Capítulo 1

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Seattle continuava a mesma, como se o tempo tivesse parado e as coisas não tivessem mudado em nada. Isso poderia ser dito em sentido literal. O tempo parado no sentido de clima, continuava dando a cidade um aspecto cinzento, principalmente naquela época do ano em que parecia que há qualquer momento a chuva começaria a cair. Provavelmente aquilo aconteceria pela noite. Ou não.

A fachada do prédio do hospital também parecia não ter mudado muita coisa além do nome. O Seattle Grace Hospital havia sido substituído pelo Grey-Sloan Memorial Hospital na mesma fonte e letra. Parecia ter sido ampliado também, mas aquilo ela não podia afirmar com certeza, já que fazia pelo menos 12 anos desde a última vez em que esteve ali.

Havia um questionamento que se passava na cabeça de todo o ser humano quando perguntado sobre máquinas do tempo. Era mais lógico ir para o futuro ou para o passado? A maioria das pessoas escolheriam o passado na esperança de consertar erros e garantir um presente mais confortável, ou o que quer que aquela mudança na linha do tempo pudesse significar. Seres humanos são egoístas, eles pensam em si próprios; mas ela sempre teve medo do passado e uma curiosidade aguçada sobre o futuro. Se considerava uma constante buscadora do futuro, e fugitiva do passado. Estar em Seattle, no entanto, era a viagem ao passado que mais quis evitar. Os funcionários do hospital andando de um lado a outro com aqueles uniformes em diferentes tons de azuis; o saguão que caminhou pela primeira vez para encontrar Derek arrumando o sobretudo de uma jovem loira; os elevadores, as pessoas entrando e saindo; o balcão da recepção de onde se aproximava naquele momento; e, se questionava, até mesmo aquela funcionária poderia ser a mesma.

- Oi. Eu preciso de uma informação, eu estou um pouco perdida – disse.

Não deveria, já que aquilo parecia familiar, mas nem tanto. 12 anos havia se passado.

- Só um minuto...

A recepcionista pegou um dos telefones que estavam tocando e falou alguma coisa que não foi notada, enquanto ela continuava olhando em volta tentando se acostumar com aquela sensação estranha.

- É... Eu preciso de uma informação – disse quando percebeu que outra recepcionista ficou desocupada. – Onde eu encontro a dra. Amelia Shepherd, neurocirurgiã? – perguntou.

- O departamento de neurocirurgia fica no quarto andar. A senhora pode pegar o elevador no fim do hall.

Assentiu.

- Obrigada.

Se apressou para entrar no elevador que acabava de abrir a porta. Algumas pessoas saíram e ela entrou. Ficou em silêncio tentando não prestar atenção na conversa das outras duas pessoas que estavam lá, enquanto torcia para que chegasse logo ao quarto andar. Desde que a humanidade passou por toda aquela história de pandemia, tinha verdadeiro pavor de ficar em lugares fechados com mais de uma pessoa. Foi a primeira a descer quando a porta se abriu, e se dirigiu até o balcão da recepção à vista.

- Oi. Eu preciso encontrar a dra. Amelia Shepherd e não tenho ideia de como localizá-la nesse hospital. Você poderia me ajudar?

- A senhora tem uma consulta clínica marcada com ela? A dra. Shepherd só atende pacientes cirúrgicos que já passaram por...

- N-Não. Eu não sou paciente. Eu sou médica. Eu não estou conseguindo falar com ela no celular porque a minha operadora não funciona aqui. Eu estou aqui para operar um paciente com ela...

- Katie? – ouviu alguém chamando seu nome.

Era Derek, que chegava ao hall com Meredith naquele momento, e se surpreendeu em ver a filha mais velha.

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