- Dra. Montgomery-Shepherd! Você está de volta! – Richard exclamou quando encontrou com a colega no corredor depois do feriado.
Ela tinha passado cinco dias fora, visitando a mãe em Los Angeles, sem responder suas ligações ou se comunicar – o que estava no direito, já que estava de folga. Mas aquilo em algum momento deixou o diretor do programa de residências preocupado.
- Estou de volta e correndo pra sala de cirurgias – ela disse passando apressada. – Estão me esperando. Richard, eu já tenho a confirmação de quem vai vir semana que vem – comentou enquanto ele caminhava ao seu lado. – Você vai adorar saber.
- Quem é?
- Daqui a pouco eu conto.
- Daqui a pouco?
- Você não contou sobre a minha mãe, lembra?
Passou apressada na frente dele e entrou na Sala de Cirurgias 02, onde deveria operar um paciente da neurocirurgia que fora admitido no hospital na noite anterior depois de um acidente de moto. Até o momento acreditava que Amelia seria a médica do caso, mas quando entrou lá depois de higienizar as mãos e encontrou com Derek Shepherd, ficou quase sem reação.
Havia um momento na vida de qualquer jovem cirurgião em que deveria fazer uma escolha difícil – entrar ou não entrar na sala de cirurgias? Aquele pânico geralmente acontecia durante seus primeiros procedimentos cirúrgicos sozinhos. Entrar pela primeira vez em uma sala de cirurgias sem supervisão, assumir uma responsabilidade daquele tamanho, trazia um nervosismo tão grande que em alguns casos o jovem cirurgião simplesmente saía correndo, sem saber como lidar.
Katie não lembrava de ter esse sentimento em algum momento. Sua primeira cirurgia solo foi uma cesariana. Acreditava que por ser mulher, e filha de Addison Montgomery, os médicos do Mount Sinai achavam que naturalmente seguiria os passos da mãe. Talvez aquele tenha sido o motivo pelo qual escolheu não atrelar sua vida profissional inteira a um só hospital, principalmente onde sua família tinha um vínculo tão forte. Se sentia limitada no Mount Sinai, com todos pensando se ela seguiria pela medicina materno-fetal como a mãe, ou pela neurocirurgia como o pai, o avô e o tio. Mas o fato era que ela nunca se sentiu desafiada por nenhuma das especialidades, e era confiante o suficiente para acreditar que poderia entrar em qualquer centro cirúrgico e dar o seu melhor. Sempre se sentiu instigada a fazer aquilo, mas não naquele momento.
Agora estava parada diante da porta do centro cirúrgico, sem saber se deveria entrar ou não. Não era como se por um momento todos os conhecimentos tivessem sido apagados de sua mente, e não soubesse mais como desobstruir uma artéria. Mas nunca tinha operado com o pai, e não esperava que aquilo aconteceria sem um preparo. Não profissional, mas emocional. Havia sim algo especial em ser um cirurgião e dividir uma sala de cirurgias com um cirurgião mais experiente da própria família.
Contraiu os lábios puxando o ar profundamente, e não pensou mais em nada quando entrou estendendo os braços para que os enfermeiros lhe paramentassem com o EPI.
- Katie! Ainda bem que você chegou! Eu preciso que você controle o sangramento porque eu já coloquei duas bolsas de sangue – Derek disse.
- Tem muito tempo que está assim? – ela perguntou se posicionando, fingindo não transparecer a surpresa em ver que Henry também estava lá.
- Não. Eu tinha chamado alguém da cárdio pra monitorar, mas a pressão começou a cair...
- Tudo bem. Vocês têm alguma imagem? Alguma hemorragia?
- Tem no tórax. Pode ter rompido.
- Vou dar uma aliviada aqui.
Pegou o bisturi e começou a trabalhar. Derek continuou trabalhando com Henry ao seu lado. Em alguns minutos Katie drenou muito sangue do abdômen do paciente e os batimentos cardíacos começaram a normalizar.
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Muscle memory
FanfictionI have no clout with God. God doesn't even know who I am, which sucks because I could use some help. (Addison) * * Olhar pra trás pode fazer com Derek perceba que durante todo esse tempo sua vida não estava tão estabilizada quanto ele pensou. * * {O...