Eu quero ficar sozinha

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POV GIZELLY

Acordei com a respiração ofegante, novamente tive um pesadelo com o meu irmão, o sentimento de angústia me dominava e sempre acordava com vontade enorme de chorar, olhei pro lado e Rafaella dormia tranquila me abraçando pela cintura. Ela se remexeu me dando brecha pra sair da cama, fui até o banheiro e lavei o rosto, encarei meu reflexo no espelho respirando fundo, meu peito ainda estava acelerado e eu só queria algo pra me acalmar. Sai do banheiro e Rafaella ainda dormia encolhida nas minhas cobertas, vesti uma bermuda e fui pra varanda do quarto, a noite já havia caído e estava um clima fresco. Minha mente não parava, era sempre assim, parece que aquele dia nunca será esquecido.

Flash back on:

Eu havia acabado de sair da ginástica, e caminhava em direção ao vestiário, essa era a parte que eu mais odiava, pois era onde meu inferno particular começava. Eu sempre esperava esvaziar pra depois tomar meu banho, e com isso sempre me atrasava pra próxima aula. Me sentei no banco e esperei todos sairem, para que eu pudesse entrar no banheiro, o que eu não esperava era que, meu primo Talles ia armar pra mim, depois que todos saíram ele e os amigos idiotas dele me encurralaram no banheiro. Tudo aconteceu muito rápido, quando dei por mim estava jogada no chão enquanto eles me batiam.

-Oh seus covardes, eu vou chamar o diretor. – Ouvi uma voz no fundo e os socos cessaram. – Deixem ela em paz seus idiotas.

Talles mostrou o dedo pro Paulo e saíram do vestiário, ele me ajudou a levantar e eu percebi que meu nariz sangrava.

-Valeu. – Agradeci com a cabeça baixa.

-Covardes, esse seu primo é um idiota. – Ele foi até a pia e pegou um papel pra mim. – Você tem que contar pro diretor.

-Não adianta. – Dei os ombros e o Paulo balançou a cabeça. –Vou pedir ao meu pai pra me mudar de escola, ou estudar em casa.

-Senhorita Bicalho, o Raul quer ver você na sala dele. – O zelador veio me chamar com uma cara de espanto.

-Só faltava essa, aposto que o Talles inventou alguma mentira. – Me levantei suspirando e agradeci o Paulo novamente.

Segui o zelador já esperando por uma suspensão, o Talles era o queridinho da escola, por isso ele fazia essas coisas comigo, ele nunca era punido. Bati na porta e Raul liberou minha entrada, dei de cara com meu tio e estranhei o fato dele estar ali.

-Oi Gi. – Ele se aproximou e passou a mão nos meu cabelos. – O que houve com seu nariz?

-Eu me machuquei na ginástica. – Não ia entregar meu primo, eu sempre gostei do meu tio Márcio. – O que faz aqui?

-Senhorita Bicalho, acho melhor você se sentar. – O Raul trouxe um copo com água e me entregou.

-Gi... – Meu tio puxou o ar pra dentro dos pulmões e se agachou de frente a mim. – Não tem um jeito fácil te dizer isso, aconteceu uma tragédia...

-Fala logo, tio. – Pedi impaciente, será que eu seria expulsa do colégio?

-O seus pais e o Gus, foram fazer uma inspeção de rotina em uma das nossas obras em Minas. – Meu tio tinha uma voz embargada. – E o helicóptero que eles voavam, deu uma pane no sistema.

-Mas eles não estavam lá, né tio? – Eu não queria acreditar nas palavras seguintes. – Fala que eles estão bem!

-Eu sinto muito. – Ele não conseguiu terminar a frase e pude ver uma lágrima cair do olho dele. – Eu não queria ter que te dar essa notícia.

Happier than ever| Girafa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora