Capítulo 16: Vamos ser únicos, vamos ser apenas nós mesmos e honestos com nós mesmos. E você sabe: 'O que queremos fazer a seguir?'
Mingi assistiu as duas garotas se afastarem rumo à estação de trem após insistirem para que ele viesse com elas para casa, onde teria um lugar confortável e seguro para dormir. Honestamente, ele reconheceu que estava farto demais para angariar ânimo para interagir e se convencer de que estava onde queria estar.
Ele andou pelo parque para esfriar a cabeça. A bebida ainda estava circulando em seu organismo e seus pensamentos seguiam confusos, desordenados, seu senso crítico estava levemente comprometido. Sentou-se em um banco em frente ao rio calmo e silencioso, observando as águas escuras refletirem o brilho crepuscular da lua e então, socou a madeira do assento. O golpe que desferiu sobre as divisas escuras fez com que seus dedos latejassem, protestassem avidamente, no entanto, não se comparavam a dor latente em seu peito.
Havia brigado com San. O seu melhor amigo; a pessoa que mais amava no mundo depois de seu irmão gêmeo, que estava junto consigo desde sua trajetória. Passou dos limites e constatou com rapidez que foi estúpido como jamais tinha sido em toda a sua vida. Ele quis chorar, mas não conseguiu e o embargo ficou preso na garganta, o enjoo vinha e ia sem permiti-lo vomitar para se aliviar.
Detestava a si mesmo por ser tão desprezível. Estava se enganando há semanas dizendo que tudo estava sob controle, que não estava arrasado e abatido graças a uma síndrome de abandono que o acompanhava desde que se entendia por gente. Aquele incômodo lhe tornava pequeno e frágil; aquela dor criava questões dentro de sua cabeça que ele não conseguia responder, apenas o impulsionava a achar que a vida não tinha muito sentido.
Mingi estava assustado. Ele golpeou mais o banco do parque até que se sentisse satisfeito e o sangue coagulou-se em seus punhos doloridos. Devido às escoriações, suas mãos começaram a sangrar e ele gritou de raiva, estapeando o próprio rosto.
— Você é um bosta, Song Mingi. Um bosta! — encarou seu reflexo sobre a água e praguejou, tão insatisfeito quanto angustiado.
Caiu derrotado na grama e bagunçou os cabelos, logo encolheu os joelhos e escondeu o rosto entre eles, com a respiração ofegante e o coração pulsando rápido. Seu sangue começou a circular mais rápido e quente e então Mingi sufocou, engasgando com o ar e no minuto seguinte, sendo afogado pela laceração que causou suas lágrimas. Ele xingou e bateu na terra, arrancou a grama usando as unhas e se perguntou o porquê diversas vezes, porque sua vida estava tão fora dos trilhos, porque ele era alguém tão fora do controle.
Seu surto tornou-se mais intenso como poucas vezes fora na vida. Mingi chorou mais descontroladamente, mais alto, mais desesperado. Até que, seu celular começou a vibrar no bolso da calça.
Iria ignorar, contudo, teve esperanças de que San queria falar com ele, então o resgatou do bolso e encarou a tela acesa sem conseguir ler por causa do embaraço causado pelo acúmulo de água em seus olhos vermelhos. Meio trêmulo, atendeu com algo dentro de si indicando que aquela era a atitude mais certeira.
Sua respiração pesada foi o único sinal de sua parte para a outra pessoa do outro lado da linha, que aguardou e enfim se cansou de esperar, falando primeiro ela mesma:
— Hum... Song Mingi-ssi, desculpe ligar tão tarde. Ah, bem... — parou para checar algo, logo retomando. — São duas da manhã e tal, mas... é que... Você sabe que eu sou... meio delirante e tal, e eu... passei da conta e tomei vinho um pouco a mais do que estou acostumado e... Eu... — tropeçou nas palavras, lento. — Eu não consigo dormir e... eu quis ligar pra você.
O coração de Mingi sofreu com um solavanco. Do outro lado da linha, aquela voz rouca e abafada estava sussurrando enquanto embriagada que desejou falar consigo no meio da madrugada. Aquele timbre melodioso e envolvente, arrastado e vacilante... Mingi ofegou e arregalou os olhos, sendo distraído de seu colapso deprimente.
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GOOD BOY GONE BAD | WOOSAN
FanficWooyoung, herdeiro da maior fabricante automotiva do país, vive uma vida perfeita imposta por sua família. Porém, ao descobrir as camadas sombrias da sociedade, ele conhece San, um sobrevivente de uma família destruída. Com mundos opostos, eles se u...