Não podemos

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POV RAFA

As lágrimas teimosas desciam pelo meu rosto sem que eu tivesse controle sobre elas. Desde a nossa conversa, Gizelly e eu não nos falamos mais. Eu precisava absorver tudo isso, depois de quase um ano, eu descubro que ela quase tirou a própria vida e que o culpado nisso tudo era o primo babaca dela. A culpa estava me consumindo, eu devia ter ouvido o que ela tinha pra me dizer, mas eu preferi dar voz para a mágoa no meu coração.

Sai do meu estado apático ao ouvir Theo chorando no andar de cima. Olhei no relógio e vi que já estava tarde e nada do Marcio passar aqui pra pegar o Theo, hoje ele iria pra casa de Gizelly. O tempo fechado indicava chuva nas próximas horas e enquanto trocava a roupa do meu filho, decidi ligar para o Marcio, mas foi sem sucesso.

-A mamãe vai ter que ir até lá. – Suspirei e o Theo parecia entender.

Vesti uma roupa mais adequada, prendi os cabelos e desci com as coisas do Theo. Durante o caminho a chuva ameaçava cair, mas ainda estava tranquilo pra dirigir. A cada quilômetro que aproximávamos eu ficava mais nervosa, depois que soube a verdade, meus sentimentos andam confusos demais. Entrei com o carro no condomínio e em poucos minutos tocava a campainha de Gizelly.

-Oie. – Falei assim que ela abriu. – Seu tio não me atendeu.

-Estava tentando falar com ele agora. – Ela respondeu surpresa ao me ver ali. – Oi filho, entra Rafaella.

Passei pela porta e logo ela me ajudou com as coisas do Theo. Foi só eu entrar e a chuva caiu com gosto.

-Nossa, que chuvão. – Falei olhando pela janela.

-Só esperou você chegar. – Ela brincava com o Theo. – A jantinha dele está pronta, estava indo fazer o meu jantar, você espera a chuva passar e janta com gente.

Assenti com a cabeça e me acomodei na bancada ao lado do bebê conforto do nosso filho. Gizelly me entregou o pratinho do Theo e os olhinhos dele até brilharam. Ele comia sem cerimônia, com a minha comida ele até fazia cara de nojo.

-Eu não entendo. – Falei fazendo ela se virar. – Ele odeia minha comida, eu bato os mesmo legumes, faço o mesmo que você.

-Ele gosta de legumes amassados e não batidos. – Ela respondeu com a maior calma. – Te passo a receita.

-Ele é um safadinho. – Continuei colocando comida em sua boca.

O clima entre nós não era dos piores, por sorte estávamos bem. Gizelly tinha os cabelos presos no alto da cabeça e mexia as panelas com maestria. Terminei a papinha do Theo e limpei sua boquinha. Vez ou outra Gi se virava pra brincar com ele e isso me arrancava sorrisos. Ela terminou o preparo do jantar e me serviu com o macarrão que ela fazia e o negócio estava divinamente perfeito. Comemos conversando sobre a chuva que não parava de cair, estava forte e o barulho dos trovões me assustava às vezes.

-Ele tá cochilando já. – Depois de muito brincar, Theo já demonstrava cansaço. – Vou levar ele pra cama, tá?

-Eu acho que já vou. – Olhei lá pra fora e a chuva não dava trégua.

-Claro que não, Rafa. – Ela me chamou pelo meu apelido depois de muito tempo. – Olha como a chuva tá forte, espera um pouco. Eu não demoro, ele já está dormindo.

Dei um beijo no meu filho e Gizelly subiu com ele. Aproveitei pra arrumar a bagunça da cozinha, lavei tudo e esperei ela descer.

-Desculpa a demora, fui tomar um banho rapidinho. – Ela vestia um top e uma calça de moletom e segurava a babá eletrônica. – Poxa a chuva não para.

-Pois é. – Meus olhos me traíram e pararam em seu abdômen chapado.

-Quer beber alguma coisa? Não tenho nada alcoólico, mas tenho suco ou chá.

Happier than ever| Girafa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora