- Não tem como, Katie! – Amelia exclamou gesticulando depois de a sobrinha ter lhe pedido mais uma vez para não falar sobre o tumor com ninguém.
Elas tinham acabado de fazer a tomografia que Katie passou a semana inteira adiando com a desculpa de que estava ocupada tentando negociar a chegada de Oliver Mitchell à Seattle. Mas agora que o médico já tinha feito a passagem pelo hospital, e deixado os residentes boquiabertos com suas habilidades em transplantes cardíacos, Katie não teve como escapar da insistência da tia. A realidade se manifestava em um tumor massivo de 3 cm em sua coluna, entrelaçado à algumas ligações, o que certamente era o motivo dos formigamentos nas pernas.
- Você está me pedindo pra esconder um elefante embaixo da cama. Não tem como! – Amelia exclamou mais uma vez. – Não se esconde uma coisa dessa!
- Mas isso estava escondido dentro de mim o tempo todo. Nem eu sabia. Vamos só fingir que a gente não sabe.
A tia a fitou com os olhos entreabertos, como se não acreditasse no que estava ouvindo.
- Você tem noção da gravidade disso aqui? – perguntou mostrando mais uma vez a tomografia. – Isso aqui é um tumor que cresceu, ou está crescendo. A gente precisa avaliar na sua medula. Você precisa fazer uma biópsia disso. A gente precisa saber se é benigno ou maligno. Interditar uma sala de ressonância magnética pra você fazer um exame, é bem menor do que interditar uma sala de cirurgia pra você fazer uma biópsia.
- Esse não é o único hospital da cidade onde eu posso fazer uma biópsia.
- Esse tumor deve ter começado a crescer na sua medula há pouco tempo. Essa parte visível é o que está saindo pelos espaços dos seus ossos. É por isso que você está se sentindo desconfortável. Isso está impedindo algumas conexões importantes.
- Tem um jeito de operar?
- Tem um jeito de operar – Amelia respondeu. – O seu pai já operou um tumor parecido em 2011; se ele vir isso, com certeza vai indicar alguma solução.
- Eu já falei que eu não quero que ele saiba.
- Katie, ele é seu pai!
- E daí? Você contou pra minha avó que tinha um tumor no cérebro? – ela questionou em um tom de pouca importância. – Que eu saiba vocês esconderam isso da família inteira. Ele também ajudou você a esconder.
Amelia engoliu em seco desviando o olhar.
- Eu não vou conseguir mentir para o seu pai.
- Como não vai poder mentir para o meu pai? Você passou a vida inteira mentindo para o meu pai, e agora não vai poder mentir pra ele?
- Eu moro com ele, Katie! – a tia exclamou.
- Tia... Você fumava droga dentro da casa da minha mãe, morando com ela, eu sabia, e eu nunca disse nada porque você pediu pra eu não dizer! – a garota argumentou.
E percebeu o semblante da tia mudando.
- Eu não acredito que agora você...
- Eu estou pedindo pra você – Katie continuou. – Agora sou eu que preciso que você guarde um segredo – disse. – Não conta.
Amelia puxou o ar profundamente. Sabia que o que ela estava pedindo era algo errado, inegociável.
- Katie, entende uma coisa. Quando o Derek descobrir...
- Ele só vai...
- Quando ele descobrir que eu já sabia!
- Ele não vai descobrir se você não falar! – a sobrinha insistiu. – E mesmo se ele descobrir sem você falar, ele nunca vai saber que você já sabia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Muscle memory
FanfictionI have no clout with God. God doesn't even know who I am, which sucks because I could use some help. (Addison) * * Olhar pra trás pode fazer com Derek perceba que durante todo esse tempo sua vida não estava tão estabilizada quanto ele pensou. * * {O...