Quatorze de agosto

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POV NARRADOR

-Vocês viram quem está na Ala B? – Rodolffo entrou na sala de descanso encontrando Sebastião e Genilda.

-Eu passei por lá mais cedo. – Sebastião dizia penalizado. – Foi por um triz, ela se salvou por sorte.

-Apesar de tudo eu sinto pena, essa garota é uma bomba relógio. – Genilda levou a mão no cabelo. – Não gosto de ver minha filha sofrer, mas talvez tenha sido melhor esse casamento não ter acontecido, isso é Deus evitando o pior.

-Vamos contar pra Rafa, sobre o acidente? – Sebastião encarou a esposa.

-Acho melhor não, desculpe pela intromissão. – Rodolffo interveio. – Rafa já teve traumas demais, isso não é bom pra ela e nem pro bebê.

-Você tem razão, isso por causar danos maiores. – Genilda se levantou. – Agora precisamos pensar nessa criança, e Rafaella irá precisar de nós.

Do outro lado da cidade, Rafaella não conseguia dormir, ela já não tinha lágrimas pra chorar, desde que Gizelly saiu de sua casa ela não quis nem ao menos sair do quarto. Tentou de todas as formas não pensar na morena, mas estava difícil. Manu não deixou a amiga sozinha, passou o tempo todo cuidando da mineira.

Flashback on:

-Tem certeza de que é aqui? – Manu perguntou olhando ao redor.

-O endereço é esse. – Rafa deu os ombros e continuou andando. – É ali, olha o pessoal lá.

-Seus pais vão nos matar se te encontrarem aqui. – Ela gargalhou e continuou seguindo.

As duas chegaram até o local da tal festa e logo foram recebidas por alguns colegas de faculdade, Manu estava odiando o lugar, a música, mas decidiu acompanhar a amiga nessa aventura, desde que Rafaella cismou em ficar interessada na pessoa mais estranha do mundo, Gizelly Bicalho.

-Será que ela não vem? – Rafa mordeu os lábios ansiosa.

-Ela só anda grudada no Chumbo, é claro que ela tá aqui. – Manu negou com a cabeça, não entendia o que Rafa viu na garota. – Olha ela lá.

Manu apontou com a cabeça e Rafa sentiu borboletas no estômago, era difícil fazer as pessoas entenderem, mas ela via algo em Gizelly que ninguém via, as duas nunca trocaram menos do que dez palavras, Gizelly era fechada, não conversava com ninguém e olha que elas já haviam estudado juntas no colegial, mas pra Rafa havia algo que a deixava atraída, talvez fosse por Gizelly não dar bola pra ninguém.

-Essa história de que ela tem... – Manu não terminou a frase e Rafa a encarou. – Tem pênis, é verdade?

-Sim, me lembro na escola que ela tinha que usar o banheiro do zelador, e muita das vezes a galera fazia disso um inferno pra ela. – Rafa se lembrava do tanto que Gizelly sofreu na escola.

-Deve ter sido horrível. – Manu sentiu pena por alguns minutos.  –Parece que não é só você que está interessada.

Rafa olhou pra frente e viu uma Gabi falando algo no ouvido de Gizelly, seu sorriso morreu na hora, se lembrou que quase todas as garotas tinham curiosidade em ficar com Gizelly, mas parecia que ela era imune a todas elas, e isso só aumentava o desejo das meninas. Gizelly estava linda naquela noite, seus cabelos sempre rebeldes, jaqueta de couro, mesmo no calor do Rio, calça jeans folgada e tênis. Rafa só queria uma forma de ser notada pela garota.

-Essa Gabi é tão pegajosa. – Rafa revirou os olhos puxando a amiga pela mão. – Vamos ver se encontramos algo pra beber.

Cumprimetaram algumas pessoas pelo caminho até encontrarem a cozinha, estava tudo um caos e Manu tinha nojo de encostar nas coisas, Rafa ria da amiga que foi procurar um banheiro pra lavar as mãos. Rafa encostou na pia da cozinha e ficou observando o que acontecia em sua volta, a galera parecia mais animada que o normal, principalmente quando saiam de uma porta que deduziu ser o quarto do Lucas. Estava distraída que nem viu quando Gizelly chegou à cozinha com uma garrafa de Brahma na mão.

Happier than ever| Girafa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora