Na manhã seguinte eu arrumava as minhas malas. A cada peça de roupa que eu colocava dentro da mala eu relembrava de como foi a minha ida para fora de Alexandria, me lembrei de como eu estava com medo e só queria um lugar seguro para mim.
Mas minha atenção foi levada até a porta que se abria lentamente.
- Ah... você ainda está aqui. - Carl parecia decepcionado quando me viu, e eu o entendia.
Naquele momento me deu um vontade de implorar para ele me deixar ficar, e esquecermos todos as nossas discussões.
- Eu vou embora daqui a pouco. Só estou pegando as minhas coisas.
Ele não disse nada, apenas foi até a sua cabeceira e pegou alguma coisa que eu não pude enxergar.
- Já sabe pra onde vai? - a voz dele era calma, e cheia de arrependimento.
- Ainda não. Mas acho que vou para a casa da Carol.
- Entendi.
Então o silencio reinou novamente. Apenas observei Carl se levantar, e ir até a porta. Mas algo dentro de mim que deveria ficar calada, quis saber e saiu.
- Você me amou? - perguntei me virando para ele, o paralisando em frente a porta.
Ele se calou, não disse uma palavra se quer. Uma imensa vontade de chorar invadiu todo o meu corpo, eu era realmente tola de ter perguntado aquilo. Claro que ele não me amava, ele me expulsou da nossa própria casa.
- Ainda amo... - sua voz saiu firme, mas com uma certa insegurança de dizer aquilo em alto e bom som. - por isso que é tão difícil... te ver partir.
- Como viemos parar aqui? Como... como que deixamos de ser aqueles loucos apaixonados que escreviam bilhetes um para o outro? - senti as lágrimas se formarem em meus olhos. Elas queimavam como fogo, igual o fogo que a muito tempo atrás, incendiou o meu amor por Carl.
- Somos tolos. - ele disse se voltando para a cama, mas dessa vez, não a encostou, apenas ficou distante, e me observava. - tolos por não termos noção do que seria isso, não acha? - sua voz falhou, mostrando que também lamentava muito.
- Sinto muito. - abaixei a minha cabeça, tentando esconder o meu rosto.
- Eu também sinto. - ele deu um passo a frente, me fazendo estranhar. - foi culpa minha, fazer você pensar que iria te obrigar a ter aquele filho.
Naquele momento eu pensei se eu tivesse confiado em Carl, e ficado em Alexandria, o nosso casamento estaria salvo? Ou estaríamos aqui brigando também? Eram tantas duvidas que minha cabeça parecia que ia explodir. Eu devia confiar mais nele, e ele deveria confiar mais em mim. Somos dois trapaceiros querendo engar um ao outro, claro que isso não daria certo.
- Será que... a gente poderia tentar?
Ele me olhou com pesar. Eu sabia a resposta, era um não.
Por que eu havia feito tal pergunta? Não sei. Acho que queria ter ele de volta, mas para que? Sabendo que vamos brigar novamente e recomeçar o ciclo do nosso relacionamento, a onde, a cada discussão, nós dois saímos mais feridos e desalmados.
- Me desculpa... eu... eu não devia ter feito essa pergunta. - peguei a minha mala que estava pronta. Coloquei ela em meus ombros e estufei o peito, como se estivesse me preparando para a maior batalha da minha vida, sair daquela casa e deixar a pessoa que eu mais amo no mundo, para trás. - adeus Carl.
Pude escutar o seu coração bater, apenas com o silencio do quarto. Sabia que iria vê-lo novamente, mas não seria do mesmo modo, pois eu saberia que quando o sol se posse, eu não voltaria para aquela casa, e para aquele homem que eu tanto amava. Eu iria para outra casa, tomaria um banho, abriria uma lata de feijão e leria um livro de romance até eu subir as escadas, e chorar em minha cama até o sol nascer de novo, e isso iria se repetir de novo, e de novo, e de novo... Era a melhor opção, mas não era a mais fácil.
- Adeus Sn.
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Oi gente!
Aqui está a continuação de vocês :)
Espero que ninguém chore, por favor, se não eu me sinto culpada por fazer vocês chorarem.
E se algum erro for encontrado ignorem completamente, fiz esse capítulo correndo enquanto terminava um trabalho da escola.
Beijos, amo vocês <3