Capítulo 9

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- Não tem como, Katie! – Amelia exclamou gesticulando depois de a sobrinha ter lhe pedido mais uma vez para não falar sobre o tumor com ninguém.

Elas tinham acabado de fazer a tomografia que Katie passou a semana inteira adiando com a desculpa de que estava ocupada tentando negociar a chegada de Oliver Mitchell à Seattle. Mas agora que o médico já tinha feito a passagem pelo hospital, e deixado os residentes boquiabertos com suas habilidades em transplantes cardíacos, Katie não teve como escapar da insistência da tia. A realidade se manifestava em um tumor massivo de 3 cm em sua coluna, entrelaçado à algumas ligações, o que certamente era o motivo dos formigamentos nas pernas.

- Você está me pedindo pra esconder um elefante embaixo da cama. Não tem como! – Amelia exclamou mais uma vez. – Não se esconde uma coisa dessa!

- Mas isso estava escondido dentro de mim o tempo todo. Nem eu sabia. Vamos só fingir que a gente não sabe.

A tia a fitou com os olhos entreabertos, como se não acreditasse no que estava ouvindo.

- Você tem noção da gravidade disso aqui? – perguntou mostrando mais uma vez a tomografia. – Isso aqui é um tumor que cresceu, ou está crescendo. A gente precisa avaliar na sua medula. Você precisa fazer uma biópsia disso. A gente precisa saber se é benigno ou maligno. Interditar uma sala de ressonância magnética pra você fazer um exame, é bem menor do que interditar uma sala de cirurgia pra você fazer uma biópsia.

- Esse não é o único hospital da cidade onde eu posso fazer uma biópsia.

- Esse tumor deve ter começado a crescer na sua medula há pouco tempo. Essa parte visível é o que está saindo pelos espaços dos seus ossos. É por isso que você está se sentindo desconfortável. Isso está impedindo algumas conexões importantes.

- Tem um jeito de operar?

- Tem um jeito de operar – Amelia respondeu. – O seu pai já operou um tumor parecido em 2011; se ele vir isso, com certeza vai indicar alguma solução.

- Eu já falei que eu não quero que ele saiba.

- Katie, ele é seu pai!

- E daí? Você contou pra minha avó que tinha um tumor no cérebro? – ela questionou em um tom de pouca importância. – Que eu saiba vocês esconderam isso da família inteira. Ele também ajudou você a esconder.

Amelia engoliu em seco desviando o olhar.

- Eu não vou conseguir mentir para o seu pai.

- Como não vai poder mentir para o meu pai? Você passou a vida inteira mentindo para o meu pai, e agora não vai poder mentir pra ele?

- Eu moro com ele, Katie! – a tia exclamou.

- Tia... Você fumava droga dentro da casa da minha mãe, morando com ela, eu sabia, e eu nunca disse nada porque você pediu pra eu não dizer! – a garota argumentou.

E percebeu o semblante da tia mudando.

- Eu não acredito que agora você...

- Eu estou pedindo pra você – Katie continuou. – Agora sou eu que preciso que você guarde um segredo – disse. – Não conta.

Amelia puxou o ar profundamente. Sabia que o que ela estava pedindo era algo errado, inegociável.

- Katie, entende uma coisa. Quando o Derek descobrir...

- Ele só vai...

- Quando ele descobrir que eu já sabia!

- Ele não vai descobrir se você não falar! – a sobrinha insistiu. – E mesmo se ele descobrir sem você falar, ele nunca vai saber que você já sabia.

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