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N/I

Eu ia me fazer de sonsa, mas mudei de ideia. Alterei o nome da irmã do San, que passa de "Byeol" para "Haseul".

Nesse capítulo, tem alguns trechos entre parênteses os quais eu inspirei em artigos reais de um site de fofoca específico. Dou crédito a eles, apesar de tudo. Eu fiz isso porque queria que parecesse o mais fiel possível com que podemos encontrar nessas colunas.

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Capítulo 15: Uma vibração no interior que não é condizente com um rebelde.

A biblioteca era silenciosa demais para o gosto de San, mas ele gostava de ficar sozinho. Após sua manhã caótica disputando uma lasca de creme dental pro-sensitive cara perdida no armário do banheiro com Mingi, achava que era justo se dar um pouco de paz.

Tinha um objetivo em mente. Aproveitou-se do pouco movimento devido ao horário — San acreditava que apenas ele e as galinhas estavam acordadas, embora vivesse em uma metrópole, as pessoas ao seu redor só haviam saído da cama corporalmente. Foi difícil, mas com persistência encontrou no acervo isolado de livros voltados ao curso de Ciências Sociais o que buscava.

Passou a manhã toda lendo escondido, em uma mesa de estudos isolada. Ele devorou páginas por páginas, sentindo-se preencher por compreensão, desestruturando gradativamente os seus antigos achismos para dar lugar finalmente para a verdade libertadora.

— Hum... "(In)visibilidade Vigilante: Representações midiáticas da maior parada LGBT do mundo" — alguém leu a capa do livro de San que se espantou e a abaixou imediatamente, como se tivesse sido pego cometendo um crime. — Ei, calma! Eu juro para você que não estamos em uma ditadura e muito menos sou um policial. Desse jeito você me ofende.

A memória de San falhou e deixou a desejar no primeiro instante, contudo, vislumbrando com mais atenção atestou que aquele era o rapaz que ocasionou tanto encantamento em Mingi que o fez pesquisar loucamente acerca de patinação artística.

— Você está procurando por esse livro? — perguntou com cautela, tenso e temendo ser repreendido.

Por sua vez, Hongjoong deu risada e tomou liberdade para ocupar o espaço vago ao lado de San — que já sabia ser o amigo mais próximo de Mingi.

— Steve Butterman é muito bom quando se trata de pautas LGBT, apesar de que pode chocar se for o seu primeiro contato. Se você quer algo menos sério e político, deveria dar uma chance para "O Mal Exemplo de Cameron Post" da Emily M. Danforth — indicou e segurou o livro de San, passando algumas páginas. — "Giovanni's Room" do James Baldwin conta a clássica descoberta da sexualidade sob um ponto de vista bissexual e revela como as verdades absolutas, impostas pela sociedade, acabam por nos limitar. "O Retrato de Dorian Gray" tem uma pegada mais vitoriana, é de uma época que fomos perseguidos, mas mostra que sempre existimos. Não é uma "moda" de agora. "Maurice" do Forster é uma publicação póstuma e foi ignorada, escancarando o preconceito e retrata um personagem preso em moldes conservadores, apesar de ser uma história bastante otimista.

Embasbacado, San tentou anotar tudo mentalmente. Ele não era o maior fã de livros, sinceramente se sentia preguiçoso apenas ao farejar cheiro de páginas impressas por editoras que não apresentavam nenhum desenho em quadrinho colorido ou instigante, porém, concluiu que se queria aprofundar seus conhecimentos e entender sobre um pouco de sua identidade, desmistificar e arrancar as raízes do preconceito instalado por sua criação e cultura, era necessário que se aventurasse em algumas obras e encontrasse inspiração nelas.

San não queria viver com medo, ele queria dar tempo ao tempo até o dia em que se sentisse orgulhoso e autônomo, uma vez que aprendizagem quer dizer liberdade e sair da sombra.

GOOD BOY GONE BAD | WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora