Oie, voltei! Alguns gatilhos no capítulo, mas espero que fique tudo bem! Prestem atenção nos detalhes! Boa leitura!
POV NARRADOR
-Em qual hospital? – Márcio ouvia tudo meio atordoado. – Estou indo, obrigado.
Ele se levantou apressado, o relógio na beirada da cama marcava três e vinte e quatro da manhã, Mariza acordou e tentava entender o que acontecia com o marido.
-Onde você está indo? – Ela se sentou observando o marido vestindo a roupa.
-Gizelly sofreu um acidente. – Ele respondeu com a voz embargada. – Estou indo ao hospital.
-Não teremos paz, nunca? –Mariza se irritou. – Essa garota ainda vai te levar ao caixão.
-Ela só tem a mim. —Márcio pegou as chaves e saiu.
Não demorou muito pra chegar até o hospital, tinha medo de como encontraria Gizelly, ele passou o dia procurando por ela, sua última notícia sobre a sobrinha era que ela tinha ido na casa de Rafa, e saiu de lá atordoada. Marcio respirou fundo antes de passar pela porta indo em direção a recepção.
-Oi, preciso de uma informação. – A mulher encarou o homem em sinal para que ele prosseguisse. – Gizelly Bicalho, me ligaram e eu preciso vê-la, preciso ver se ela está viva.
-Só um minuto. – Ela digitou algo rapidamente. – Ela está aqui sim, me empresta seus documentos, por favor?
Ela fez um cadastro rapidamente, enquanto Márcio esperava impaciente, a preocupação aumentava, ele só precisava saber se a sobrinha estava viva.
-Ala B, quarto 501. – Ela entregou o crachá pedindo que ele prendesse na roupa. – Ela deu entrada aqui com alguns traumas e cortes, você é o pai?
-Sou o tio, ela não tem pais. – Marcio respirou fundo. – Ela só tem a mim.
-Ok, pode subir. – A moça avisou com pesar.
O elevador subia lento, Marcio apertava os lábios tentando não pensar na angústia que estava presa em seu peito. Lembrou do dia do acidente em que perdeu sua única irmã, o sentimento era o mesmo de quando recebeu a notícia que o helicóptero havia caído. O barulho das portas o despertou do transe, e antes de sair ele pediu ajuda para Deus.
-Com licença, preciso de notícias da minha sobrinha. – Ele parou um enfermeira que saia do quarto 501. –Gizelly Bicalho. – A senhora olhou algo na prancheta.
-Esse é o quarto dela, pode entrar. – Ela deu passagem e Márcio entrou. – Gizelly deu entrada às duas e cinco da manhã, acidente de trânsito.
-Eu preciso saber como ela está? – Márcio tinha receio de se aproximar.
-Estável, estamos esperando a avaliação do raio x no crânio. – O coração do tio apertou. – Por enquanto descobrimos duas costelas quebradas, o braço direito quebrado, cortes pelo rosto, e cabeça, mas ela ainda precisa acordar para descobrimos se tem algo a mais.. Pode se aproximar, ela está sedada.
Márcio andou lentamente até a cama de Gizelly, observando seu rosto suave marcado por alguns cortes, Gizelly se parecia muito com a mãe, principalmente o queixo. Marcio alisou os cabelos da garota se permitido chorar silenciosamente.
-Me desculpe, Marcia. – As palavras saiam baixinho. – Eu fui incapaz de cuidar da sua filha como você cuidava.
{...}
Me ligue quando tudo isso acabar, porque estou morrendo por dentro, eu faço isso, pois me sinto só, eu tento, eu juro que eu tento, mas eu me sinto só. Mãe me desculpe, mas eu não estou mais sóbria, pai me perdoe por toda essa bagunça no chão e Gus, nós dois já passamos por tantas coisas juntos, por isso eu peço, apenas me abrace. Gizelly já havia perdido as contas de quantas carreiras ela e Chumbo haviam cheirado, seu cérebro já não absorvia mais nada, a única coisa que ela conseguia pensar era no olhar de decepção que Rafaella lhe deu quando elas se olharam pela última vez.
-Coloca mais uma. – Pediu jogando a cabeça pra trás.
-Preciso buscar mais. – Lucas se levantou pegando a carteira. – Me espera aqui?
-Não demora. – Foi a única coisa que ela conseguiu responder.
Gizelly encarou o teto, encarou as mãos, ela não queria se sentir tão vazia, não queria sentir aquele sentimento de ter magoado Rafaella, pensou nos pais, no sorriso frouxo do irmão, era impossível não sentir uma dor profunda, era tão forte que ela deseja fechar os olhos e nunca mais precisar abri-los.
Se levantou ainda desnorteada, pegou as chaves, capacete e saiu, precisava de uma solução, só não sabia como. Deixou a casa de Chumbo e acelerou e saiu sem rumo, sem direção.
As ruas eram pequenas, Gizelly fingia que não ouvia as buzinas, não enxergava um palmo em sua frente, pois seu rosto estava banhado em lágrimas. A velocidade ia aumentando e sua vontade de acabar com tudo também. Quando entrou na avenida acelerou mais, viu o semáforo indicando luz amarela, ignorou correndo ainda mais, se deu conta do que ia acontecer quando um caminhão da coleta entrou em sua frente clareado tudo. Gizelly apertou os freios quando seu pensamento voou até o dia em que sentiu seu filho chutar pela primeira vez. Ela derrapou na pista rolando para o acostamento enquanto a moto era esmagada pelo caminhão, depois disso não se lembrava de nada.
{...}
"Sei que estou agindo feito louca
Estou presa, me sentindo chapada
Com a mão no coração, estou rezando
Para sobreviver a isso tudo
A cama está ficando fria e você não está aqui
O futuro que temos é tão incerto
Mas eu não vivo enquanto você não me ligar
E vou apostar, contra tudo, que dará certo."
Gizelly tentava puxar o ar, mas a dor era dilacerante, tentou mais uma vez, fazendo um gemido sair de seus lábios. Marcio acordou assustado se aproximando da cama da sobrinha.
-Consegue me ouvir, Gi? – Márcio passou a mão nos cabelos de Gizelly. – Porque você fez isso, meu bem?
-E.. eu queria acabar com tudo. – Gizelly falava com dificuldade, não havia um lugar que não estava doendo. – Eu não mereço viver.
-Gizelly, até quando você vai agir de forma tão irresponsável? – O homem passou a mão nos cabelos. – Você não pensou em como Rafaella ficou?
-Ela vai ficar melhor sem mim. – O nó se fechou na garganta. – Eu a perdi, eu sempre perco.
-Você nunca parou pra pensar que não foi só você quem perdeu? Poxa vida! – Márcio se sentia culpado em partes, mas precisava desabafar. – Eu perdi minha única irmã, perdi meu cunhado que era o meu melhor amigo, perdi o seu irmão, meu sobrinho que eu amava tanto. Não foi só você que sofreu, não foi só você que desejou que tudo isso fosse um pesadelo. Eu não quero perder você também, eu não tenho mais forças pra isso.
Os dois choravam, era um choro compulsivo, um choro de tristeza. Marcio nunca havia demonstrado suas fraquezas, ele queria ser forte pela sobrinha, mas ninguém é forte o tempo todo.
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Te amo tio Márcio!
🥺🥺
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Happier than ever| Girafa G!P
Fanfiction"You call me again, drunk in your Benz Driving home under the influence You scared me to death, but I'm wasting my breath 'Cause you only listen to your fucking friends" O que é a tristeza? A tristeza é um dos seis sentimentos fundamentais que todo...