ou se ao menos tinha alguma previsão de o clima mudar. Não tinha. Teve que passar mais uma noite em D.C. Quando o dia amanheceu, o clima estava melhor, mas os voos ainda continuavam suspensos. Os aviões pequenos podiam trafegar, então ela decidiu comprar uma passagem para Nova York. Se o clima estivesse melhor lá, ela poderia pegar um voo pra Seattle antes do dia 24, mas não estava tão confiante naquele plano.

Àquela altura sabia que Derek não estava bem com ela. Ele não havia mandado nenhuma mensagem durante o período em que ela esteve na Costa Leste e também não respondeu quando ela enviou uma mensagem contando sobre o imprevisto. O silêncio era a forma dele de dizer que não estava surpreso porque tinha avisado.

Nova York estava com o clima menos frio do que D.C., mas ainda assim estava nevando muito, o que deixava as calçadas constantemente molhadas e a cidade barulhenta. Addison olhava em volta enquanto o taxi passava pelas ruas que ela costumava conhecer. Parecia que nada tinha mudado, ao mesmo tempo que parecia que nada era o mesmo. As vitrines continuavam bem iluminadas, coloridas, exibindo os números grandes dos descontos que o comercio costumava oferecer aquela época do ano. Ela foi para um hotel e ficou lá no quarto aquecido, procurando no notebook por um voo para a Costa Oeste, mas nem de lá as companhias estavam levantando voos em milhagens tão distantes. Respirou fundo percebendo que não teria outra saída senão ficar lá até que o clima resolvesse colaborar. Pegou a caneca de café que tinha deixado sobre a mesa e ficou olhando a neve fina pela janela enquanto segurava a caneca só pra aquecer seus dedos. Pensou em enviar uma mensagem para Derek, mas sabia que ele não responderia, então decidiu fazer uma visita para Savvy. Há tempos elas não se viam.

Fazer o caminho para a casa de Savvy era quase como fazer o caminho para a própria casa. Addison e Derek moravam em uma brownstone cuja compra foi indicada pela amiga, que morava com Weiss em uma brownstone que ficava há apenas alguns metros da deles. Não pensou na possibilidade de ela não estar em casa naquele momento, porque acreditava que ela estaria. Savvy era advogada e o trabalho dela costumava reduzir no fim do ano, ao contrário do que acontecia com os médicos. Quando o taxi estacionou em frente à casa da amiga, ela pagou e atravessou a rua para subir as escadas e tocar a campainha. Precisou fazer aquilo duas vezes até que alguém atendesse.

- ADDIE!!! – Savvy exclamou quando a viu a sua frente. – Ah meu Deus! O que você está fazendo aqui? – perguntou saindo de casa para abraçá-la.

Muscle memoryOnde histórias criam vida. Descubra agora